Boi gordo não aparece e preços continuam firmes na primeira semana de março

O mercado do boi teve mais uma semana de preços firmes. A pouca oferta de animais terminados para abate, situação atípica para esta época do ano, está sustentando os preços da arroba e dando espaço para novas altas. Frigoríficos de todas as regiões do país reclamam da dificuldade de compra e dos preços altos, já que carne vendida no atacado não tem acompanhado as variações da arroba.

O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 76,02/@, nesta quarta-feira, registrando alta de 0,90% na semana. O comparar o valor atual com a cotação de um ano atrás, temos uma valorização de 35,19%, em 05 de março de 2007 o indicador à vista valia R$ 56,23/@. O indicador a prazo foi cotado a R$ 76,81/@, R$ 0,72 superior à cotação da semana passada.

O dólar continuou recuando, atingindo a cotação de R$ 1,669. Na semana, a moeda a americana teve queda de 0,09%. No período de um ano, a desvalorização foi de 21,93%. Assim o valor da arroba em dólares voltou a subir, sendo cotado a US$ 45,54/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O mercado futuro acompanhou a firmeza do indicador e todos os vencimentos acumularam valorização em relação aos valores negociados na semana anterior. O primeiro vencimento, março/08, teve valorização de R$ 1,87, fechando a R$ 75,68/@, na última quarta-feira. Os destaques foram os contratos que vencem em outubro/08 e novembro/08, que fecharam a R$ 79,26/@ e R$ 79,70/@, respectivamente.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 27/02/08 e 05/03/08

Já estamos no mês de março e oferta de boi gordo ainda não aumentou, fazendo os preços da arroba permanecem firmes e altos. A oferta não melhora e os frigoríficos continuam trabalhando com escalas curtas. Em São Paulo as programações de abate giram em torno de 4 dias, mas existem muitos frigoríficos com escalas falhadas e a dificuldade na compra persiste.

Sem conseguir adquirir as quantidades desejadas, os compradores não tiveram outra opção a não ser reajustar os preços e pagar mais pela arroba do boi gordo. Acompanhe na tabela abaixo as praças onde ocorreram alterações.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 27/02/08

O mercado de reposição continua em alta, com todas as categorias sendo bastante procuradas. Os preços firmes e com tendência de alta são conseqüência da baixa disponibilidade de animais. Na quarta-feira (05/03), o indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 510,26/cabeça, alta de 0,69%.

A margem bruta na reposição, montante que sobra para o pecuaristas após vender um boi gordo e comprar um bezerro para reposição, está em R$ 744,07, valor 1,05% superior ao registrado na semana passada. Este indicador mostra que mesmo com os preços altos do bezerro, neste momento a reposição ainda é vantajosa. Leia mais.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista x margem bruta na reposição

No atacado da carne bovina, a semana também foi de alta com valorização dos três cortes primários. O traseiro foi cotado a R$ 5,50, o dianteiro a R$ 3,80 e a ponta de agulha a R$ 3,10. O equivalente físico foi calculado em R$ 67,88/@, alta de 4,31% (R$ 2,81). O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico está em R$ 8,15/@. Apesar da valorização da carne, a diferença ainda está alta, a média dos últimos 12 meses é R$ 6,33/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor será a margem bruta do frigorífico.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina

Após a conclusão da aquisição de 50% do capital social da Inalca, uma das principais produtoras de carne bovina da Europa, na segunda-feira, o Friboi anunciou a compra de mais 3 empresas, a National Beef Packing Company e a Smithfield Beef Group, dos EUA e o Grupo Tasman, da Austrália. Essas aquisições vão de encontro à estratégia de globalização e diversificação do grupo.

Após a liberação das exportações da UE muito tem se discutido sobre a lista de 106 fazendas aprovadas e os impactos dessa decisão. Em comentário ao artigo do Panorama do Mercado da semana passada, o professor Pedro Eduardo de Felício dá sua opinião sobre essa restrição, alegando que dificilmente os frigoríficos conseguiram fechar negócios e embarcar carne para a Europa, ressaltando que mesmo assim a decisão é um começo e a aprovação da lista marca uma retomada nas negociações.

“Dizer que a União Européia volta a comprar carne brasileira pode passar uma idéia equivocada, porque na verdade essas 106 fazendas podem até estar habilitadas, mas retomar exportações é uma outra coisa. É preciso que haja volume para carregar os containeres. Quantos bois terão que ser abatidos para uma venda de carne para a UE? Uma porção, não é? Terem aprovado essas fazendas é melhor do que nada, mas continua sendo uma ofensa o que fizeram e continuam fazendo ao Brasil. Chego a pensar que o Itamaraty está certo querendo cobrar explicações com muita firmeza, pelas vias diplomáticas internacionais, ou vamos todos usar bolinhas vermelhas no nariz”, comenta Felício. Leia mais.

A Assocon, Associação Nacional dos Confinadores, divulgou essa semana a primeira Pesquisa de intenção de confinamento do ano de 2008, que foi respondida por 36 associados. Ao comparar o volume de gado confinado da Assocon no ano de 2007 e a projeção para 2008, incluindo as novas adesões, espera-se ter um crescimento de 32,8% no total de animais confinados. Quando comparamos a mesma base de associados entrevistados em 2007 com essa pesquisa de 2008 observamos crescimento de 16%.