Os importadores europeus prevêem, no mínimo, um aumento de 12% nas compras de carne bovina até 2007, impulsionadas, principalmente, pela valorização do euro, estabilidade do consumo interno e queda na produção local. Diante disso, o Brasil e a Argentina, hoje os principais fornecedores da União Européia (UE), aumentarão a participação no mercado europeu. A opinião é do secretário-geral da Associação dos Importadores de Carne Bovina da União Européia (UECBV), com sede em Bruxelas, Jean-Luc Meriaux.
“A carne brasileira é um exemplo das poucas vantagens que o Banco Central Europeu (BCE) vê no euro forte, que faz com que os produtos em dólar custem menos ao bolso do importador europeu e gerem alívio à pressão inflacionária”, avaliou a economista Leonor Coutinho, especialista em comércio internacional, do Centro Europeu de Estudos Políticos (Ceps), de Bruxelas.
O Brasil exportou para a UE 23 mil toneladas de carne bovina entre julho e setembro deste ano, ante 16 mil toneladas no mesmo período de 2002. Segundo Meriaux, o aumento das importações deste ano é explicado pela valorização do euro em torno de 16% nos últimos oito meses, que compensou a “revalorização” do real em relação ao dólar e, principalmente, o aumento do preço da carne brasileira no mercado internacional entre 20% a 35%.
Meriaux chamou atenção para o fato de que o euro forte permite às importações brasileiras de carne bovina superar as barreiras alfandegárias. Ou seja, a UE também aumentou em 10% a compra da carne bovina extracota.
Segundo ele, “a UE é hoje um parceiro quase forçado da América do Sul para as importações de carne bovina”. A carne bovina estadunidense tratada com hormônio sofre, desde 1989, barreiras sanitárias dentro do bloco europeu. Os EUA têm 95% de sua carne tratados com hormônio e nem conseguem preencher a cota européia de 11 mil toneladas. Já a Austrália, outro forte concorrente mundial, tem suas exportações voltadas para o Japão, Coréia do Sul, além de atender aos Estados Unidos.
Os importadores europeus de carne bovina acreditam que Brasil e Argentina exportarão mais à Europa, mesmo se, no longo prazo, houver uma revalorização do dólar frente ao euro, porque o cenário continental mostra equilíbrio no consumo interno, com a contrapartida de redução da produção dos países europeus.
Fonte: Jornal do Comércio/RJ, adaptado por Equipe BeefPoint