Para continuar crescendo, apesar do mercado menos favorável, e reforçar sua marca na Europa, o frigorífico Bertin inaugura em julho seu primeiro escritório de vendas naquele continente. Com a representação, cuja sede será em Milão, na Itália, o Bertin pretende ampliar as vendas no mercado europeu, que responderam por 40% das receitas do frigorífico com as exportações em 2001. No total, as vendas externas do frigorífico somaram US$ 246 milhões, segundo o gerente de exportação Marco Bicchieri.
A escolha da Itália tem dois motivos: além de ser um importante cliente, os italianos são grandes importadores de coxão mole e coxão duro usados na tradicional bresaola, o deslocamento para outros mercados europeus é fácil a partir da Itália.
Mas o Bertin não quer apenas ampliar os volumes na região. O objetivo é aumentar as vendas feitas diretamente para o varejo local, com a marca do frigorífico. “Não queremos apenas vender carne. Queremos vender uma marca”, afirma Bicchieri.
Hoje, o frigorífico brasileiro já fornece carne diretamente para redes de varejo de Portugal, Itália e Alemanha. Segundo Bicchieri, a meta é dobrar as vendas para Portugal e Itália, que atualmente são de 50 toneladas mensais. Na Alemanha, que compra 100 toneladas por mês, o objetivo é crescer 50%.
Para as redes européias, o Bertin fornece cortes como picanha, filé, contrafilé e ponta de contrafilé. Agora também vai exportar porções embaladas para o varejo europeu. Para Portugal, vai vender picanha em porções.
A venda dessas porções, aliás, é uma das estratégias para continuar crescendo no mercado europeu mesmo com a volta da Argentina depois de 11 meses de embargo. “Devemos crescer com produtos em que a Argentina não concorre, como porcionados e carne cozida para a Europa e corned beef para Estados Unidos e Inglaterra”.
É grande também a aposta na carne cozida, destinada à indústria processadora de alimentos. Tanto que o escritório em Milão terá um engenheiro de alimentos para estudar soluções para o uso do produto pelas indústrias processadoras. A carne cozida é usada em pratos prontos, como recheio de massas e molhos.
Com a instalação do escritório na Europa, o Bertin espera atingir o varejo de outros países, de alto poder aquisitivo, como França e Suíça. O frigorífico já tem um escritório no Chile.
Apesar da queda dos preços da carne bovina no mercado internacional e da volta de Argentina e Uruguai ao mercado, a previsão é de um crescimento entre 15% e 20% na receita com as exportações este ano. “Devemos manter o ritmo de crescimento”, acredita Bicchieri. Em 2001, ano de explosão das vendas, o Bertin exportou 26% mais que em 2000.
ABIEC pede cota maior na Europa
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (ABIEC) quer a ampliação da Cota Hilton, aplicada pela União Européia (UE) à carne bovina brasileira. O pedido foi feito ontem pela ABIEC ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, que se comprometeu a encaminhar as preocupações do setor ao comissário para o comércio da Comissão Européia, Pascal Lamy.
Hoje, a cota para o Brasil é de cinco mil toneladas, enquanto para os argentinos, o volume é de 28 mil. O rebanho brasileiro é de 167 milhões de cabeças e o da Argentina, de 48 milhões. Segundo o presidente da ABIEC, Edivar Vilela de Queiroz, a indústria exportadora do Brasil é penalizada. A UE é o maior mercado em termos de valor das exportações brasileiras de carne bovina, em torno de US$ 500 milhões/ano. Ele afirmou ainda que o Brasil exporta dentro da cota GATT, que cobra tarifas para a entrada na UE, até 78% do permitido, sendo 54 mil toneladas anuais.
O Conselho de Ministros da Agricultura da UE deve aprovar na próxima quinta-feira a ampliação em 10 mil toneladas da Cota Hilton para Argentina. Se aprovada, a medida entra em vigor a partir do dia 1º de julho e a Argentina poderá exportar 38 mil toneladas de carne nos próximos 12 meses. Na mesma reunião, o Conselho deverá incluir o Paraguai entre os países aos quais a UE concede a Cota Hilton, com um volume de mil toneladas, segundo agências internacionais. A cota Hilton permite a importação de carne com uma tarifa de 20%. Entre os países que também exportam para a Europa, dentro desse regime, estão Estados Unidos e Canadá, com um total de 11 mil e 500 toneladas e Austrália, com sete mil toneladas.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Fernanda Paraguassu), Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), Correio do Povo/RS e Clic RBS/Agrol, adaptado por Equipe BeefPoint