Biodiesel – fazer funcionar

É oportuno fazer algumas observações para ajudar a discussão sobre como fazer funcionar o projeto importantíssimo que é o Biodiesel brasileiro, que está sendo, no meu ver, seriamente ameaçado pela política de ideologias sociais e agrícolas que tem como base uma estrutura altamente deficiente e frágil. Fazer um tipo de reserva de mercado para o Biodiesel beneficiando a agricultura familiar e dos assentados pode parecer bom senso político, mas na prática só pode funcionar quando estes segmentos se associam em cooperativas capazes e quando estão recebendo apoio total das universidades e instituições da educação, pesquisa e são incluídos na extensão agrícola.

É oportuno fazer algumas observações para ajudar a discussão sobre como fazer funcionar o projeto importantíssimo que é o Biodiesel brasileiro, que está sendo, no meu ver, seriamente ameaçado pela política de ideologias sociais e agrícolas que tem como base uma estrutura altamente deficiente e frágil.

Fazer um tipo de reserva de mercado para o Biodiesel beneficiando a agricultura familiar e dos assentados pode parecer bom senso político, mas na prática só pode funcionar quando estes segmentos se associam em cooperativas capazes e quando estão recebendo apoio total das universidades e instituições da educação, pesquisa e são incluídos na extensão agrícola.

A falsa divisão entre a agricultura familiar e dos assentamentos num lado, e a agricultura patronal no outro, é a razão principal pelo malogro e atraso dos pequenos produtores e assentados quando são comparados com a performance da agricultura de escala empresarial, as bem sucedidas cooperativas e as agroindústrias integradas como, por exemplo, as do complexo sucro-alcooleiro.

Esta divisão ideológica e política teve o seu inicio na separação do antigo Ministério da Agricultura e Reforma Agrária (MARA) em dois Ministérios sendo:

• Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA)
• Ministério de Reforma e Desenvolvimento Agrário

Podemos dizer hoje que esta separação foi um erro estratégico monumental, resultando em que parece ser uma espécie de campeonato anual de distribuição da terra, onde somente o número de hectares desapropriados e a quantidade de pessoas assentadas importa. E logicamente, como conseqüência temos uma situação em que todos estão insatisfeitos e o pior é que tem plena razão para isto.

Cada governo tem metas de desapropriação e assentamento porém me parece que não existe qualquer meta de resultados nesta área.

A sociedade paga caro para praticamente nada; o argumento que a migração cidade-assentamento ia aliviar as pressões sociais é pura balela porque muitos assentados continuam a ser dependentes de programas como Fome Zero e Bolsa Família, porque carecem de vocação agrícola e simplesmente não sabem como se lidar com a terra; faltam investimentos em infra-estrutura, educação pública, saúde e assistência técnica.

Enquanto não instituirmos uma cobrança de qualidade como um tipo de ISO-20000 para a reforma agrária, a tendência de radicalização, favelização e empobrecimento dos assentados rurais devem continuar custando fábulas de dinheiro público que é jogado literalmente no ralo do buraco negro de assistencialismo sem qualquer contrapartida e cobrança em termos de resultados de qualidade.

Os problemas da agricultura familiar são “resolvidos” pelo governo com os recursos do Pronaf, mas também é só.

Faltam estudos e pratica conceitual sobre como fazer a agricultura familiar lucrativa, forte e geradora de riquezas no local e no município, e obviamente se inclui ai a agricultura dos assentados também.

Esta introdução é necessária porque os projetos e indústrias de Biodiesel visam atingir através de subsídios metas políticas e sociais, principalmente focadas na agricultura familiar sem porém considerar os eternos pontos fracos e gargalos que regem este setor até hoje.

O sucesso do Proalcool foi à exigência de formar cooperativas para instalar as lavouras e industrias e, apesar de que isto não durou muito tempo, pelo menos teve como resultado um avanço significativo no desenvolvimento do interior, principalmente no estado de São Paulo.

Obviamente, muitos erros e práticas fraudulentas foram cometidos e precisamos fazer de tudo para que isto não se repita, mas o modelo estava correto para que o álcool levantasse vôo e por isto pode servir como base para o desenvolvimento do Biodiesel.

