Oferta restrita e embargo da União Européia não inibem valorização nos preços. O mercado físico do boi gordo apresentou, em fevereiro, movimento atípico para esse período. A comercialização reduziu-se devido a alguns fatores como o feriado de Carnaval, a oferta restrita e o aguardo sobre o resultado do embargo da União Européia à carne brasileira. Em função desses componentes, o Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F foi cotado em R$75,24/arroba no dia 26, valorização de 1,13%, se comparado ao dia 31 de janeiro.
O mercado físico do boi gordo apresentou, em fevereiro, movimento atípico para esse período. A comercialização reduziu-se devido a alguns fatores como o feriado de Carnaval, a oferta restrita e o aguardo sobre o resultado do embargo da União Européia à carne brasileira. Em função desses componentes, o Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F foi cotado em R$75,24/arroba no dia 26, valorização de 1,13%, se comparado ao dia 31 de janeiro.
Devido à oferta restrita de animais terminados, os frigoríficos de São Paulo estavam com escalas de dois dias apenas, enquanto que o normal para o início de fevereiro seria superior a seis dias. Na segunda quinzena de fevereiro, alguns conseguiram alongar suas escalas ao comprar bois de outros estados, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. No entanto, as escalas continuaram de dois ou três dias.
Em 31 de janeiro, a União Européia impôs restrições às exportações de carne bovina para o bloco. Em fevereiro, as autoridades envolvidas iniciaram negociações – no dia 27, uma equipe de sete especialistas da União Européia iniciou os trabalhos de vistoria em fazendas espalhadas por seis estados brasileiros. Como resultado, 106 propriedades foram liberadas para exportar carne bovina in natura para a UE. Esse procedimento de vistoria continuará até que os europeus transfiram ao governo o poder de aprovar as fazendas sem auditorias externas.
Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior as exportações brasileiras de carne bovina in natura, em fevereiro de 2008, aumentaram 40,18% em relação a janeiro de 2007, gerando receita de US$364,64 milhões. Tal fato deve-se à valorização de 65,38% do preço da carne exportada, já que o volume das exportações de carne diminuiu 15,23%, resultando em 98,89 mil toneladas frente a 108,39 mil toneladas exportadas em janeiro de 2007. No ano passado, a tonelada da carne in natura exportada estava sendo cotada a US$2.400/tonelada e, em janeiro deste ano, o preço estava a US$3.969,00/ tonelada. As exportações para a União Européia também subiram em janeiro de 2008 e somaram US$146,34 milhões e 19,82 mil toneladas. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, as exportações para o bloco cresceram 96,74% – em janeiro de 2007,
o saldo foi de US$74,38 milhões, com volume de 16,2 mil toneladas exportadas.
Em fevereiro, o mercado atacadista mostrou-se incerto, em função das dúvidas quanto à capacidade de absorção do mercado interno. No dia 2, o traseiro foi cotado a R$5,40/kg; o dianteiro; a R$3,30/kg; a ponta de agulha, a R$2,80/kg; e a carcaça casada, a R$4,24/kg. No dia 26, os preços fecharam em R$5,30/kg o traseiro, R$3,60/kg o dianteiro, R$3,00/kg a ponta de agulha e R$4,33/kg a carcaça casada.
O mercado futuro de boi gordo refletiu as expectativas quanto aos acontecimentos do mercado físico no mês de fevereiro. No dia do embargo, o primeiro vencimento (fevereiro) apresentou desvalorização de 3,14%, em decorrência da falta de informações sobre o processo. Havia ainda o receio de que o embargo durasse por um tempo considerável e o Brasil tivesse dificuldades de recolocação da carne exportada para a União Européia. Nesse sentido, poderia haver pressão negativa sobre os preços no físico. No entanto, logo após o embargo, os agentes reavaliaram suas expectativas e observaram que o fator determinante no mercado físico era a oferta restrita. Dessa forma, os preços do vencimento fevereiro se elevaram e registraram valorização de 8,44%, sendo cotado a R$68,58/arroba no dia 1º e R$74,37/arroba no dia 20.
Já o vencimento outubro/2008 teve variação menor, de 7,10% em relação a 31 de janeiro, encerrando em R$75,53/arroba no dia 26. Os vencimentos de longo prazo carregaram a expectativa de que o embargo às exportações de carne bovina in natura não durará por tempo muito longo, pelo fato de a UE ter dificuldades de abastecimento.
Na Tabela, é possível notar que o número de contratos negociados, de janeiro até 28 de fevereiro deste ano, já superam o acumulado dos cinco primeiros meses de 2006 e 2007. Já foram negociados 200.227 contratos em 2008 frente a 195.753 de janeiro a maio do ano passado.
Gráfico 1. Evolução dos preços de ajuste do futuro de boi gordo (Vencimentos fevereiro/08 e outubro/08)