Ainda é cedo para previsões, mas as exportações da carne brasileira neste ano deverão, mais uma vez, responder pela sustentação do setor, que continua à mercê de um fraco consumo no mercado interno. O Brasil negocia apenas 20% de sua produção anual para outros países, no entanto, o interesse do mercado internacional pelo produto brasileiro tem evitado quedas drásticas no valor da arroba do boi dentro do País. A informação é do analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa.
O País tem potencial para atender ao mercado mundial sem que isso influencie negativamente o abastecimento interno. As exportações, ”que têm dado uma boa mão para o setor”, não conseguem promover uma reação maior nos preços pagos os produtores, avaliou Rosa.
Do começo do mês até hoje o equivalente físico do boi no atacado paulista despencou 8%. ”A queda é resultado do fraco consumo da proteína. A carne teve maior queda que o boi gordo, que também registrou redução de 2,5% no valor de negócios”, informou o analista.
O valor da arroba, de acordo com Rosa, só não caiu mais porque a oferta recuou. ”Quem pôde e tinha pasto preferiu segurar os animais, na tentativa de reação de preços no final do mês, quando são pagos os salários e o consumo tende a aumentar”.
A exportação ajuda a segurar o preço, mas, para acontecer a valorização do boi e o mercado reagir, é preciso mesmo aumento do consumo interno que, por sua vez, depende da melhoria do poder aquisitivo da população.
Segundo dados da Scot, em 2003 o Brasil exportou 1,260 milhão de toneladas de equivalente carcaça, com faturamento de US$ 1,5 bilhão. Melhorou em 31% o volume e em 40% em faturamento em relação a 2002. ”Agora é preciso trabalhar o marketing para valorizar ainda mais o produto brasileiro. Os Estados Unidos, que exportaram menos que o Brasil em 2003, tiveram, no entanto, um faturamento maior: US$ 3,5 bilhões”.
Se 2003 foi um ano bom para o Brasil no mercado externo, já no interno o setor não atingiu o esperado. Havia expectativa, por exemplo, que a arroba chegasse aos R$ 70, o que não aconteceu em função do consumo interno. A estimativa é que houve recuo entre 1kg a 1,5kg per capita. Em 2002 o consumo ficou em 37kg/per capita. A redução é reflexo da situação econômica do País.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint