A Bertin S.A. fechou 2008 com um prejuízo de R$ 681,8 milhões, após lucro de R$ 242,3 milhões no ano anterior. De acordo com o diretor-executivo da divisão de lácteos da Bertin, Fernando Falco, o prejuízo foi provocado pela desvalorização do real ante o dólar, que afetou o endividamento de longo prazo e as despesas financeiras da companhia. Apesar das perdas, o resultado operacional da companhia em 2008 é considerado positivo dado o quadro de dificuldades na economia mundial, disse Evandro Miessi, diretor-executivo da divisão de carnes da Bertin S.A.
A Bertin S.A. fechou 2008 com um prejuízo de R$ 681,8 milhões, após lucro de R$ 242,3 milhões no ano anterior. De acordo com o diretor-executivo da divisão de lácteos da Bertin, Fernando Falco, o prejuízo foi provocado pela desvalorização do real ante o dólar, que afetou o endividamento de longo prazo e as despesas financeiras da companhia. Bertin e Vigor têm bônus da dívida de US$ 350 milhões e US$ 100 milhões, respectivamente, com vencimentos em 2016 e 2017.
Em 2008, a receita bruta da Bertin foi de R$ 7,544 bilhões, 27% superior à de 2007 (considerando os resultados da Vigor consolidados, pro-forma, em 2007). O EBITDA (lucro antes dos impostos, amortizações, depreciações e resultados financeiros) foi de R$ 694,7 milhões, acima dos R$ 686,6 milhões de 2007. A margem EBITDA, porém, caiu de 13,2% em 2007 para 10,5% no ano passado, reflexo do custo maior dos bovinos.
Apesar das perdas, o resultado operacional da companhia em 2008 é considerado positivo dado o quadro de dificuldades na economia mundial, disse Evandro Miessi, diretor-executivo da divisão de carnes da Bertin S.A.
Para chegar a esse resultado, a Bertin mudou a sua estratégia de vendas da divisão carnes e ampliou a fatia destinada ao mercado interno. Em 2007, as vendas externas de carnes respondiam por 65% do faturamento; no ano passado, corresponderam a 50%, segundo Miessi. As vendas totais da divisão alcançaram R$ 4,516 bilhões em 2008, acima dos R$ 3,011 bilhões do ano anterior. Lácteos responderam por 14% da receita líquida, couros, 11% e outros produtos, o restante.
De acordo com Miessi, a empresa conseguiu ampliar as vendas porque buscou novos mercados para a carne – como China, Hong Kong, norte da África e Angola – para compensar as reduções nas vendas para a Europa, que impôs restrições à carne in natura do Brasil. A empresa também ampliou as exportações de produtos industrializados.
Com essa estratégia, o último trimestre de 2008 foi o melhor para a companhia – a receita operacional líquida foi recorde, de R$ 1,8 bilhão. Segundo Miessi, nem as dificuldades no mercado russo afetaram a Bertin. “Como tínhamos informações de nossos parceiros na Rússia sobre a situação de crédito, reduzimos as vendas para aquele mercado entre outubro e dezembro”, afirmou.
Segundo Miessi, a exposição da empresa ao dólar no último ano era equivalente a dois meses de exportação. “Com a oscilação maior do dólar, passamos a operar num horizonte mais curto”, disse.
Tanto Miessi quanto Falco negaram recentes rumores de que a empresa estaria atrasando pagamentos a fornecedores, que surgiram depois que o Independência pediu recuperação judicial. Segundo Miessi, a entrada da última parcela – de R$ 700 milhões – do aporte do BNDESPAR e de R$ 200 milhões em recursos próprios do acionista controlador dão fôlego ao caixa da companhia.
A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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O prejuízo foi muito grande, conforme esperado, mas significativamente menor do que chegou a ser especulado, e a situação financeira parece sob controle.
Esperamos que o pior tenha passado, grandes grupos como Bertin, JBS Friboi, Marfrig e Minerva são fundamentais para arrancar nosso setor deste pântano de problemas e más notícias em que se debate desde o último trimestre de 2007…