O Brasil poderá retomar, nos próximos dias, a importação de carne bovina com osso do Uruguai. A expectativa é do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que esteve reunido na semana passada com o Conselho Agropecuário do Sul, formado pelos países do Mercosul, mais Chile e Bolívia. Hoje, o Brasil compra apenas carne desossada e maturada do país vizinho. A restrição brasileira foi imposta em 2001, em função da ocorrência de focos de febre aftosa no rebanho uruguaio. Atualmente, o país tem a mesma condição sanitária do Rio Grande do Sul, ou seja, é determinado pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), zona livre de aftosa com vacinação.
Os criadores gaúchos não têm interesse na retomada desse comércio, avisa o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Fernando Adauto. Segundo ele, a entrada da carne uruguaia no Estado pode inibir a alta no preço pago aos criadores pelo quilo do boi vivo, que hoje está em cerca de R$ 1,55. “Já estamos em desvantagem porque a carne do Centro-Oeste chega ao Estado mais barata e com benefícios fiscais. Além disso, passamos muito tempo vendendo a valores abaixo dos custos de produção”, salienta o dirigente, lembrando que, no final de abril, o quilo estava cotado entre R$ 1,35 e R$ 1,40. A expectativa, revela Adauto, é alcançar, durante este mês, valores semelhantes aos aplicados em São Paulo, onde do quilo do boi vivo vale entre R$ 1,65 e R$ 1,70.
“Há a tendência de compra do Uruguai se essa carne estiver mais barata do que o produto que vem do Centro-Oeste. Entretanto, tudo vai depender da cotação do dólar”, observa o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle.
O dirigente da Farsul reclama da desigualdade de condições existentes entre os sistemas sanitários do Brasil e do Uruguai. “Se vamos permitir a entrada da carne, eles também precisam facilitar o ingresso de gado brasileiro em pé para criação”, declara. Para Adauto, é importante lembrar que a febre aftosa partiu do Uruguai em direção ao Brasil, e não o contrário. “Enquanto o Rio Grande do Sul registrou apenas 30 focos, os uruguaios tiveram mais de 2 mil focos da doença”, complementa.
Adauto também espera, para a próxima semana, uma definição sobre a liberação da entrada de gado em pé e de carne bovina gaúcha com osso em Santa Catarina. A liberação será tema de reunião, no dia 11, entre os secretários da agricultura dos dois estados. “Não há mais razões para o governo de Santa Catarina negar isso aos gaúchos”, acrescenta Adauto.
Fonte: Jornal do Comércio, RS, adaptado por Equipe BeefPoint