A presidente Dilma em reunião com primeiro-ministro Dimitri Medvedev no Salão Ouro da casa de recepção do governo russo: boa notícia virá do presidente Putin
A Rússia anunciou na sexta-feira (14) um acordo com o Brasil que permitirá a continuidade das exportações de carne suína brasileira para seu mercado apesar de uma nova certificação que passou a ser exigida por Moscou desde 7/12 para atestar que o produto não contém traços de Ractopamina, proibida naquele país. A substância já não vem sendo usada nos confinamentos de bovinos no Brasil, mas na suinocultura ele é comum. Os exportadores aceitam evitar a utilização da Ractopamina, mas reclamam do processo inicialmente proposto para a certificação, considerado custoso e demorado.
Na quinta-feira (13) foi fechado um acordo entre os negociadores, que concordaram com um modelo de certificação menos complexo e auditável – ou seja, o Ministério da Agricultura do Brasil terá condições de cumprir a exigência, o que antes era considerado inviável. A Rússia é o maior comprador de carne bovina brasileira, o segundo de carne suína e um dos cinco maiores de carne de frango.
Em reunião com o primeiro-ministro Dimitri Medvedev, Dilma abordou os problemas envolvendo as carnes brasileiras – a Ractopamina e o caso “não clássico” de “vaca louca” identificado no Paraná. Sobre a “vaca louca”, a ameaça da Rússia vetar a importação de carne bovina paranaense não se concretizou, e Moscou não acompanhou a decisão de China, Japão e África do Sul de proibir as importações brasileiras.
Os russos disseram aos brasileiros que não vão tomar nenhuma medida precipitada, mas que precisam de mais informações sobre o atraso do Brasil em divulgar os resultados que atestaram “vaca louca”, seja ela clássica ou não. O animal morreu em 2010, mas o problema foi confirmado apenas na sexta-feira passada (7). Em maio, o Brasil conquistou da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o status de país com risco insignificante de ocorrência da doença. O Brasil enviará uma carta formal com as informações já apresentadas verbalmente em Moscou sobre os quase 30 mil testes de “vaca louca” feitos nos últimos anos.
O caso poderá prorrogar o fim do embargo às exportações de carne do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, anunciado recentemente. Fontes próximas da delegação brasileira disseram que os russos podem optar por manter o embargo para a carne bovina do Paraná. Como os russos suspenderam em 2011 a importação destes três Estados por não acreditarem nos sistemas sanitários estaduais, a chance do Paraná continuar vetado não surpreende.
Sergey Dankvert, chefe do Rosselkhorznadzor, o serviço federal russo de vigilância veterinária e fitossanitária, disse que o Brasil terá uma grande oportunidade, já que a carne suína dos EUA está proibida. Para o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, o Brasil tem condições de “reconquistar o mercado russo”. As exportações de suínos para a Rússia alcançaram 229 mil toneladas em 2010, mas caíram com o embargo aos três Estados para 124 mil toneladas em 2011. E Camargo afirma que é possível voltar a vender 100 mil toneladas a mais em 2013.
Os russos estão comprando cada vez mais carnes do Canadá, com preços inferiores aos brasileiros. Além disso, a produção local aumentou. Mesmo que a presidente Dilma saia com boas notícias envolvendo as carnes, o sentimento é que a Rússia não vai parar de surpreender os produtores brasileiros, como tem acontecido nos últimos anos.
Fonte: Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe BeefPoint.