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Brasil deve retomar com rapidez ritmo de embarques de carne bovina aos EUA, afirma Abiec

O Brasil deve retomar rapidamente o ritmo de embarques de carne bovina aos Estados Unidos após a retirada das tarifas adicionais de 50% pelo governo de Donald Trump. Os 50 frigoríficos brasileiros habilitados para exportar aos americanos já começaram a receber novos pedidos e retomaram completamente a produção de cortes específicos para o país da América do Norte.

Com a retomada dos negócios, as exportações em novembro, que teve apenas os últimos dez dias do mês sem a aplicação das tarifas adicionais dos EUA, ficaram em 12,6 mil toneladas. Em dezembro os embarques deverão acelerar e chegar perto de 35 mil toneladas, disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

“As empresas estão recebendo muitos pedidos e o Brasil deve fornecer bastante carne, mesmo pagando a tarifa de 26,4%”, afirmou o executivo. Alguns frigoríficos de médio e grande porte haviam retomado a produção até mesmo antes do anúncio, na expectativa de que as tarifas seriam retiradas pelos EUA.

Nos cálculos de Perosa, o Brasil deixou de vender cerca de 60 mil toneladas e US$ 300 milhões aos EUA durante o tarifaço. O valor não é contabilizado como prejuízo. As cargas foram redirecionadas para países da Ásia e da Europa, além de Chile e Rússia, mas houve impacto nas margens das empresas, já que esses são destinos menos vantajosos em termos financeiros. Em média, a tonelada da proteína é vendida a US$ 6 mil para os americanos.

“As empresas estavam com sede para mandar carne para os Estados Unidos. O preço da carne lá é muito alto. A carne brasileira vai poder ir para lá, acessar o mercado e ajudar o povo americano a diminuir a questão do custo inflacionário”, afirmou.

O ritmo deve melhorar mais ainda em janeiro de 2026, e o volume exportado deverá aumentar para perto de 50 mil toneladas, estimou. Na virada do ano, será reaberta a cota para exportação com isenção, que é aproveitada pelas empresas brasileiras. A cota foi reduzida, de 65 mil para 50 mil toneladas, e é dividida com dez países. Parte deverá ser ocupada pelos frigoríficos nacionais para entrar sem taxação nos EUA e outra será exportada com a tarifa de 26,4%.

A média mensal de embarques de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos era de 30 mil a 40 mil toneladas até julho e caiu para 10 mil toneladas nos três meses e meio de vigência das sobretaxas americanas. Mesmo assim, alguns negócios continuaram, ressaltou Perosa.

Segundo ele, uma empresa continuou embarcando de 2 mil a 3 mil toneladas por mês para o próprio governo americano, que pagou a tarifa mais alta. Os produtos são comprados para serem servidos em presídios federais americanos. Outros contratos com importadores privados de lá foram mantidos.

No período de vigência do tarifaço, as vendas brasileiras aumentaram para a China. Agora deve ocorrer o inverso, estimou Perosa. No acumulado de janeiro a novembro, as vendas para os EUA foram de 244,5 mil toneladas e faturamento de US$ 1,4 bilhão e já ultrapassaram os resultados de 2024, quando foram vendidas 229 mil toneladas com receita de US$ 1,3 bilhão.

O executivo afirmou que o sucesso da negociação com os EUA foi fruto da junção de esforços públicos e privados, mas ressaltou o papel do governo nas tratativas com a Casa Branca. “É fatal a participação do governo. Quando destravou o imbróglio político, tudo começou a acontecer. Não era uma decisão técnica, era política”, avaliou.

O episódio, no entanto, deixa aprendizados de como atuar em situação de estresse extremo. A Abiec quer estar mais presente nos EUA e faz planos para abrir um escritório em solo americano no ano que vem. “Precisamos estar mais próximos dos EUA em termos comerciais, o setor precisa disso, com a presença física lá”, afirmou Perosa.

Fonte: Globo Rural.

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