O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, disse ontem que, em represália à sanção pelo presidente americano, George W. Bush, da nova lei agrícola dos Estados Unidos, o Brasil deverá, daqui para a frente, negociar ponto a ponto cada item da sua pauta de importações que interessa aos Estados Unidos. A nova “Farm Bill” eleva para até US$ 180 bilhões as subvenções a serem pagas aos agricultores daquele país nos próximos dez anos.
O ministro afirmou que a sanção de Bush à Farm Bill inviabiliza completamente as negociações que levariam à criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). E compromete também as conversações relativas à liberalização do comércio mundial no âmbito da OMC. Isso, segundo ele, concentra ainda mais a produção e o controle sobre os preços mundiais. “Na prática, significa que eles continuarão produzindo mais grãos e pressionando os preços no mercado externo”.
“Daqui para a frente, as negociações da OMC passarão a ser balizadas pela mudança de rumo que os EUA imprimiram à sua nova lei agrícola”, afirmou. “A aprovação da Farm Bill é uma negação ao que o governo americano se comprometeu na última rodada da OMC em Doha, no Catar”. De acordo com Pratini, é preocupante o fato de que 70% das subvenções americanas são concedidas a somente 10% dos produtores americanos.
Abertura de novos mercados
O Brasil, segundo o ministro, continuará produzindo e lutando para abrir novos mercados para a sua produção agrícola. E permanecerá questionando a legitimidade da política de subsídios dos Estados Unidos na OMC. Pratini embarcou ontem para Bruxelas, na Bélgica, onde vai tratar de questões sanitárias ligadas às exportações brasileiras, especialmente de frangos. Vai também continuar as conversações para que seja firmado um acordo bilateral, na área fitossanitária, com a União Européia (UE). Segundo ele, o acordo entre o Mercosul e a UE está muito difícil de ser levado adiante por causa da crise argentina. “Isso não inviabiliza o Mercosul”, assegurou.
No fim da semana, Pratini irá aos Estados Unidos, onde vai se reunir com a secretária de Agricultura Ann Venemann e com outras autoridades. Na pauta, além de argumentar contra o aumento das subvenções americanas à agricultura, Pratini vai tentar reabrir as negociações para que os Estados Unidos importem carne bovina “in natura” do Brasil. As negociações foram iniciadas há cerca de dois anos, mas foram interrompidas com o ressurgimento de focos de febre aftosa no País.
Fonte: O Estado de São Paulo (Gecy Belmonte), adaptado por Equipe BeefPoint