A Braspelco, maior exportadora de couros do Brasil, sediada em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, vai aumentar sua produção neste ano com implantação de nova fábrica em Itumbiara, Goiás, com investimento de US$ 40 milhões. A nova planta vai acrescentar dois milhões de unidades de couro aos atuais três milhões de capacidade produtiva do grupo. Esta quantidade corresponde a 8% da produção nacional. O diretor superintendente da Braspelco, Arnaldo Frizzo Filho, disse que a nova unidade chega em um momento de comemoração pelo crescimento nas exportações, que atingiram 82% do faturamento da empresa nos cinco primeiros meses do ano.
“Conseguimos ampliar nossas vendas de semi-acabados e acabados, que possuem maior valor agregado e que hoje correspondem a 90% do material negociado no exterior. Os outros 10% são de wet blue“, completa.
A empresa, que possui unidades também em Nova Esperança do Sul (RS), Mococa (SP), Guaxupé (MG) e unidades terceirizadas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, apresentou resultado 56% maior, em 2001, em comparação a 2000, atingindo faturamento de R$ 450 milhões.
Para este ano, a unidade de Itumbiara, que deve gerar dois mil empregos quando estiver funcionando a plena carga, em 2003, deverá ter faturamento anual de US$ 180 milhões. “Nosso plano é levar um pouco da produção de Uberlândia para Goiás, equilibrando em quatro milhões de unidades de couro por ano nossa produção total”, explica Frizzo. A fabricação total no Brasil é de 32 milhões por ano.
Segundo ele, questões tributárias e logísticas pesaram na decisão de levar a planta industrial para fora de Minas. “O Estado, que possuía vocação para agropecuária e seus derivados, vem perdendo espaço no cenário nacional. Parece que Minas ficou mais focada no setor automobilístico”, revela.
O superintendente comemora o crescimento nas vendas de produtos elaborados, pois no Brasil, do volume vendido ao exterior, 75% é de matéria-prima. As vendas de couro wet blue cresceram em cerca de 100% para China, por exemplo. “É uma pena, pois o Brasil tem o melhor material, a melhor mão-de-obra e mercado garantido para a produção. No entanto, concentra as exportações no produto primário, grande parte devido à carga tributária, pois quanto maior a cadeia produtiva, mais incidentes são os impostos”, justifica.
Segundo Frizzo, o wet blue é vendido com valor 30% superior ao adquirido do criador de gado. Já o semi-acabado tem um acréscimo de 90% e o manufaturado, transformado em sapato ou material para estofado, ultrapassa 100% de valor agregado. “Nossa unidade no Rio Grande do Sul fabrica os produtos e é quem tem melhor desempenho nas exportações, além de gerar mais de 700 empregos”, completa. O superintendente acrescenta que a Ásia é responsável por 40% das demandas da Braspelco, seguida das Américas (30%) e Europa (30%).
O executivo lembra que o bom desempenho das exportações do ano passado se deve também à abertura de mercados na Argentina, apesar da crise, e no Uruguai. Os dados mais recentes indicam que o mercado sul-americano responde por 6% da produção da empresa. Essa situação peculiar é atribuída ao fato de as exportações de couros para a Argentina e Uruguai serem posteriormente “reexportadas” ao mercado europeu, asiático e norte-americano.
O couro comprado pelos argentinos é o destinado ao estofamento de móveis. O produto comercializado com os uruguaios é o usado em estofados e em acabamentos de automóveis. A empresa é responsável por 8% do total da produção de 32 milhões de peças couros do país e de 15% das exportações brasileiras. A produção mundial de couros é de 220 milhões de unidades.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Karlon Aredes), adaptado por Equipe BeefPoint