Pouco mais de três anos depois de ser reconhecida como área livre de febre aftosa com vacinação, a Bahia vai, enfim, começar a exportar carne bovina. A entrada do Grupo Bertin, um dos maiores exportadores de carne no Brasil, deverá viabilizar as vendas externas do Estado a partir do ano que vem. Os primeiros contatos incluem os mercados dos Estados Unidos e da União Européia. O trabalho ainda está nos primeiros passos, salienta a empresa em comunicado, mas o foco é o mercado externo.
Em 15 de outubro, o Bertin assumiu o Frigorífico Mafrip, de Itapetinga, cidade a cerca de 500 quilômetros de Salvador, mas a operação efetiva da nova planta ocorreu apenas no dia 21 do mês passado. Comenta-se no mercado que o negócio foi fechado por cerca de R$ 7 milhões, entre assunção de dívidas e pagamento feito à Cooperativa Mista da Região do Rio Pardo (Coopardo), que controlava o Mafrip.
O processo de aprovação e certificação da planta para exportação começará no mês que vem, mas já está em andamento um programa de reformas e ampliação da fábrica, com previsão de término em janeiro de 2006. Quando as adaptações estiverem concluídas, a previsão do Bertin é a de abater mil animais por dia. Isso ampliará a capacidade do frigorífico em mais de 20%, já que o abate diário hoje é de 4,5 mil cabeças. O grupo tem, além da unidade baiana, cinco plantas nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.
A chegada do grupo à Bahia e a conseqüente abertura do mercado externo tem sido comemorada pelos pecuaristas locais. “Na Bahia, os frigoríficos são todos ligados a cooperativas, mas na mão do coletivo o negócio não estava andando. A notícia [da entrada do Bertin] foi recebida com muita alegria”, disse Almir Mendes, da Associação Baiana de Criadores (Abac). A compra do Frigorífico Mafrip, afirmou Mendes, coincidiu com a sobretaxa imposta pelo governo para a entrada de carnes de outros estados na Bahia e com o período de chuvas. Foi uma soma de boas novas, em sua opinião.
O preço do gado baiano recuperou-se desde o fechamento do negócio, segundo Mendes e o presidente da Abac, Jaime Fernandes. “Em alguns casos, o preço pago pela arroba na região de Itapetinga era até R$ 10 mais baixo que o do Sul do país. Isso era um escândalo”, avalia Mendes.
Hoje, diz ele, ainda há diferença, mas diminuiu para R$ 3 a R$ 5. “Estávamos amargando preços muito inferiores e tendo até dificuldades para pagar as contas.” Segundo ele, entre R$ 4 e R$ 5 do custo por arroba do animal devia-se à necessidade de transportar o gado de Itapetinga para Salvador para poder ser abatido em condições mais favoráveis de comercialização.
Fonte: Valor (por Patrick Cruz), adaptado por Equipe BeefPoint