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Brasil ainda luta para valorizar o couro

A valorização da carne no mercado internacional, o produtor já conhece bem, mas muitos ainda duvidam da lucratividade a partir de outro subproduto: o couro bovino. O pecuarista reclama da falta de uma remuneração adequada, mas, segundo as indústrias do setor, a grande dificuldade do Brasil é a baixa qualidade do couro.

Uma estimativa do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) revelou que os produtores brasileiros deixam de ganhar US$ 1 bilhão por ano devido à falta de cuidados na propriedade e, conseqüentemente, à desvalorização do produto no mercado internacional.

O diretor de matéria-prima do Grupo Braspelco, que lidera as exportações de couro no Brasil, José Humberto Cunha, afirmou que, na última década, o setor de curtumes remunerou o couro in natura brasileiro pela metade do valor pago pelo produto estadunidense. “Enquanto o couro brasileiro vale US$ 30, o produto dos EUA é vendido por US$ 60 a unidade”.

O vice-presidente de matéria-prima e produtos do CICB, Leogenio Alban, informou que, enquanto 85% do couro estadunidense são considerados de alta qualidade, apenas 8% da matéria-prima brasileira atingem os mesmos níveis. “A marcação a fogo em local incorreto já desvaloriza o couro em até 40%”, afirmou Cunha.

Ele disse que a marcação impede o aproveitamento da peça para os cortes nobres e o couro acaba sendo destinado a produtos de menor valor.

Cunha recomenda que o animal seja marcado na face ou abaixo da linha de cintura, 20 centímetros acima das articulações.

O CICB, junto com empresas privadas, já investe em programas de conscientização dos pecuaristas. No Rio Grande do Sul, foram realizadas diversas palestras com produtores e com frigoríficos. Em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, pecuaristas têm recebido um acréscimo de 8% no preço do couro quando o produto não apresenta marcações a fogo e está livre das cicatrizes dos ectoparasitas.

O preço médio no mercado brasileiro é de até 10% do valor da arroba – os frigoríficos incluem o valor do couro para definir a remuneração total – o que hoje representa em torno de R$ 80 por couro, variando de acordo com o peso e a região.

Fonte: Zero Hora (por Alessandra Mello), adaptado por Equipe BeefPoint

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