A ligação produtor-indústria deve ser a mais estreita possível e o ideal, no meu ver, é sem dúvida o modelo cooperativista onde haverá uma verticalização da cadeia com os cooperados que são os donos tanto na parte agrícola como na parte industrial; a única ressalva é que a gestão tem que ser profissionalizada.

Nesta situação o jeito é produzir o Biodiesel já na cooperativa e não depender de outras indústrias e/ou refinadores, porque cada vez que a produção agrícola é divorciada dos demais elos da cadeia e do produto final, têm mais intermediários mordendo o bolo. Conseqüentemente, vai ter bem menos rendimento para o produtor agrícola e é justamente isso que sempre foi, e ainda é, o principal problema e gargalo da agricultura familiar e de pequena escala.

Como muitas vezes acontece quando um problema é detectado, a solução forma a base para oportunidades que até então eram consideradas sonhos.

O que acontecerá quando tivermos verdadeiros geradores de riquezas no município, como vizinho; com certeza vai haver valorização do patrimônio humano e material, mais recursos para a comunidade e um aumento significativo do padrão da vida.

Este é o sonho que merece receber investimentos para a sua realização e assim formar a base para a produção eficiente e lucrativa do Biodiesel no país.

0 Comments

  1. Jorge Leon Perez disse:

    Es un tema oportuno y de todo impacto, quien compite es el sistema agricola y con mucho enfaxis familiar y se debe evaluar a profundidad estos 40 anos del brasil, creo que en el momento de furor de bios y alcoholes se pueden cometer los errores fatales, el competitivo debe ser el campo.

    Jorge Leon Perez
    Universidad Nacional de Colombia

  2. Agamenon Leite Coutinho disse:

    Concordo em gênero e grau com o autor.Um cooperativismo sério, organizado com os cooperados conscientes do seu papel na cooperativa com uma gestão profissionalizada será sem dúvida fator de sucesso.

    Não acredito que o programa de biodisel, se não apresentar um forte componente, voltado para o Associativismo e em especial o Cooperativismo. O governo deve entrar, sem dúvida, com políticas publicas, de apoio e fortalecimento a essas Entidades Associativas, com assistência técnica, financiamentos adequados, pesquisas etc.

  3. Carlos Antonio Cardoso disse:

    Faço parte do quadro de funcionários da Coperpassos – Cooperativa Regional dos Suinocultores em Passos e desde o início do mês de abril/2008 estamos produzindo Biodiesel usando sebo bovino, banha suina, produtos estes que são aproveitados durante o abate dos animais no frigorifico da Coperpassos e também estamos utilizando o óleo de cozinha usado, estamos fazendo uma campanha de conscientização em todas as escolas da rede pública e particulares de Passos/MG e região com o intuito de não deixar este óleo ir parar na natureza poluindo corregos e rios e sim transformando-o em biocombustivel.

    Estamos trocando o óleo usado por carnes suina industrializada pela propria Coperpassos, campanha esta onde todos saem ganhando: os alunos, pois as carnes (bacon, presunto, calabresa, etc) será usado como complemento na merenda dos alunos na escola. Ganha também a escola, pelo fato da conscientização e preservação do meio ambiente, a Coperpassos que terá matéria prima para produção do Biodiesel e também a natureza, pois assim estaremos contribuindo para a preservação do meio ambiente e dos nossos cursos d´agua.

    Por ser uma fonte renovável e biodegradável e também geradora de empregos é que achamos muito válido todo este trabalho em prol do meio ambiente.

    Acho que o caminho é realmente das cooperativas que de certa forma podem prestar um melhor serviço aos seus cooperados e a população de uma maneria geral.

    Parabéns a todas as pessoas que estão de certa forma lutando pela conscientização de toda a população na preservação do meio ambiente.

  4. Louis Pascal de Geer disse:

    Prezado Carlos Antonio Cardoso,

    Muito obrigado pela sua carta que é um exemplo de como uma cooperativa regional pode trabalhar com a produção em troca de produtos bio-energéticos e alimentícios e contribuir para uma melhora na merenda escolar e assim se empenhar para o bem estar da sociedade e meio ambiente.

    Parabéns pelo que vocês estão conseguindo fazer.

    Um abraco, Louis.

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