Os contratos futuros de boi gordos com vencimento em outubro negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) despencaram R$ 11.6%, considerando o mais alto fechamento – R$ 70,25 – ocorrido no mês de maio para R$ 62,10, mais baixo fechamento registrado até agora, dia 8 de setembro.
Considerado pico da entressafra, portando com expectativas de melhores preços, outubro iniciou o ano negociado à base de R$ 66,50. “Com as exportações quebrando recordes e o dólar se valorizando frente ao Real, criou-se uma expectativa de alta da arroba”, afirma Fabiano Tito Rosa, analista de mercado da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. Segundo Rosa, a cotação da arroba ficou “precificada” em R$ 70.
Em maio, época de plena safra, a arroba do boi avançou R$ 2 no mercado físico de São Paulo, e o dólar cotado a R$ 3,10, animou ainda mais os pecuaristas e investidores. O clima de euforia predominou: foram negociados 28.304 contratos futuros de boi gordo, recorde absoluto na BM&F.
Transações no patamar de R$ 70 se sustentaram até junho, quando o mercado virou, bambeou e desabou. De pregão em pregão os vencimentos de outubro foram perdendo força e se desvalorizando. “Outubro teve 25 dias seguidos de queda na BM&F”, relata Rodrigo Brolo, trader da corretora SLW de São Paulo, SP. Brolo diz que o aumento do número de animais confinados este ano, somado a grande oferta de vacas para o abate, tornaram o mercado ofertado, derrubando as cotações do mercado físico. “A instabilidade do mercado físico desanimou os investidores. Quem estava comprado saiu vendendo e os futuros recuaram”, explica o trader.
Para contribuir com a piora do cenário, houve a desvalorização do dólar frente ao Real e mudança de estratégia de frigoríficos que fizeram hedge na Bolsa; saindo de suas posições para adquirir matéria prima barata no mercado físico. Tito Rosa, analista da Scot avalia o ano como “decepcionante”, descartando qualquer possibilidade de que a arroba se aproxime dos “sonhados” R$ 70.