Preços globais de alimentos caem pelo terceiro mês seguido, diz FAO
11 de julho de 2022
Varejistas europeias descumprem acordo voluntário contra desmate, diz ONG
11 de julho de 2022

Brasil ataca plano da União Europeia de taxar carbono

O Brasil voltou a atacar a União Europeia (UE) na área ambiental, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Alvejou agora o plano europeu de introduzir unilateralmente a taxa carbono sobre importações procedentes de países que não estejam submetidos aos mesmos padrões ambientais. 

Pelo plano original europeu, a taxa carbono será aplicada na importação de aço, cimento, alumínio, fertilizantes e eletricidade. Mas no Parlamento Europeu, há propostas para incluir na lista produtos químicos, plásticos, hidrogênio e amoníaco. 

Para parlamentares europeus, um Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM, na sigla em inglês) forte incentivará a redução de emissões de carbono globalmente e servirá para evitar o risco de “carbon leakage” – o deslocamento da produção para fora da UE em países com políticas climáticas menos rigorosas.

O presidente do Comitê de Meio Ambiente do Parlamento, Pascal Canfin, considera que a taxa carbono colocará o clima nas regras comerciais. A ideia é de que o poluidor pague, dentro e fora da Europa, e pressione os parceiros comerciais a descarbonizar sua indústria manufatureira. 

Agora, no Comitê de Bens da OMC, nessa quinta e sexta-feira (8), a delegação brasileira mencionou “esclarecimentos” feitos pela UE sobre gradual implementação do CBAM e gradual eliminação de licenças de emissões (ETS). 

“Com isto, a UE estará impondo um imposto sobre importações estrangeiras enquanto isenta alguns de seus próprios produtores do mesmo imposto”, reclamou o Brasil. “O fato de a UE, o maior parceiro comercial de vários membros da OMC, adotar uma medida que está em clara dissonância com um princípio central da OMC é muito preocupante para o futuro desta Organização”. 

O governo brasileiro acusou o CBAM de “representar uma tentativa da UE de transferir o peso dos custos de ajuste para outros países, ao mesmo tempo em que parece estar enfraquecendo alguns de seus próprios compromissos”. Para o Brasil, a União Europeia “está em clara violação dos princípios, normas e compromissos assumidos pela UE em acordos ambientais internacionais”. 

Apesar das práticas do governo Bolsonaro na área ambiental, criticadas na cena internacional, a delegação brasileira disse na OMC que o país está pronto a “contribuir em termos de como superar as divergências e construir um consenso sobre este assunto”. 

O Brasil acusou a UE de estar “consistentemente procurando diluir qualquer referência a seus compromissos em acordos ambientais e seus princípios e procurando legitimar ações unilaterais que não contribuam para nossos desafios comuns, violem regras e princípios centrais tanto dos regimes comerciais quanto ambientais e enfraqueçam a capacidade desses regimes de fornecer soluções globais para problemas globais”.

O CBAM europeu faz parte do “Pacote 55 em 2030”, o plano da UE para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Bruxelas argumenta que cerca de 27% das emissões globais de CO2 provenientes da combustão de combustíveis vêm atualmente de produtos comercializados internacionalmente. E que, embora a UE tenha reduzido suas emissões nacionais, as provenientes de importações para o mercado comunitário têm aumentado constantemente e prejudicariam os esforços europeus para reduzir sua pegada global de GEE. 

O Brasil voltou a atacar também na OMC o plano europeu de proibir importações de várias commodities com produção vinculada a desmatamento, incluindo soja, carne bovina e café. Para o governo brasileiro, a proposta europeia “estabelece um obstáculo ilegítimo no comércio internacional, é fortemente discriminatória e terá pouco impacto no objetivo alegado de reduzir desmatamento e degradação da floresta”.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.