Mercados Futuros – 13/05/08
13 de maio de 2008
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15 de maio de 2008

Bons colaboradores, melhores negócios

O capital humano tornou-se o diferencial competitivo entre as empresas que apresentaram melhores desempenhos organizacionais. Elevar a auto estima de nossos colaboradores, fixá-lo ao campo e melhorar suas competências profissionais torna-se imprescindível para uma gestão moderna da empresa rural, pois "não há boa terra sem bom lavrador".

Roberto Rodrigues, quando ministro da agricultura do governo Lula, declarou que o Brasil é o país que possui a melhor combinação de fatores de produção para expandir a oferta agropecuária de forma sustentável: água, terras, clima e alta tecnologia.

Todavia, ainda temos uma série de dificuldades como a diferença cambial, barreiras no mercado mundial e dificuldades de infra-estrutura no mercado nacional, não só em relação ao estado precário de nossas rodovias que encarecem o frete para o escoamento da produção, como também na maneira simplista que muitas propriedades rurais ainda são geridas.

Cada vez mais é necessária uma forma eficiente de gerir a empresa rural, analisando-a como um todo, não só na gestão do caixa e no controle da produção, mas também desenvolvendo programas de gestão de pessoas para os trabalhadores do campo.

Foi-se o tempo em que somente “o olho do dono, engorda o boi”. Hoje em dia, o proprietário da fazenda precisa da informação de seu colaborador para medir com precisão o ganho médio de cada cabeça, caso contrário, terá prejuízo.

E como lidar com esse colaborador, que muitas vezes, não tem nem o ensino fundamental completo? É da responsabilidade do proprietário ou do gestor comprometer-se com o seu negócio, pois depende dele a continuidade do mesmo. E para isso, ele deve aprender a lidar com as pessoas.

A propriedade rural tem algumas características diferentes da empresa urbana, uma das principais é que existe uma micro sociedade dentro da fazenda. Muitas vezes, o colaborador mora com sua família na propriedade, o que facilita em algumas questões, como o acesso rápido ao trabalho; pode dificultar em outras áreas, pois vai exigir de todos os envolvidos uma melhor maneira de conviver.

Todas as pessoas perseguem um estado de felicidade e de realização, e o processo que conduz a esse crescimento envolve de um lado, a interação com os outros e, de outro, o encontro do indivíduo consigo mesmo.

As pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões e, na organização, entender essa dinâmica, ou seja, como as pessoas empregam seus recursos e energias pessoais e o quanto elas se sentem realizadas com a execução de determinado trabalho, faz com que o desempenho individual aumente e, consequentemente, os objetivos do empreendimento sejam mais facilmente alcançados.

Algumas indagações devem ser feitas, tais como: A empresa tem bons colaboradores? Conseguimos manter satisfeitos os melhores colaboradores? Eles possuem boas condições de moradia, educação própria ou para seus filhos e lazer? Eles recebem treinamento comportamental e técnico? Eles aplicam as noções básicas em Saúde e Segurança no Trabalho? Os colaboradores comprometem-se com o negócio? A empresa reconhece seus colaboradores? A empresa retêm seus talentos? A empresa tem condições de competir ou sobreviver no mercado nos próximos anos?

O capital humano tornou-se o diferencial competitivo entre as empresas que apresentaram melhores desempenhos organizacionais. Elevar a auto estima de nossos colaboradores, fixá-lo ao campo e melhorar suas competências profissionais torna-se imprescindível para uma gestão moderna da empresa rural, pois “não há boa terra sem bom lavrador”.

0 Comments

  1. Marcio Trajano Borges Telles disse:

    Otimo artigo e vem a calhar com tudo o que penso. Insisto muito com meus funcionarios a questão da qualidade de vida e o entrosamento entre eles.

  2. Paulo E. F. Loureiro disse:

    Prezada Miriam,

    Concordo totalmente com você.
    A maior carência que temos no agronegócio hoje em dia, lado a lado com o déficit de infra-estrutura, está na mão-de-obra capacitada.
    Precisamos investir nisso, fortemente.
    Parabéns pelo artigo.

    Paulo Loureiro

  3. Gildo Cruz disse:

    Gostei muito do seu artigo, muito oportuno para a conjutura atual do sistema de exploração brasileira, ou seja os profissionais que saem hoje das universidades são muitos técnicos, deixando a parte de gestão de pessoas em segundo plano.

    Dai talvez o baixo rendimento dos colaboradores naquelas propriedades que não investe em pessoas.

  4. Janete Zerwes disse:

    Parabéns Miriam,

    Muito oportuno seu artigo. As atenções direcionadas ao campo, estão muito fortemente focadas nas questões de produtividade e de preservação ambiental. Esquecemos que para produzir e preservar, a participação do homem é fundamental.

