Boi gordo: restrição na oferta mantém preços firmes

Nem o aumento da produção deve derrubar os preços dos alimentos nos próximos anos, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Para a entidade, uma série de fatores elevou as cotações internacionais desses produtos.

A FAO acredita que o novo nível de preços será mantido mesmo diante de projeção de produção recorde de alguns produtos, como cereais. Algumas commodities tiveram os preços reduzidos nas últimas semanas, mas não há previsão de voltar aos níveis anteriores.

Os motivos das altas são variados, incluindo a explosão nos preços dos fertilizantes, o custo do frete, que duplicou em alguns casos, e a especulação. Esses fatores explicariam ainda a alta de 30% nos preços do açúcar e, principalmente, no comércio de milho, com até mesmo uma queda nas importações.

A FAO prevê que o Brasil só tem a ganhar com o aumento da demanda, criação de novos mercados e inflação dos preços das carnes. O principal motivo para a alta será o crescimento das economias dos países emergentes, que estariam consumindo mais o produto.

A oferta de animais para abate segue restrita e os preços da arroba do boi gordo continuam em alta. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 81,56/@, alta de R$ 0,37. O indicador a prazo teve valorização de R$ 0,41, sendo cotado a R$ 82,46/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Na BM&F, com exceção dos contratos com vencimentos em novembro/08 – que fecharam a R$ 94,01/@ -, todos os vencimentos apresentaram recuo. Maio/08 teve queda de R$ 0,39, fechando a R$ 82,31/@, com 1.080 contratos negociados e 3.806 contratos em aberto. Os contratos que vencem em outubro/08 fecharam a R$ 94,13/@ (-R$ 0,86), com 9.704 contratos negociados e 26.677 contratos em aberto.

Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 21/05/08

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x contratos futuros para maio/08

No mercado físico, com o feriado de ontem o final da semana foi de negócios lentos, mas também possibilitou que frigoríficos conseguissem alongar um pouco suas escalas. Apesar de muitas indústrias terem aumentado um dia em suas programações de abate, elas ainda seguem curtas na maioria das regiões produtoras do país, girando em torno de 5 dias.

Tabela 3. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo em 21/05/2008

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Em todo o país os preços do boi gordo seguem firmes e a oferta ainda é restrita. Jose Roberto Tozzi de Oliveira, comenta que em Araguaína/TO a tendência é de novas alta, já que a escala está muito curta. Ele informa que o boi gordo está sendo vendido a R$ 73,50/@.

No atacado da carne bovina, em São Paulo, o traseiro (R$ 5,60) registrou alta de R$ 0,10, nesta quarta-feira. Os preços do dianteiro e ponta de agulha permaneceram inalterados em R$ 4,40 e R$ 3,80, respectivamente. O equivalente físico apresentou valorização de 0,99%, sendo calculado a R$ 73,47/@. Com este aumento o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico recuo para R$ 8,09/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico

O preço dos animais de reposição vem subindo a cada dia. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 637,94/cabeça, alta de R$ 3,10. A relação de troca se manteve em 1:2,11.

O leitor do BeefPoint, Hermes Lourenco Bergamim, de Juína/MT, informou que na região o mercado de reposição está uma loucura, além do volume ofertado ser pequeno, os preços estão muitos altos. Ele comenta que bezerros desmamados estão sendo negociados a R$ 550,00.

André Camargo, Equipe BeefPoint