De acordo com informações de Enio Marques, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), o acordo de exportação para a China deve se tornar operacional nos próximos 4 meses. A iniciativa é parte da busca por novos consumidores num mercado que, apesar de pouco dinâmico, indica possibilidades concretas. “De acordo com previsões de entidades americanas como USDA e USMES e da OMC, o comércio internacional deve crescer de 3% a 4% e a produção mundial de carne deve aumentar 1% ou 1,5% este ano”, afirma Enio Marques. O comércio mundial de carne deve subir de 6,7 milhões para 7,5 milhões de toneladas. Segundo ele, é possível dividir o mundo em três grupos de países: os que são produtores e exportadores; os produtores e importadores e os que são apenas importadores. O Brasil, que já foi um produtor e importador hoje se enquadra no grupo dos exportadores.
Fernando Galletti de Queiroz, um dos proprietário do Frigorífico Minerva, de Barretos, afirma que o mercado está cada vez mais especializado e isso faz com que as empresas exportadoras busquem oferecer produtos cada vez mais específicos, seja em novas embalagens, com cortes diferenciados, ou novos canais de distribuição. A crise argentina ajudou o Brasil a ganhar espaço, conquistando mercados que antes eram abastecidos pela Argentina. Apesar da concorrência da carne brasileira com o produto da Argentina e do Uruguai, Queiroz acredita que quanto mais as mercadorias circularem livremente no Mercosul, menor será essa competição. Para Enio Marques, o objetivo do Brasil é atuar como um bloco, junto aos outros países do Mercosul.
Nos últimos anos, com a necessidade abrir novos mercados, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai aumentaram seu espaço na Europa, tendo como um dos propulsores o surgimento da doença da “vaca louca” na região. Entretanto, não podemos ficar na dependência de crises externas para aumentar as exportações de carnes. O país precisa de medidas ativas e não apenas reativas. Uma dessas medidas é, sem dúvida, o Brazilian Beef. O programa, criado em 2001 visando a promoção da carne brasileira no exterior, recebeu investimentos de R$5 milhões divididos entre a Apex, o Ministério da Agricultura, a ABIEC e CNA. Enio Marques explica que até agora o programa já passou pela fase de conceituação (chamada “cartão de visita”) – que é justamente a criação extensiva do rebanho, a fase da criação da marca (Brazilian Beef) e a divulgação: foram feitos filmes e catálogos, trazidos formadores de opinião do exterior e promovida a participação em feiras. Ainda não é possível quantificar os resultados do programa, mas Enio assinala que nos últimos quatro anos as exportações passaram de 250 mil para 1 milhão de toneladas.
Fonte: Thais de Alckmin Lisbôa, para o Beefpoint