A pecuária orgânica ganha novo fôlego esta semana. Pela primeira vez no País, uma fazenda será financiada pelo Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) para a criação de animais que não tenham resíduos químicos. A Fazenda Eldorado, em Corumbá (MS), assina contrato com o Banco do Brasil, na próxima sexta-feira. Com isso, aumentará em 30% seu rebanho, atualmente de 3,5 mil cabeças.
A linha FCO Pronatureza financia atividades que envolvam a conservação ambiental. Deste modo, pode auxiliar tanto na reabilitação de áreas degradadas, quanto na conservação de bacias, como na agropecuária orgânica. É a primeira linha do País que financia a conversão do sistema convencional para o orgânico – as demais dão crédito apenas para aqueles que já são certificados. Segundo a gerente de divisão de agronegócios do Banco do Brasil, Eliane Mattioli, a instituição pretende financiar todas as propostas que chegarem ao banco, sem um limite a ser gasto pela linha. O recurso é utilizado para investimento, mas pode-se financiar 10% do total em custeio associado ou até 30% em custeio dissociado (em um projeto que não tenha vínculo com o do investimento).
Brasil
Existem em todo Brasil 200 mil bovinos orgânicos ou em conversão, tanto para corte quanto leiteiros. Apenas em Mato Grosso do Sul, o rebanho orgânico hoje é de 15 mil animais – na fazenda Eldorado e na São Miguel Catequese, em Nova Andradina, de propriedade do frigorífico Independência. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (e também proprietário da Eldorado), Homero Figliolini, os frigoríficos Bertin e Margem também estão em processo de conversão. Estima-se que a arroba do boi orgânico obtenha um bônus de 15% sobre o convencional e, no caso de alguns cortes, como o filé mignon, o acréscimo chega a 60%.
No sistema orgânico o pasto não pode conter defensivos agrícolas ou adubação química; o animal tem que ser criado preferencialmente solto (confinamento, quando necessário, não pode ultrapassar a 90 dias) e não pode receber substâncias químicas como vermífugos, carrapaticidas e hormônios.
Fonte:Gazeta Mercantil (por Nélia Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint