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Biodiesel: acesso à matéria prima afeta competitividade

Em três anos, o mercado brasileiro de biodiesel começará a se consolidar graças aos investimentos de grandes empresas que possuem fornecimento integrado de matéria-prima (soja, mamona ou sebo).

Em três anos, o mercado brasileiro de biodiesel começará a se consolidar graças aos investimentos de grandes empresas que possuem fornecimento integrado de matéria-prima (soja, mamona ou sebo).

“Ainda não está muito claro quem serão os vencedores e os perdedores, mas os vencedores comprarão os perdedores. Terá mais chance de sobreviver quem tem acesso à matéria-prima”, analisou o sócio-diretor da Brasilpar, assessoria financeira em fusões e aquisições, Tom Waslander.

Tudo porque a produção do biocombustível terá que disputar matéria-prima com outros setores – indústria de alimentos, no caso do biodiesel de soja, e higiene e limpeza, no caso do sebo -, o que pode provocar problemas de abastecimento. Terão destaque grandes esmagadoras de soja, como a Archer Daniels Midland Company ADM, produtoras integradas de mamona, como o Brasil Ecodiesel e frigoríficos como o grupo Bertin.

Segundo Waslander, a capacidade instalada total dos projetos anunciados de plantas de biodiesel será de 850 milhões de litros até o fim do ano, superando os 800 milhões de litros necessários para os 2% de mistura obrigatória ao diesel a partir de 2008. “Mas uma parcela dos projetos não sairá do papel por problemas de acesso a recursos e matéria-prima. No fim do ano, a capacidade deve ser de 500 milhões de litros, ante os 120 milhões de litros atuais”, disse em reportagem de Chiara Quintão e Juan Velásquez para a Gazeta Mercantil.

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  1. Louis Pascal de Geer disse:

    Infelizmente, o artigo retrata de maneira clara os erros que estão sendo cometidos, no meu ver, no assunto do diesel. Pelo jeito, vai ficar nas mãos de poucas indústrias grandes e com base no fornecimento de matérias primas não ideais, e até com problemas técnicos, tanto na parte agrícola como industrial. Vejamos o porque disso:

    Óleo de mamona: Apesar de ser um produto milenar, e nobre demais para ser usado como combustível, tem poucos estudos recentes sobre as qualidades e restrições deste óleo; a UFSCar pesquisou características bacteriológicas para o uso como desinfectante biológico, mas outros usos possíveis, como na medicina, ficaram de fora. Tem relatos de que o óleo de mamona tem efeitos positivos sobre o crescimento e restauração óssea e pode ser usado nas fraturas, implantes etc. É um produto barato e, se é verdade, pode baratear e melhorar os tratamentos ortopédicos. O uso em motores a jato como lubrificante já é conhecido e praticado, mas deve ter um campo muito maior.

    Na parte agrícola, tem algumas problemas e, apesar de ser propagado pelo governo como solução para o NE, isso não parece ser a solução ideal pois há alternativas melhores, pelo menos no papel.

    Para o uso como biodiesel, os investimentos na indústria e lavouras são altos e o resultado final não agradará, principalmente porque a mamona produz bem na terra boa e com um regime de chuva bem acima do que ocorre no NE. E a colheita é manual, com rendimentos agrícolas na região NE baixas.

    Óleo de soja : a grande vantagem da soja é que já temos escala de produção que permita, na teoria, alcançar a meta de B2 (2% de óleos naturais misturado no diesel) antes da meta do governo que é 2008. Porém, também a soja tem alguns problemas a ser resolvidos na industrialização para biodiesel, e o principal é um teor de óleo de somente 18-22%, o que torna o produto caro.

    Na média, 1 ha de soja rende 3000 kgs/ano com 22% de óleo=660 lts.oleo/Ha/Ano. O alto teor de proteína sempre será a razão principal para usar a soja para o produção de alimentos para o consumo humano e animal.

    Óleo de girassol: é muito nobre para o uso combustível e os custos agrícolas e industriais elevados para este fim. É usado como 2º. cultura com rendimentos agrícolas baixos. É considerado um dos óleos mais saudáveis para o consumo humano.

    Óleo de sebo: tem que competir com as demais alternativas de uso, e pelo jeito depende da adição do álcool no processo.

    Óleo de Pinhão manso (Jatropha curcas): O BNDES deve contratar junto ao IAC (Instituto Agronômico de Campinas) pesquisas sobre esta cultura, que é no papel, de longe, a melhor e mais econômica fonte a ser usado para a produção do biodiesel.

    O pinhão manso é perene e depois de 2 anos produzirá, pelo jeito, por mais de 50 anos. É rústico e aparentemente vai bem nas condições climáticas do NE. Tem um alto teor de óleo, tem relatos de 50 a 52% com extração usando solventes.

    Eu não entendo por que ninguém está fazendo alguma coisa!