A Braspelco, maior exportadora de couros do Brasil, sediada em Uberlândia (MG), obteve faturamento de R$ 600 milhões em 2003, o que significa um crescimento de 8% em relação ao desempenho obtido no ano anterior. O resultado é fruto de investimentos da empresa em suas unidades fabris para ampliar a produção de manufaturados e mudar o perfil da empresa de produtora de couro primário para fabricante de artefatos de maior valor agregado.
A empresa investiu US$ 40 milhões em uma fábrica em Itumbiara (GO) em 2002 e outros US$ 9 milhões na fábrica de Uberlândia (MG) no ano passado. Os aportes serviram para ampliar a produção de couros em dois milhões de unidades, passando para uma capacidade produtiva de cinco milhões de unidades.
Na fábrica-sede os aportes foram aplicados na compra de maquinários para a produção de luvas, aventais, material para calçados e capas de sofás e estofados de automóveis.
Esses investimentos resultaram na criação de 1.250 postos de trabalho no grupo, já que para a produção de manufaturados foi preciso contratar, disse o diretor-superintendente da Braspelco, Arnaldo Frizzo Filho.
Ainda não foi iniciada a produção de luvas e aventais na unidade mineira, o que deve ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano e gerar mais 250 empregos.
A empresa, hoje, exporta 85% de sua produção e, ao contrário do que ocorria há sete anos, quando exportava somente produtos primários como o wet blue, 90% de tudo o que vende lá fora são manufaturados.
A produção atual da empresa é de três milhões de unidades, já que a fábrica de Itumbiara ainda não opera a plena capacidade. Desse total 70% é de wet blue e semi-acabados para estofamento e 30% para calçados.
Frizzo cobra medidas do governo para beneficiar o setor. Mas o governo federal irá reduzir taxas de exportação para o wet blue, até isentá-lo em 2006. “Isso não beneficia a cadeia, pois o material primário sairá do Brasil com facilidade, sem ser beneficiado”, disse.
O Brasil produz 36 milhões de unidades de couro e exporta 80% delas, em grande parte no estágio primário. O consumo de couro vem caindo muito no País por conta do empobrecimento da população, disse o superintendente.
Países como Argentina e Índia, que ao lado do Brasil, Rússia e China, são os principais produtores mundiais, têm elevadas taxas de exportação para forçar a industrialização.
No Brasil, há muitos impostos que prejudicam a produção. Caso existissem incentivos e dificuldades para o produto primário sair do País, as exportações, que hoje representam US$ 2,5 bilhões, poderiam chegar a US$ 7,5 bilhões.
A Ásia é responsável por 40% das demandas da Braspelco, seguida das Américas (30%) e Europa (30%). A Braspelco produz 8% do couro nacional e é responsável por 15% das vendas externas do Brasil.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Karlon Aredes), adaptado por Equipe BeefPoint