Após um ano em que se firmou como o maior exportador mundial de carne bovina e de frango e conseguiu, apesar de restrições, manter em níveis estáveis as vendas externas de carne suína, o Brasil entra em 2005 com a tarefa de consolidar sua posição no mercado internacional. Este ano, as exportações brasileiras totais de carnes devem fechar em US$ 5,8 bilhões, 42% mais do que 2003. Os embarques são estimados em 4,2 milhões de toneladas, 23% mais que no ano passado.
É consenso entre analistas e empresas que o ano foi bastante favorável aos exportadores de carnes, apesar de restrições, como as cotas da Rússia e o recente embargo do país ao produto brasileiro por causa do caso de aftosa no Amazonas. O quadro foi positivo, em grande medida, por conta de problemas sanitários e de menor oferta em outros países fornecedores.
E esses mesmos fatores devem continuar beneficiando o Brasil em 2005. “Se não houver nenhum desastre, o país deve manter o primeiro lugar nas exportações de carne bovina”, afirma o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz. Desastre, neste caso, poderia ser a confirmação da suspeita de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, divulgada na semana passada, que, fatalmente, afetaria as exportações brasileiras de carne bovina.
Na análise de Ferraz, o Brasil deve permanecer como maior exportador porque seus dois principais concorrentes, Austrália e Estados Unidos, seguirão tendo problemas de oferta de gado bovino para abate. Na Austrália, explica Ferraz, os produtores tentam recompor o rebanho após três anos de seca. Esse movimento, que implica manutenção de matrizes e menor abate, deve continuar em 2005, impedindo que a Austrália recupere mercado.
Já os Estados Unidos, que perderam grande participação no mercado internacional por causa da descoberta de um caso de “vaca louca” em dezembro de 2003, também tiveram redução no rebanho por causa do aumento do consumo interno. Ele não descarta, porém, que a desvalorização do dólar cause problemas às exportações.
Para o presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) o maior desafio em 2005 será buscar os mercados que ainda não compram do Brasil e que têm melhores preços. “Estamos em 143 mercados, exceto nos altamente protegidos da América do Norte, Japão e Coréia do Sul, que respondem por 50% das importações mundiais de carne”, comenta Pratini de Moraes.
Um alvo antigo do Brasil são os EUA, para onde o país só vende carne bovina industrializada. “Espero que haja retomada e conclusão da análise de risco para aftosa”, diz Pratini. A análise, cujo processo foi interrompido, é necessária para que os EUA definam se vão importar carne in natura brasileira.
Pratini aposta que as vendas continuarão crescendo ano que vem, mas não nos níveis vistos em 2004. Até novembro, o Brasil exportou US$ 2,2 bilhões, 66% mais que em igual período de 2003. O volume somou 1,7 milhão de toneladas equivalente-carcaça, alta de 47%. A estimativa da Abiec é fechar 2004 com vendas de US$ 2,5 bilhões e dois milhões de toneladas.
Fonte: Valor (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint