Sem abandonar as negociações de liberalização comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC), os países da Ásia e Pacífico já avançam em um "plano B", com acordos regionais que derrubam barreiras a mercadorias e serviços, afirmou o ministro do Comércio da Austrália, Simon Crean, que termina hoje, em reunião com empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uma visita de três dias ao país. Crean defende um acordo de liberalização de serviços entre Mercosul, Austrália e Nova Zelândia e propõe associação entre Brasil e Austrália para exportação de tecnologias a terceiros países.
Sem abandonar as negociações de liberalização comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC), os países da Ásia e Pacífico já avançam em um “plano B”, com acordos regionais que derrubam barreiras a mercadorias e serviços, afirmou o ministro do Comércio da Austrália, Simon Crean, que termina hoje, em reunião com empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uma visita de três dias ao país. Crean defende um acordo de liberalização de serviços entre Mercosul, Austrália e Nova Zelândia e propõe associação entre Brasil e Austrália para exportação de tecnologias a terceiros países.
“Sempre há um plano B”, comentou Crean, ao relatar os diversos acordos regionais em que a Austrália tem se engajado desde agosto de 2008, quando se paralisou a Rodada Doha, de liberalização comercial, na OMC. “Não o chamamos assim, mas (a assinatura de acordos regionais) pode se tornar alternativa efetiva, se Doha continua paralisada”. Os acordos não conflitam com a rodada, podem complementá-la, defendeu.
“Uma das coisas que estamos muito dispostos a explorar é a possibilidade de um arranjo entre Mercosul e Austrália e Nova Zelândia”, garante Crean. Ele argumenta que a crise financeira mundial obrigou os países a mudarem a visão tradicional, de que os países do Cone Sul e os da Oceania seriam competidores no mercado. “Há investimentos da Vale e da Petrobras na Austrália, investimentos australianos no Brasil, em energia eólica e hidroeletricidade”, comenta. “Não estamos competindo, mas buscando complementaridades.”
As discussões com o governo brasileiro ainda estão muito voltadas às questões multilaterais, da negociação na OMC, mas uma eventual redução das atividades dos negociadores em Genebra poderá abrir espaço para discussão regional, ou bilateral, prevê Crean. “Há oportunidades aí para Austrália e Brasil trabalharem juntos na penetração de terceiros mercados”, acredita ele. O caminho seria fornecer conhecimento e tecnologia, por entidades como a Embrapa ou o órgão de pesquisas agrícolas australiano, sugere. “Há oportunidades de trabalharmos bilateralmente com o Brasil, não só em recursos naturais mas também em terceiros mercados.”
Apesar do entusiasmo com a aproximação bilateral entre Austrália e Brasil, Crean, amigo do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, concorda com o brasileiro em insistir na tentativa de alcançar, ainda neste ano, um acordo na Rodada Doha. Há sérias dificuldades em conseguir apoio dos Estados Unidos para maiores concessões em agricultura, em um ano de eleições para o Congresso, mas as autoridades do governo Barack Obama têm mostrado compromisso em chegar a um acordo, acredita o ministro.
“Eles precisarão de maior liberalização, para alcançar a meta do presidente Obama, de dobrar as exportações dos EUA”, argumenta Crean. Lembrado de que um dos problemas na OMC é exatamente a insistência americana de reabrir discussões já vencidas sobre redução de tarifas para produtos industriais, ele diz que os EUA sabem ser necessário dar maiores concessões primeiro, se quiserem avanços.
A matéria é de Sergio Leo, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.