A BRF Brasil Foods, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão, perdeu R$ 2,26 bilhões em valor de mercado após o início do julgamento da união no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A BRF Brasil Foods, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão, perdeu R$ 2,26 bilhões em valor de mercado após o início do julgamento da união no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
O relator do processo, o conselheiro Carlos Ragazzo, reprovou a operação anteontem, apontando risco de aumento de preço dos produtos vendidos pelas empresas. O julgamento foi interrompido após o conselheiro Ricardo Ruiz pedir vista e deve ser retomado na próxima quarta-feira. Ruiz indicou que deve seguir o relator em seu voto. Cinco conselheiros decidirão o futuro da BRF.
A notícia caiu como uma bomba no mercado financeiro. Apesar de esperar imposições do Cade à fusão, a maioria dos analistas não considerava a possibilidade de o conselho exigir a dissolução da empresa, formada em maio de 2009. Em dois dias, as ações caíram 9,3% – considerando as cotações de fechamento de terça-feira, véspera do julgamento, e quinta-feira. O papel terminou o pregão a R$ 25,31, queda de 3,21%, mas chegou a perder 6,9% durante o dia. Desde terça-feira, o valor de mercado da BRF caiu de R$ 24,32 bilhões para R$ 22,06 bilhões, uma diferença de R$ 2,26 bilhões.
“Ninguém esperava uma posição tão dura, e o comportamento das ações comprova isso”, afirmou Renato Prado, analista do setor de alimentos da Fator Corretora.
“Para o mercado, o pior dos cenários seria a obrigatoriedade de venda de uma das marcas líderes, Sadia ou Perdigão. Do jeito que o Cade está propondo, nem sinergias no mercado externo seriam mais atingidas”, disse Gabriel Lima, analista do banco Santander.
O parecer de Ragazzo foi tão duro que levou analistas a começar a incorporar, em seus modelos de análise, a possibilidade de o negócio ser desfeito. Alguns bancos reduziram a recomendação e o preço-alvo para as ações. Diversos cenários estão sendo formados: quanto a BRF (antiga Perdigão) valeria sem a Sadia, no caso da venda de uma das marcas e de o impasse entre o Cade e a empresa permanecer.
Por enquanto, a incerteza continua. “Estamos recomendando ficar de fora do papel enquanto não conhecermos a decisão final do Cade”, disse o analista Cauê Pinheiro, da SLW Corretora.
As incertezas também criam novos cenários para as empresas concorrentes. De um lado, os competidores veem grandes chances de o negócio ser desfeito ou se arrastar por anos na Justiça, como no caso Nestlé-Garoto, enfraquecendo as marcas. De outro, vários desses concorrentes fazem fila esperando abocanhar uma parte dos negócios ou mesmo toda a Sadia.
A lista de candidatos é grande e pode incluir empresas nacionais, como JBS e Marfrig, mas a americana Tyson Foods lançou-se na frente. Gigante com vendas anuais de US$ 28 bilhões, a Tyson informou oficialmente ao Cade que tem interesse em comprar ativos da Brasil Foods que eventualmente tenham que ser vendidos por determinação do conselho.
“Não só a Tyson como uma centena de outras empresas tem muito interesse na Sadia”, avalia o consultor Osler Desouzart, ex-diretor de comércio exterior da Sadia e da Perdigão.
O voto lido quarta-feira pelo relator do processo no Cade, Carlos Ragazzo, é pela determinação para que a Perdigão desfaça a fusão ou venda suas ações na Sadia. Na época da operação, em 2009, a Sadia estava praticamente quebrada após prejuízos bilionários com derivativos cambiais.
No caso mais recente de rejeição a um negócio, o Cade determinou que a Owens Corning vendesse uma fábrica de fibra de vidro adquirida da Saint-Gobain. Esgotado o prazo dado pelo conselho para a venda, o Cade nomeou um interventor que coordenou a venda da fábrica à revelia das empresas. Esse desfecho é possível para o caso da Brasil Foods, fruto da fusão entre Sadia e Perdigão, segundo uma advogada especialista na área.
A Tyson e a Marfrig foram as duas companhias que mais se pronunciaram junto ao Cade no processo da fusão entre Perdigão e Sadia. Cada uma enviou sete petições não confidenciais ao conselho, sendo cinco em resposta a questionamentos do próprio Cade e duas vezes por iniciativa própria. Foi em um desses documentos que a Tyson afirmou estar interessada em ativos da Brasil Foods.
As informações são da Folha Online e do Brasil Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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Que prejuizo para os investidores porque a CADE demorrou demais para questionar a fusão entre a Sadia e o Perdigão criando o BRF.
A ganancia de querer dominar os mercados quase sempre tem um custo para funcionarios e consumidores e nem sempre é bem sucedido.
Os informações publicadas na imprensa sobre as consequencias da incorporação da Unibanco pela Itau dão conta das arduas tarefas a serem cumpridos pelo Itau com reflexos quais parecem de ser negativos para tudos.
Pessoalmente me parece que ambos as empresas (Sadia e Perdigão) tem condições de permanecer no mercado, mas pode ser que o BRF já é uma realidade sem retorno!
Um absurdo, o CADE é Brasileiro ?
Contrariando a união de duas empresas genuinamentes brasileiras, vai proporcionar uma empresa americana este grande negócio.
Os americanos até hj estão lutando contra a JBS enquanto no Brasil, fecham as portas para empresas nacionais, que Patriotismo é este, neste ponto os gringos estão anos luz na nossa frente.
Parabéns ao CADE,mostra que tem bom senso,Sadia e Perdigão tem que ser concorrentes no mercado,assim facilita a nossa vida como consumidor,
Assim como a fusão JBS e Bertin,tem que ser revista,o que esta acontecendo para
nos em baixa qualidades dos produtos Bovino é um absurdo,devem ser também
concorrentes para melhorarem seus produtos.
Se a Sadia vai para as mãos de estrangeiros ou não,tanto faz.
O importante é que se mantenha a sadia concorrencia,e que o setor não seja menos monopolizado.
Por que se preocupar com estrangeiros,nossos governantes e BNDEs nos rifam de tudo que é forma.
É preciso existir concorrencia.
Tomara que ela não acabe sendo objeto das consolidações dos eleitos do BNDEs.
Hehe, essa tá de doer.
Se o julgamento mudar e aprovarem a fusão, a BRF deveria entrar imediatamente com um pedido de ressarcimento por danos financeiros, físicos e morais contra o governo… A queda na bolsa deve ter sacudido não só bolsos, mas tbm mtos corações por aí.
Impressionante o CADE enrolar tanto tempo neste caso e ainda pedir vistas na hora do julgamento. Não era pra estarem preparados e declararem logo os votos?! Do jeito q está sendo feito mais parece q tem gente com informação privilegiada a fim de ganhar uns trocos na Bovespa.
Ah, e o monopólio só existe msmo na cabeça dos "sábios" do governo!! Fico com a Escola Austríaca de Economia nessa questão: monopólios só se garantem com uma mãozinha do estado ( com "E" minúsculo mesmo !! ). Num livre mercado concentração de empresas q gere altos ganhos só tem a atrair mais concorrentes em busca dos mesmos ganhos, mas isso, claro, num LIVRE MERCADO… nada próximo do capitalismo surreal q vivemos.