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7 de março de 2002

Brasil na luta contra a aftosa em todas as regiões

Em todo o Brasil os Estados estão imunizando os rebanhos contra aftosa. No Mato Grosso a vacinação foi prorrogada até 15 de março devido às chuvas que isolaram diversos municípios e prejudicaram a ação dos pecuaristas. Em Minas Gerais, no Circuito Pecuário Leste ela deve estender-se até 31 de março, apesar dos produtores estarem enfrentando dificuldades com a compra das doses, que agora são vendidas em lotes de 50 unidades. O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Paulino Cícero Vasconcellos, prometeu cobrar uma atitude do ministro Pratini de Moraes com relação a esse problema, pois existem pequenos pecuaristas que não precisam de mais de 20 doses.

Já no município argentino de Monte Agudo, na província de Misiones, a apenas oito quilômetros de Tiradentes do Sul (RS), apareceu um novo foco da doença, que ameaça o Rio Grande do Sul. Por isso as autoridades gaúchas estão tomando todas as precauções de fiscalização e quem não aplicou a última vacina no rebanho deve faze-lo agora.

Leia matéria completa:

O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) prorrogou ontem o prazo para a confirmação e vacinação contra febre aftosa para o dia 15 de março. Esta primeira campanha do ano teve como alvo bezerros de zero a doze meses.

O prazo inicial expirou na última quinta-feira (28). Apesar de não ter fechado um balanço sobre a cobertura vacinal da campanha, o presidente do Indea, Ênio Arruda, optou pela ampliação do prazo. A meta da campanha é imunizar um rebanho de bezerros estimado em 4,5 milhões de cabeças em Mato Grosso. “As intensas chuvas que atingiram o Estado nos últimos 60 dias prejudicaram muito o trabalho dos pecuaristas. Ainda não sei quantas cabeças foram imunizadas, mas para uma cobertura maior se faz necessária essa prorrogação”, justifica.

O Indea vai notificar o pecuarista que perder este novo prazo, a partir do dia 15. As punições podem ocorrer na esfera administrativa: para cada dia que o pecuarista deixar de cientificar o órgão estadual, há o impedimento de movimentação do gado no mesmo tempo. Venda e compra também ficam suspensas. O instituto poderá também lavrar um auto de infração, multando o pecuarista em R$ 38 por animal que deixou de ser vacinado.

Minas Gerais

A primeira etapa de vacinação do rebanho bovino do Circuito Pecuário Leste vai até o dia 31 de março. Cerca de 10,5 milhões de cabeças de gado de 164 mil criadores distribuídos por 155 mil propriedades rurais em 586 municípios à margem direita dos rios Grande e São Francisco estão envolvidos na campanha. Todos eles da região central de Belo Horizonte, região metropolitana, Norte de Minas, Zona da Mata, Vale do Aço, Rio Doce, Mucuri, São Mateus e Jequitinhonha fazem parte do Circuito Leste, além dos Estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Sergipe.

Com a campanha de vacinação, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), espera contribuir mais com as exportações da carne. “O Brasil já deu um salto significativo nas exportações. Em 2000 colocamos 560 mil toneladas de carne no mercado externo. No ano passado saltamos para 800 mil toneladas tendo superado um pouco o volume de US$ 1 bilhão nas vendas ao exterior. Neste ano esperamos alcançar uma marca acima de um milhão de toneladas exportadas e atingir a segunda posição no ranking mundial das exportações de carne bovina”, aposta o diretor-geral do IMA, Célio Gomes Floriani.

Atualmente, de acordo com dados divulgados pelo diretor do IMA, a Austrália é a maior exportadora mundial de carne, com 1,3 milhão de toneladas. Em segundo lugar vêm os Estados Unidos, com um milhão e em terceiro o Brasil. O País quer, justamente, alcançar a posição norte-americana.

A primeira etapa de vacinação do rebanho neste ano está vindo acompanhada de uma polêmica. O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Paulino Cícero Vasconcellos, criticou o Ministério da Agricultura por autorizar, segundo ele, a venda das vacinas por meio de regras inaceitáveis ao padrão do produtor mineiro. “O comportamento mercadológico é de quem quer empurrar o produto, ao vendê-lo em embalagens de 50 doses. Isso prejudica o pequeno produtor que tem 10 ou 12 cabeças de gado. Não justifica ele comprar 50 doses”, afirmou o secretário, prometendo cobrar na próxima semana, em Brasília, uma atitude do ministro Pratini de Moraes.

O secretário acusou o Ministério de aceitar a decisão das cinco grandes indústrias fabricantes da vacina, em vender quantidade mínima de 50 doses e também se mostrou preocupado com a chegada da anemia infecciosa eqüina.

Centro-Oeste

A segunda etapa da vacinação contra a febre aftosa no Circuito Pecuário Leste está prevista para 1º de setembro. Enquanto a primeira etapa é válida para animais de qualquer idade, a segunda é voltada para rebanhos de até 30 meses de vida.

A primeira etapa de vacinação no Circuito Pecuário Centro-Oeste, que compreende a região localizada à margem esquerda dos rios Grande e São Francisco, começa em maio. A segunda etapa será em novembro. Esse circuito abrange as regiões do Alto Paranaíba, Noroeste, Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Sudoeste de Minas. Inclui os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná, Tocantins e Distrito Federal. Os dois circuitos somam um rebanho de 122,5 milhões de cabeças de gado bovino.

Goiás

A brucelose e a raiva bovina estão na mira dos órgãos de vigilância da sanidade animal de Goiás. Técnicos da Agência Rural estão fazendo levantamento sorológico com coleta de material em todos os municípios do Estado, com o objetivo de conhecer a prevalência das doenças no rebanho bovino goiano. O trabalho faz parte de uma série de atividades que estão sendo desenvolvidas para a erradicação das doenças no rebanho goiano.

Foco argentino preocupa RS

Foi descoberto ontem um foco no município argentino de Monte Agudo, na província de Misiones, a apenas oito quilômetros de Tiradentes do Sul (RS). A descoberta foi feita graças a informações de cidadãos argentinos a parentes moradores em Tiradentes do Sul. A Secretaria da Agricultura, que já estava cobrindo a região, fez o comunicado ao Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) e ao Ministério da Agricultura. Também foram adotadas medidas para evitar a entrada da enfermidade em território brasileiro.

Foi intensificada a barreira sanitária na região e está sendo realizada uma operação pente fino nas propriedades de Tiradentes do Sul, Esperança do Sul e Três Passos, onde há 15 mil cabeças de bovinos, ovinos e suínos. Quem não aplicou a última vacina, deverá fazê-lo agora. Todos esses animais receberão brincos para melhor identificação. Oito barcos com técnicos e policiais estão circulando noite e dia no Rio Uruguai, única barreira que separa Monte Agudo e Tiradentes do Sul. “A crise na argentina aumentou o contrabando na região. Na semana passada, nossos barcos apreenderam 11 bovinos que estavam atravessando o rio”, disse o secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann.

O coordenador da Divisão de Fiscalização e Defesa Sanitária Animal da secretaria, Valter Léo Verbist, calcula que 40 profissionais estão trabalhando na fiscalização e na imunização do rebanho dos três municípios. O delegado regional do ministério, Flávio Vaz Netto, explicou que a ausência de aduana na região desobriga ação do governo federal. Mas informou que está providenciando o envio de tropas do Exército.

Fonte: Zero Hora, Diário de Cuiabá, Hoje em Dia/MG (por Roberta Moreira), adaptado por Equipe BeefPoint

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