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Brasil 2009: desafios produtivos, câmbios e oportunidades para a cadeia da carne bovina

Produtores, técnicos, indústrias e suas representações têm estabelecido uma ampla discussão sobre as conquistas e os desafios propostos ao processo de produção da carne bovina no Brasil. Neste período, a unanimidade se encontra no reconhecimento da vocação do país para produzir proteína animal com equilíbrio ambiental e segurança alimentar e dos grandes desafios a serem superados para manter o crescimento e a liderança no mercado mundial.

Produtores, técnicos, indústrias e suas representações têm estabelecido uma ampla discussão sobre as conquistas e os desafios propostos ao processo de produção da carne bovina no Brasil. Neste período, a unanimidade se encontra no reconhecimento da vocação do país para produzir proteína animal com equilíbrio ambiental e segurança alimentar e dos grandes desafios a serem superados para manter o crescimento e a liderança no mercado mundial.

Constata-se que nos últimos anos a implantação do Sisbov e a erradicação da febre aftosa foram apontadas como as grandes prioridades.

Certamente que a implantação de um rigoroso sistema de vigilância sanitária, prevenção e erradicação de moléstias é prioridade consensual, não se encontra nenhuma manifestação destoante em qualquer esfera de representação, sejam elas públicas ou privadas.

Já com relação a um programa nacional de rastreabilidade ainda não encontramos uma maneira de mobilizar e conquistar unanimidade. Ao contrário, as propostas implantadas Sisbov I e Sisbov II mostraram-se precipitadas, inadequadas e inatingíveis.

Estabeleceu-se uma total confusão entre propósitos e objetivos de forma que, em vez de construírem-se conceitos de certificação de processos e implantação de sistemas de qualidade, disseminou-se a idéia da brincagem de bois, da burocracia dos documentos de identificação animal e da idéia que para poder exportar todo o rebanho brasileiro deveria estar controlado por brinco individual.

Nas discussões apresentadas surgiram elementos suficientes para verificar que nosso sistema de certificação não está pronto e ainda necessitar de muitos ajustes para que a norma operacional estabeleça o que se propõe, ou seja, identificar a origem do produto que chega ao consumidor.

Particularmente entendo que a nossa pauta de prioridades não se esgota nestes dois temas. Penso que nosso planejamento deva incluir uma ação estratégica para a fase da cria de forma que se ofereça rentabilidade a esta etapa primordial do processo, priorize programas de formação e qualificação da mão-de-obra rural e estabeleça um programa nacional de tipificação de carcaças com vistas a premiar a qualidade da carne independente de seu destino.

Para que estas ações possam ser executadas com brevidade será necessário haver um grande aumento na disponibilidade de recursos para investimento tanto no setor público como no privado. Sem o aporte de crédito não conseguiremos modernizar com a premência necessária um processo que exige no mínimo três anos para obtenção de uma unidade do produto.

Não é possível imaginar-se que sem dinheiro para investir, os milhares de produtores de bovinos no Brasil, possam renovar suas pastagens, modernizar suas instalações, capacitar seus colaboradores, melhorar sua genética e que, indústrias responsáveis por grande parte do abastecimento interno, possam credenciar-se para oferecer credibilidade aos fornecedores, qualidade técnica e condições para competir no mercado.

Em um cenário que aponta tantas incertezas para o novo ano, é mister que as lideranças do setor se mobilizem para garantir uma agenda de ações rápidas com visão de longo prazo afim de que fique assegurada nossa liderança na produção e na comercialização da carne bovina com segurança, qualidade e crescimento sustentável.

O momento é oportuno. Bem-vindo seja 2009.

0 Comments

  1. João paulo Kessler disse:

    Ótimo artigo.

    Conseguiste resumir claramente o pensamento do pecuarista gaúcho e brasileiro. Precisamos investir em processos práticos, implantação de sistemas de qualificação e formação de mão-de-obra e não em brincos e na burocracia. Sabemos que os recursos financeiros existem, precisam sim é serem direcionados para o setor e focados nesta mudança.

  2. Mariana Kessler disse:

    Parabéns! Muito bom!

  3. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Estimado João Paulo:

    Obrigado por suas palavras.

    A certificação dos processos de produção é uma meta a ser conquistada. A forma para ser atingida exigirá uma maior organização e participação dos produtores.

    Para captar recursos para investimento no setor será necessário que nossos representantes encaminhem ao Governo uma proposta consistente.

    Quem sabe um PAC pecuário?

    Forte abraço,
    José Luiz

  4. José Carlos Leite Reis disse:

    Concordo, mas temos muitas ações a serem feitas.

    Em sanidade animal, o nosso governo estadual deve alocar muito mais recursos e disposição política. Devemos provar competência em controlar zoonoses. E quanto a rastreabilidade há um longo caminho a trilhar.

    Dois fatores importantes: deve haver recompensa e deve haver seriedade no processo isto depende da concientização do produtor e da sociedade.

    Prezado colega: são estes manifestos que podem ajudar na constução de um melhor horizonte para pecuária no BR.

