Mesmo com as exportações de carne bovina batendo recordes em maio e os preços da tonelada exportada em alta, a cotação do boi gordo segue em queda no mercado brasileiro. No indicador Cepea, o recuo da arroba bovina no acumulado do mês chegou a 5,47% no fechamento de segunda-feira, 26. Segundo a Scot Consultoria, esse movimento de baixa está ligado, principalmente, ao consumo interno, que continua sendo o principal formador de preços no país.
No primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados do IBGE, o Brasil produziu 2,4 milhões de toneladas de carne bovina. Desse montante, 23,9% — cerca de 585 mil toneladas — foram destinados à exportação. O restante, 1,8 milhão de toneladas, ficou no mercado interno, pressionando os preços.
“Em abril, principalmente na segunda quinzena, e também agora em maio, a oferta de bovinos foi grande, o que deve trazer uma grande produção de carne, com uma variação que deve crescer mais do que a exportação”, disse Lorenzo Cracco, analista de mercado da Scot Consultoria, em nota.
Conforme o especialista, os frigoríficos com Selo de Inspeção Federal (SIF), que operam para exportação, devem reduzir a participação no total de abates, indicando mais carne disponível no mercado doméstico.
Além disso, no curto prazo, deve haver um aumento da concorrência entre as carnes bovina e de frango. “As duas [carnes] trabalham com preços em quedas, em um movimento natural para o período do ano, e é até difícil dizer até que ponto a gripe aviária está impactando os preços, mas isso liga o alerta para o produtor”, salienta.
Fonte: Estadão.