A diferença entre os preços a vista e futuro de determinada commodity é denominada “base”. Sendo definida, portanto, como preço a vista menos o preço futuro. A existência de tal diferença deve-se a uma série de fatores, como custo de frete; qualidades distintas entre a verificada no mercado físico e a especificada no contrato futuro; e também diferentes localidades geográficas, além de aspectos como guerra fiscal e problemas sanitários.
Este artigo analisará os efeitos de um problema sanitário: os focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná sobre a base do mercado de boi gordo. Com a descoberta dos focos de febre aftosa e a imposição de embargos pelos países compradores houve diferenciação entre as praças pecuárias.
As praças localizadas em Goiás e Minas Gerais se valorizaram em relação às dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, por exemplo. O embargo ocorreu nos estados em que havia foco e nos fronteiriços, que foi o caso de São Paulo. Assim, os frigoríficos exportadores que têm plantas em diversos estados usaram as plantas de Minas Gerais e Goiás para continuar exportando, portanto, houve valorização das mesmas.
No caso de Campo Grande (MS), percebe-se pelo Gráfico 1, que em outubro de 2005, a base se mantinha praticamente no mesmo patamar do ano anterior, por volta de -R$3,60/@. Com os casos de aftosa em Eldorado e o fechamento imediato das fronteiras do estado, a base caiu rapidamente para -R$10,00/@.
Tal queda teve impacto imediato para os agentes daquela região que estavam fazendo hedge na BM&F. Como exemplo será usado um pecuarista que tenha feito hedge vendendo contratos futuros de boi a R$55,00/@ para o vencimento outubro/05. Tendo consultado a base histórica de sua localidade, ele constatou que o preço de R$55,00/@ decrescido da base média de -R$3,60/@, remunerava- o de acordo com suas expectativas.
No vencimento do contrato, o pecuarista que tinha travado sua posição a R$55,00/@ receberá a diferença do preço travado e o preço de liquidação do contrato, dado pela média do indicador Esalq/BM&F dos cinco últimos dias úteis, neste caso, R$53,30/@. Ele teria recebido, então, R$1,70/@ (55,00 – 53,30) de ajustes diários acumulados. Esperando a base de -R$3,60/@ o pecuarista teria vendido seus bois a R$49,70/@ (53,30 -3,60) no mercado físico. Acrescido o ajuste obtido no futuro, o pecuarista teria retorno final de R$51,40/@ (49,70 + 1,70).
Mas, com a variação da base decorrente da aftosa, conseguiria vender seus bois somente a R$43,30/@ (53,30 -10,00) no mercado físico, tendo como receita final R$45,00/@. A variação da base causou, neste caso, desvalorização de aproximadamente 12% na arroba.
Gráfico 1. Variação de base de campo grande (2005-2006)
Com o crescimento da demanda, a arroba se valorizou, fazendo com que a base diminuísse. O Gráfico 2 mostra a valorização da base no Triângulo Mineiro, outrora a base se mantinha na média de -R$3,00/@. Ou seja, comparada com São Paulo a arroba no Triângulo Mineiro era, em média, R$3,00 mais barata.
Após os embargos, a base da região foi para R$1,49/@, mostrando valorização ascendente da arroba do boi. O pecuarista mineiro, que havia travado seu preço de venda na BM&F, acabou recebendo na liquidação financeira de sua operação, além dos ajustes recebidos no mercado futuro, também R$4,49/@ (3,00 + 1,49) decorrentes da variação positiva da base.
Como exemplo, tem-se um pecuarista que vendeu contratos de boi a R$55,00/@ para o vencimento dezembro/05. Considerando a base histórica, de -R$3,00/@, está protegendo seu boi a R$52,00 (55,00 – 3,00), como esse preço cobria seu custo de produção vendeu alguns contratos na BM&F. O contrato em seu vencimento teve o preço de encerramento de R$51,90/@.
Em ajustes, o pecuarista recebeu R$3,10/@ (55,00 – 51,90). Se a base se mantivesse constante, teria vendido seu boi no físico a R$52,00/@ (51,90 +3,10 – 3,00). Com a variação de base decorrente dos embargos, o pecuarista se beneficiaria: teria travado o preço a R$55,00/@, receberia os R$3,10/@ de ajustes diários acumulados e teria vendido a um preço melhor seus bois no mercado físico, já que a base passou de -R$3,00 reais para R$1,49, ou seja venderia seus bois a R$56,49/@ (51,90 + 3,10 + 1,49).
Em decorrência da variação da base, o pecuarista teve valorização de 8% no valor final conseguido pela arroba.
Gráfico 2. Variação de base do triângulo mineiro (2005-2006)
A diferença entre os preços a vista e futuro de determinada commodity é denominada “base”. Sendo definida, portanto, como preço a vista menos o preço futuro. A existência de tal diferença deve-se a uma série de fatores, como custo de frete; qualidades distintas entre a verificada no mercado físico e a especificada no contrato futuro; e também diferentes localidades geográficas, além de aspectos como guerra fiscal e problemas sanitários.
Fonte: BM&F