    Gostaria de traçar um paralelo entre gestão de pessoas e sustentabilidade.

    Fala-se tanto em desenvolvimento sustentável que o termo até se banalizou, é banalizado, antes mesmo de estarem definidos os conceitos de sustentabilidade propostos.

    O conceito de sustentabilidade fica associado quase unicamente a preservação ambiental, ao uso racional dos recursos naturais, quando é imprescindível a inclusão do homem no processo de desenvolvimento sustentável.

    Segundo Bossel (1999,1998), a sociedade humana é um sistema complexo, adaptativo, incluso em outro sistema complexo que é o meio ambiente, que esses sistemas co-evoluem em interação mútua, e que precisam evoluir mutuamente para que a habilidade dessa evolução permaneça viável.

    Quando analisada a importância da capacitação para o trabalho, do acesso ao conhecimento, sob o enfoque do desenvolvimento sustentável, percebe-se claramente que o desenvolvimento humano é determinante para a produtividade e para a manutenção do equilíbrio entre produção e preservação ambiental.

    Ainda de acordo com o autor acima citado, ao selecionar os diferentes elementos envolvidos no espaço de desenvolvimento, referindo-se aos atores sociais, ele diz o seguinte, “Seres humanos são conscientes, imaginativos e criativos. Ou seja, não atuam de maneira restrita, confinados por regras de comportamento. São capazes de criar novas soluções ou, por outro lado, não enxergar soluções óbvias (…) Sociedades que são mais inovadoras têm um nível mais elevado de educação e população mais treinada…”

    Na prática da pecuária, em contato com os peões e ao introduzir tecnologias relativamente sofisticadas no sistema de produção de carne, muitas vezes percebí que tendo-se uma noção didática e pedagógica mínima, qualquer pessoa, mesmo aquelas que não foram completamente alfabetizadas, são capazez de entender conceitos complexos, assimilar e aplicar esses conceitos, desde que sejam a elas apresentados de forma adequada.

    Tenho certeza que existe nas pessoas uma enorme satisfação em aprender, e, que essa satisfação está diretamente ligada ao aumento da auto-estima daqueles que ampliam seus conhecimentos. Por isso, concordo plenamente quando você ressalta a importância da gestão de pessoas nas empresas agrícolas.

    Abraço,

    Janete Zerwes
    Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso
    Comissão de Produtoras Rurais
    Coordenadora em Tecnologia e Pecuária

  5. Paulo Cesar Bastos disse:

    Profa. Miriam Junqueira Netto

    Muito oportuno o seu artigo.

    O empreendimento rural, como dito e sempre é preciso lembrar, tem características próprias e diferentes dos negócios urbanos.

    Aí está, no entanto, também, um excelente sítio para implantar o que poderemos chamar de 5C: Capacitação, Comunicação, Cooperação, Compromisso e Confiança.

    Com isso poderemos avançar com qualidade e melhor empreender.

    Chegou a hora, é agora, de produzirmos, no presente, o que se imaginava para o País do Futuro: um Brasil democrático, economicamente desenvolvido, tecnologicamente avançado, socialmente justo e ambientalmente sustentável.

  6. José Roberto Santos Patriota disse:

    Acredito na produtividade da pecuaria do Brasil e ficará eficiênte se os colaboradores forem tratados como parte da solução.

  7. Marcelo Rosa disse:

    Valorização do capital humano nas empresas rurais.

    Qual é a função dos Recursos Humanos?

    Os recursos humanos têm como principais funções recrutar, selecionar, desenvolver e principalmente reter talentos.

    Isso se aplica também nas empresas rurais, todavia existe certa resistência por parte de alguns empreendedores rurais, tem-se uma mentalidade um pouco atrasada em relação à aplicação dos recursos humanos nas áreas rurais.

    É necessário que assim como se tem investimentos em maquinas agrícolas, utilização de novas tecnologias no campo, biotecnologias, se capacite os profissionais que irão interagir com essas tecnologias.

    Seja com incentivos educacionais, cursos, treinamentos palestras, é claro que o fator logística pode ser um empecilho, contudo os gestores dessas empresas rurais devem procurar meios que possam facilitar esse processo de aperfeiçoamento aos seus colaboradores.

    Muito tem se falado sobre o termo qualidade de vida no trabalho, esse termo também deve ser aplicado e analisado no campo como forma de melhorar os processos e principalmente reter esses colaboradores.

    Com o crescente aumento das exportações do agronegócio, aumentam-se as exigências dos consumidores quanto à qualidade, e para que se tenham produtos com qualidade é fundamental colaboradores qualificados.

    O momento é de reflexão quanto aos investimentos no capital humano das organizações rurais, pois esse capital humano tem um valor imensurável, sendo a principal ferramenta de sucesso nos negócios.