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Boi de Roça: sistema de integração lavoura-pecuária para pequenos e médios produtores

A Cooperativa Biobrasil foi criada como suporte para pequenos e médios produtores que buscam maior rentabilidade em suas atividades. O Boi de Roça propõe a implantação de pastagem consorciada com milho em 20% da área no primeiro ano. No segundo ano, mais 20% da área seriam convertidos em pastagem, também consorciada com milho.

A Cooperativa Biobrasil foi formada em março de 2011 em Goiânia-GO através da união de produtores membros do Cadastro de Compromisso Socioambiental (CCS) desenvolvido pela Aliança da Terra.

O CCS é um sistema de obtenção de dados e gerenciamento de informações socioambientais de propriedades rurais que buscam desenvolver e implantar uma gestão sustentável em suas propriedades.

A partir desse grupo de produtores, a Biobrasil foi criada como suporte para pequenos e médios produtores que buscam maior rentabilidade em suas atividades, ajudando-os a investir em melhorias socioambientais, porque “o produtor que está no vermelho dificilmente vai cuidar do verde”, explica Wilson Mancebo, Presidente da Biobrasil.

A maneira escolhida pela Biobrasil para dar condições aos produtores melhorarem sua rentabilidade foi funcionar como uma “sala de negócios”, unindo os produtores para melhorar sua negociação de compra ou busca de financiamentos, permitindo melhores resultados de suas atividades como um todo.

Como proposta para melhorar a rentabilidade dos produtores membros, a Biobrasil sugere um método de produção denominado “Boi de Roça”.

O sistema consiste em agregar a pecuária na agricultura convencional, de forma diferente do conceito da integração lavoura-pecuária. Lembrando que o foco da cooperativa são pequenos e médios produtores.

Nestes casos, ao invés da monocultura (como soja por exemplo), o Boi de Roça propõe a implantação de pastagem consorciada com milho em 20% da área no primeiro ano. No segundo ano, mais 20% da área seriam convertidos em pastagem, também consorciada com milho.

Nos anos seguintes, novas áreas de lavoura seriam reformadas com o plantio de milho+pastagem e a área de pastagem do ano anterior seria utilizada para terminação de animais.

Assim, a propriedade ficaria dividida em 60% com lavoura, 20% de pastagem+milho e 20% de pastagem para terminação de animais, aumentando a fonte renda do produtor com o milho e com o gado abatido na safrinha agrícola.

A Biobrasil se propõe a elaborar todo projeto para o produtor e contratar empresa para assessorá-lo em sua gestão. Também é a Biobrasil que forma parceria com bancos ou instituições financeiras para captar recursos para a compra dos animais buscando juros e prazos compatíveis com a atividade.

Como os projetos são feitos pela cooperativa, esta fica em melhor posição para buscar recursos do que se deixasse cada produtor negociar individualmente sua busca por financiamentos.

Assim, o sistema Boi de Roça gera maior produtividade e rendimento por hectare, melhorias na condição do solo, benefícios ambientais devido à rotação de culturas e menor necessidade de desmatamento, objetivo maior da Aliança da Terra.

Como fatores limitantes para implementação do projeto destacam-se a aptidão dos agricultores para pecuária e os altos custos de implantação.

O sistema Boi de Roça foi apresentado por Wilson Mancebo, presidente da Cooperativa Biobrasil no II Seminário Interno do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável – GTPS em São Paulo.

Veja os slides da apresentação:

Matéria escrita por Marcelo Whately, analista do BeefPoint.

0 Comments

  1. Roberto Andrade Grecellé disse:

    boa ideia, hein.

    os beneficios da ILP estão re-re-re-comprovados.

    a questão que ainda esta em aberto é como vendê-la?

    no subtropico brasileiro tenho trabalhado muito nisso, com o bjetivo de disseminá-la como importante ferramenta de desenvolvimento sustentável.

    parabens a todo o pessoal envolvido. acho que marcaram um golaço!

    roberto grecellé.

  2. GERSON GONÇALVES disse:

    Muito interessante a proposta da BioBrasil que me parece não ser uma cooperativa que fará investimentos e sim cuidará diretamente dos interesses do agricultor-pecuarista.

  3. José Humberto Martins Borges disse:

    Concordo com você, Roberto. Essa questão está presente de norte a sul do Brasil. Nas minhas experiências com ILP, percebo que nos últimos anos houve a especialização dos produtores, que ou são apenas agricultores ou pecuaristas. Nos anos 70 e 80, em Goiás havia uma integração entre ambos, na verdade uma parceria: os agricultores arrendatários reformavam os pastos das áreas arrendadas e isso funcionava perfeitamente. Com a elevação dos custos das lavouras tornando inciável o arrendamento de terras de pastagens pela baixa produtividade, esses arrendatários desapareceram. Desde aquela época, os pecuaristas tem aversão a agricultura e não reformam os pastos facilmente e os agricultores não vêem com bons olhos as margens de lucro menores e o tempo maior para ter resultados na pecuária. Segue o impasse.

  4. Fernando Penteado Cardoso disse:

    No clima do NO-Paraná temos obtido até 300 kg/ha  de peso vivo de bois em terminação  em pasto de inverno obtido por consorciação de B.ruziziensis no milho de verão. A fitomassa residual chega a 4 t/ha para o plantio direto subsequente . A concorrência da gramínea reduz a produtividade do cereal em cerca de 10%. . A análise econômica mostra que a prática é lucrativa alem de fazer parte de boas práticas de melhoramente e conservação do solo.