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Brasil intensifica vacinação para evitar retorno da febre aftosa

Os governos federal e estaduais reforçaram a vigilância nas fronteiras e intensificaram os programas de vacinação do rebanho bovino para evitar que a febre aftosa volte a atingir regiões do País em que já havia sido erradicada. “Não podemos correr o risco de repetir a decepção sofrida em 2001 com os focos de aftosa no Rio Grande do Sul”, disse a diretora do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Denise Mariano da Costa, no encerramento da 29a Reunião da Comissão Sul-Americana de Combate à Febre Aftosa (Cosalfa), em Salvador (BA).

Representante do governo brasileiro na reunião que teve a participação de mais dez países, ela afirmou estar otimista com o Brasil não ter registrado casos de aftosa neste ano. “No ano passado, foram 37 focos, a maioria em municípios gaúchos, mas foram adotadas providências para evitar novas surpresas desagradáveis”, explicou. “O trabalho conjunto dos governos e da iniciativa privada tem dado bons resultados na luta contra a aftosa. Mais da metade do rebanho bovino do País está em áreas declaradas livres da doença, e isso garante melhores perspectivas de exportação de carne”.

Em Salvador, os 11 países participantes da reunião entregaram ao Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) as estatísticas de 2001. A Argentina, que era considerada livre de aftosa pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), registrou 2.126 casos, sofrendo um golpe em sua economia, baseada na agropecuária.

Também no ano passado, o Uruguai foi bastante afetado, com 2.057 focos. Essa situação em países vizinhos contribuiu para que o Rio Grande do Sul fosse atingido. Líderes de entidades de pecuaristas, entretanto, garantem que o drama gaúcho serviu, pelo menos, para alertar para a necessidade de o Brasil não abrir mão da necessidade de vacinar o gado duas vezes por ano, enquanto as ameaças persistirem.

O Fórum Nacional de Pecuária da Confederação Nacional da Indústria havia enviado ao Ministério da Agricultura, no fim do ano passado, reclamações de pecuaristas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e vários outros estados contra a falta de vacinas no mercado. O governo respondeu que o problema era conseqüência do uso de um grande número de doses no Rio Grande do Sul e prometeu apressar, em seu laboratório, os testes de vacinas produzidas em cinco empresas do País.

Bahia: Produtores reclamam de preço alto da vacina

Segundo dirigentes do Fundo de Apoio à Pecuária do Estado da Bahia (Fundap), entidade privada que reúne produtores, industriais e comerciantes, a subida dos preços da vacina contra aftosa no último ano e a constante falta do produto no mercado baiano, colocam em risco o controle da doença na Bahia.

Os preços dos medicamentos não só contra aftosa, mas também, contra raiva, brucelose e outras doenças que acometem os rebanhos bovinos e bubalinos, subiram em apenas um ano, até 200% em alguns casos. Uma dose de vacina contra a aftosa, com 5 ml, que em abril do ano passado custava R$ 0,40, hoje custa entre R$ 0,80 e R$ 1,20, a depender da disponibilidade no mercado, já que, muitas vezes, o revendedor local não dispõe do produto para revender ao pecuarista.

“A Bahia, na situação privilegiada que alcançou, de zona livre da febre aftosa com vacinação, não pode correr riscos nem sofrer retrocesso porque os fabricantes resolveram aumentar os preços das vacinas e nem porque os revendedores baianos não têm estoques para atender ao Estado”, disse taxativamente o presidente do Fundap e vice-presidente da Associação Baiana de Criadores (Abac), John Hamiltom Dias.

Preocupados com a situação, os dirigentes do Fundap pedem providências ao Ministério da Agricultura. O diretor Executivo da entidade, Pompílio Viana Neto, afirmou que o MAPA precisa tomar providências, já que o Sindicato dos Produtores de Vacinas e Medicamentos (Sidam) alega que os insumos para produção das vacinas são importados e por isso o produto tem que acompanhar a cotação do dólar. O mesmo sindicato aponta também que a falta do produto no mercado se deve às dificuldades que os revendedores baianos teriam em obter crédito da indústria.

De olho nos grandes mercados mundiais consumidores de alimentos como a China, para a exportação de carne, os produtores baianos estão preocupados com a situação.

Para se credenciar como exportador, o Estado, que tem hoje cerca de nove milhões de cabeças de bovinos em áreas livres da aftosa com vacinação, não pode deixar de vacinar o rebanho. “A vacinação não pode parar no Estado, mesmo que dentro de dois anos consigamos o certificado de zona livre sem vacinação”, considera Hamilton, que se prepara para enfrentar uma campanha pela presidência da Abac. “Isso significa tolerância zero aos problemas de sanidade animal e uma gestão de qualidade do agronegócio. Para isso, precisa que o preço da vacina seja competitivo”.

Segundo ele, para atender realmente às exigências da OIE e da Organização Mundial do Comércio (OMC) e demais agências internacionais que controlam a qualidade sanitária e agroalimentar, um outro problema que a Bahia precisa resolver é a implantação da Portaria 304, para pôr fim aos abates clandestinos de animais, ainda muito comuns no Estado.

Criado por sugestão da OIE, o Fundap funciona na Bahia como uma espécie de seguro do produtor. Tem a finalidade institucional de fortalecer os mecanismos de ação sanitária desenvolvidos pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB).

Como associação civil sem fins lucrativos, na situação de guerra contra a aftosa que se vive na Bahia, o Fundap pode oferecer garantias e meios mais rápidos e menos burocráticos para indenizar criadores que sejam atingidos por alguma operação de sacrifício sumário de animais, funcionando assim como um seguro epidemiológico.

RS: Hoffmann divulga números da vacinação

O secretário estadual da agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffmann, divulga hoje o relatório com os dados finais da campanha de vacinação contra febre aftosa no RS, concluída na sexta-feira. O anúncio deve ser feito durante a cerimônia de abertura da Expodireto 2002, no Centro Tecnológico da Cotrijal, em Não-me-Toque. A estimativa é que tenham sido imunizados ao todo 13,5 milhões de bovinos e bubalinos em 17 municípios de todo o Estado.

Hoffmann acredita em um percentual igual ou superior à última campanha, que alcançou 97% do rebanho vacinado. “A febre aftosa é coisa do passado. Hoje, ela está totalmente controlada e erradicada”, afirmou. A campanha de vacinação começou no dia 7 de janeiro e deveria terminar em 28 de fevereiro, mas foi prorrogada para ampliar o número de animais imunizados, que até então era de 95%.

Uruguaiana reúne amanhã veterinários do Mercosul

Veterinários que atuam em áreas de fronteira entre Brasil, Uruguai e Argentina, e integram o comitê do Convênio Bacia do Prata, do Panaftosa, reúnem-se amanhã e quarta-feira em Uruguaiana para avaliar as ações a serem desenvolvidas em 2002.

Nos dias 21 e 22, reúne-se o grupo técnico do convênio, formado por representantes dos três países mais Bolívia, Paraguai e Chile. As informações são do coordenador adjunto do comitê, Pitta Pinheiro.

Fonte: O Estado de São Paulo (por Luiz Carlos Ramos), A Tarde/ BA (por Nilton Nascimento) e Correio do Povo/ RS, adaptado por Equipe BeefPoint

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