O ministro da Agricultura chinês, Tang Renjian, afirmou nesta quinta-feira que Brasil e China precisam combater o protecionismo em sua busca por desenvolvimento sustentável. O Brasil é o principal fornecedor de alimentos aos chineses, que são, por sua vez, o maior parceiro comercial brasileiro.
Em mensagem transmitida no evento Diálogo Brasil-China sobre Agricultura Sustentável, organizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China e o centro de estudos chinês Institute of Finance and Sustainability (IFS), Renjian fez quatro propostas para “injetar novo ímpeto” à agenda conjunta de sustentabilidade. Ele sugere que os países melhorem sua comunicação e troca mútua de experiências, priorizem a inovação tecnológica para agricultura, como novas cultivares e respostas às mudanças climáticas, reforcem o comércio bilateral “sadio e estável” e ampliem a cooperação multilateral, com alinhamento de posições nos órgãos internacionais.
“Crescimento sustentável é uma missão longa, exige esforço e cooperação”, disse Tang Renjian. Segundo ele, o aumento do protecionismo é um desafio para o desenvolvimento sustentável mundial agravado pelo cenário da pandemia. No papel de “potências e mercados emergentes”, é mais do que “oportuno”, segundo ele, que Brasil e China promovam um diálogo sobre agricultura sustentável.
O ministro disse que o governo chinês dá grande atenção à sustentabilidade na agricultura e que já começa a colher frutos de um Plano Nacional para Agricultura Sustentável, mas que a implantação de um novo conceito e a promoção do desenvolvimento verde depende de cooperação. Segundo ele, o Brasil é um parceiro estratégico nesse tema, já que os dois países têm grandes complementaridades. “Há enorme potencial a ser explorado. A parte chinesa está disposta a trabalhar, unir forças, para injetar novo ímpeto para alcançar os objetivos da agenda 2030”, afirmou.
“Relação de confiança”
Durante o evento, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o Brasil tem condições de ampliar e diversificar a oferta de produtos agropecuários e atender às preocupações crescentes dos consumidores da China com sustentabilidade. Ela destacou a “relação de confiança” entre os dois países e apontou oportunidades de investimentos chineses em financiamentos verdes para apoiar o aumento da produção brasileira.
“O Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) tem como premissa o incremento da renda do produtor. As práticas são adotadas quando se percebe a rentabilidade e isso abre oportunidades a investidores estrangeiros”, afirmou. “Contem com o Brasil como parceiro de confiança da China. Juntos, levaremos prosperidade e sustentabilidade aos nossos povos”.
A ministra ressaltou os números da relação comercial entre Brasil e China e disse que existe uma “relação de confiança na entrega perene” de alimentos, que contribuir para a segurança alimentar chinesa.
Segundo Tereza Cristina, a agricultura brasileira ajudará o país a alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e reiterou ser preciso adotar medidas no setor energético, principal emissor de poluentes.
“A mudança do clima afeta diretamente o agricultor, com impactos nocivos à segurança alimentar e à preservação da biodiversidade. Devemos priorizar a redução global de emissões de efeito estufa, mas a agricultura sozinha não resolverá os problemas , apesar de sofrer seus efeitos”, disse.
Fonte: Valor Econômico.