  5. Carlos Miguel Felice da Luz disse:

    Muito boa a tua síntese, mostra claramente a realidade dos produtores gaúchos, sei disso porque convivo com vários produtores de diversas regiões do estado.

    Um abraço e parabéns pela matéria.

  6. orlando Bohrer disse:

    Muito bom! Conseguiste colocar com muita propriedade e boa diplomacia a questão.

    Acho que vai além da imcompetência do Ministério e da secretaria da agricultura em implementar programas que visem o sucesso do produtor rural.

    Como não assumem sua função “terceirizam” ou transferem suas responsabilidades, e aí vira “picaretagem” para alguém ganhar dinheiro. E com certeza não são os técnicos nem o produtor/pecuarista quem ganha.

    Sou credenciado a aplicar este processo de certificação, mas me recuso a mais de tres anos em faze-lo e compactuar com isso. Desde os primeiros tempos não senti seriedade, inclusive dos frigiríficos que pagavam premio aos pecuaristas de um lado e tiravam de outro, desclassificando carcaças.

    Compromisso só de um lado.

    Um PAC seria ótimo, mas somente viria se beneficiasse toda a cadeia e se essa se organizasse previamente.

    Abraços e até mais.

  7. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Prezado José Carlos Reis,

    É com grande alegria que recebo a manifestação de um representante da pesquisa saudando e estimulando a participação de todos que desejam contribuir para o desenvolvimento de nossa pecuária.

    O destaque para a necessidade de investimentos do Estado é real, mas passa por uma maior organização dos produtores. Fiquei bastante perplexo ao saber que o Congresso aprovou redução de 18% no orçamento para despesas com ciência e tecnologia.

    Recebi algumas correspondências que levantam a necessidade de repensarmos nossa forma de representação. A representação sindical (CNA e suas afiliadas) tem compromissos com todas as frentes do agronegócio e muitos entendem que poderíamos ter uma entidade voltada somente aos interesses da produção da carne. É tema a ser discutido. De qualquer forma, sem poupança dirigida ao setor levaremos muito tempo para conquistar os avanços almejados.

    Muito obrigado e forte abraço.

  8. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Prezado Carlos Miguel,

    Obrigado por suas atenciosas palavras.

    Acredito que através da participação efetiva de profissionais como você, que conhecem com profundidade a produção animal brasileira, poderemos superar em menor tempo as etapas que nos desafiam.

    Forte abraço, José Luiz.

  9. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Prezado amigo Orlando Bohrer:

    Muito obrigado por suas palavras.

    Entendo que ainda temos muito para ser desenvolvido na integração do Ministério com as Secretarias de Agricultura e entre os diversos e conflitantes interesses nas políticas públicas.

    A implantação do Sisbov constitui-se em belo exemplo de como não deve ser feito. Até o momento trouxe muitos problemas e resultou em pouco benefício. Tudo foi precipitado mas nada que não possa ser superado desde que compromissado com a seriedade e com o tempo exigido para projetos dessa magnitude.

    Concordo plenamente com a necessidade primordial de organização da cadeia como resultante do maior desafio, organizar estratégicamente a classe produtora.

    Forte abraço, José Luiz.

  10. orlando Bohrer disse:

    Boa noite Zé Luiz, as lideranças atuais do setor rural estão muito compromissadas, e te digo, não é com os produtores rurais. Compromisso este com quem os mantém no poder a qualquer custo e para manter privilégios, ou fazer de conta.

    Onde estão as lideranças quando um governo financia frigoríficos para picaretas e abigeatários protegidos pela justiça, entrega o pescoço ao pagamento de royalts, propaganda enganosa como a rastreabilidade, etc. Onde a prorrogaçao de dividas é menina dos olhos, politicagem do sou contra, faça-me o favor.

    Com certeza está na hora de nascer novos lideres para a agropecuária, comprometidos com o que é basico, ou seja, organização do setor frente aos outros setores da economia e compromisso com o agropecuarista (honestidade com a base). Começe este movimento meu amigo, o resultado pode não ser imediato, mas muda cabeças (sem precisar corta-las).

    Abraços, mais uma vez.

  11. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Prezado amigo Orlando Bohrer:

    Eu compreendo sua indignação e entendo que seja dirigida ao sistema, praticamente vitalício, da representação sindical aqui no RS.

    Certamente que a organização, participação e o surgimento de novas lideranças para a representação é extremamente saudável, mas passa por planejamento, trabalho, mobilização e quem sabe, até a criação de uma entidade dos produtores voltada para a produção da carne bovina. Individualmente, não acredito ser possível iniciar um movimento com sucesso.

    Imagino que através de portais como o do BeefPoint possamos identificar posições comprometidas com os valores que são tão caros a imensa maioria dos produtores rurais como honra, ética, respeito e trabalho e quem sabe, acrescentar as virtudes que não temos, união, cooperação e organização.

    Por fim agradeço a confiança depositada e envio um forte abraço.

    José Luiz