Mercado Físico da Vaca – 16/10/08
16 de outubro de 2008
Mercados Futuros – 17/10/08
20 de outubro de 2008

Boi gordo segue firme e oferta reduzida dá sustentação ao mercado

A pouca oferta de animais terminados para abate e o preço alto da carne bovina no atacado segue sustentando o mercado do boi gordo e a arroba registra mais uma semana de alta. O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo apresentou alta acumulada de 0,20% na semana, sendo cotado a R$ 93,20/@.

A pouca oferta de animais terminados para abate e o preço alto da carne bovina no atacado segue sustentando a firmeza do mercado do boi gordo e a arroba registra mais uma semana de alta. O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 91,81/@, nesta quinta-feira, acumulando variação de 0,24% na semana. O indicador a prazo apresentou alta acumulada de 0,20% na semana, sendo cotado a R$ 93,20/@. Em relação ao mesmo período do mês passado, a valorização chega a 5,14%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

No mercado físico, apesar de alguns frigoríficos terem conseguido alongar as escalas no final desta semana, a situação não está agradando muito os compradores. A oferta segue restrita em todo o país e muitas indústrias trabalham com capacidade ociosa. Em média as programações de abate atendem a 5 dias. Na tentativa de segurar novas altas da arroba os frigoríficos, em sua maioria, se negam a reajustar os preços, mas admitem negociar as condições de pagamento, como prazos mais curtos do que os tradicionais 30 dias, ou mesmo aceitando negociar o valor da arroba a prazo para pagamento à vista.

Do lado dos produtores, a certeza de pouca oferta gera expectativas de novas altas para os próximos dias, porém existe uma certa preocupação com a inadimplência dos frigoríficos, que enfrentam incertezas com a escassez de crédito e com um possível recuo no consumo de carne mundial devido o agravamento da crise financeira.

O leitor do BeefPoint, André Fioravanti, de Dracena/SP, ressalta o momento de oferta reduzida e comenta, “recebi durante a semana contatos de dois açougues e um frigorífico, perguntando se tinha bois para venda. Bom momento para segurar se houver oportunidade”.

Rodrigo Crespo, da Casarão Leilões, de Pelotas/RS, informa “no Rio Grande do Sul, o mercado em geral (gordo e reposição) passa por um momento de cautela, por alguns fatores. Não tem pasto, o inverno se prolongou e está seco, sem chuvas. O boi gordo baixou uns 10% nos últimos 20 dias, hoje cotado a R$ 2,75, baixa que influencia diretamente nas categorias de reposição. O cenário mundial, bolsas, bancos, US$, estas referencias num primeiro momento atingem todos os segmentos, inclusive o primário. Nesta noite passada, para a minha surpresa realizamos um bom leilão de corte, onde comercializamos mais de 1.000 animais, e com uma pista ágil e com preços bastante animadores, se comparados aos últimos 4 leilões anteriores”.

Como está o mercado do boi gordo em sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado. Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Essa semana o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea) divulgou uma análise onde ressalta que apesar da turbulência na economia mundial, os preços da arroba de boi e também da carne no atacado interno seguem firmes.

Segundo o texto, o cenário de preços é favorável, mas pode ser influenciado pelas dúvidas acerca dos impactos da crise econômica sobre o setor e também sobre as vendas de carne. Segundo agentes do mercado atacadista, os elevados preços da carne podem retrair a demanda, principalmente nas próximas semanas, segunda quinzena do mês.

A oferta de animais terminados no cocho também já é bastante inferior à do mês de setembro e início de outubro. A ASSOCON, divulgou sua última pesquisa de intenção de confinamento do ano de 2008, evidenciando que o crescimento do setor foi menor do que o esperado para esse ano. Os dados da pesquisa com os 47 associados da entidade, mostram uma produção de 547.665 animais, ou seja, crescimento de 1,1% em relação a 2007. Na primeira pesquisa deste ano, realizada em março, a intenção dos confinadores era de um aumento de 22,2%.

Como principais motivos para mudança de planos a ASSOCON aponta o alto custo dos insumos e dificuldade na aquisição de bois magros juntamente com a queda do valor da arroba para os principais meses de venda, o que não viabilizaria a realização de outro giro.

No atacado da carne bovina, segundo o Boletim Intercarnes, a procura segue retraída visto a dificuldade acentuada para o repasse ao varejo, sinalizando uma pressão muito forte por parte dos compradores por recuos. Foram verificados negócios (não de forma generalizada) a preços inferiores, mais especificamente, para dianteiros. As ofertas, ainda que não apresentam volumes expressivos e seguem apenas regulares. Para a carne desossada as ofertas também são regulares com procura especulativa, preços firmes e com sustentação.

Em São Paulo, o traseiro foi cotado a R$ 7,00, o dianteiro a R$ 5,20 e a ponta de agulha a R$ 4,50. O equivalente físico teve valorização de 0,96%, no acumulado da semana, sendo calculado em R$ 89,60/@, nesta quinta-feira. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente, que atingiu o valor de R$ 1,59/@ essa semana – menor valor desde janeiro de 2007 -, está em R$ 2,22/@. Vale lembrar que quanto menor o spread maior será a margem bruta do frigorífico.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Apesar da firmeza do mercado físico e da expectativa de novas altas para os próximos dias, o mercado futuro apresentou forte recuo no acumulado da semana. O primeiro vencimento, outubro/08, teve queda de R$ 3,03, fechando a R$ 92,47/@ e novembro/08 fechou a R$ 94,32/@ com variação negativa de R$ 3,67.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 09/10/08 e 16/10/08

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista, foi cotado a R$ 718,61/cabeça, nesta quinta-feira, recuo de 0,15% na semana e 0,63% no mês.

Em sua análise mensal, o Cepea atribuiu a queda registrada no mês de setembro e que se estende até o momento à diminuição da procura desses animais no período de estiagem. Ainda assim, a relação de troca preocupou confinadores, ficando em torno de 2 bezerros por boi. No momento a relação de troca está em 1:2,11.

O valor do boi magro também foi apontado por confinadores como complicadores para a compra de mais lotes. Na maioria das praças consultadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea), o animal de 18 a 24 meses foi negociado em torno de R$ 1.000,00 em setembro. Esse preço, considerado alto pelos invernistas, intensificou as dúvidas em relação ao volume de animais terminados em confinamentos que seriam disponibilizados nos próximos meses.

0 Comments

  1. Délvio Luiz Rodrigues Berriel disse:

    Não estou entendo bem o mercado do boi gordo, aqui no RS o preço do boi gordo está na ordem de R$ 2,60 a R$ 2,70 com 30 dias para pagamento, não mostrando firmeza.

  2. Esdrhas Sestak Rodrigues disse:

    Aqui na minha região, o bezerro está valendo R$ 700,00 o macho e R$ 600,00 a fêmea. Os pastos se encontram em bom estado, devido as boas chuvas e calor, em dezenbro, já vai ser possivel ter boi de pasto.