No dia 19 de Janeiro, ocorreu na cidade de Telford, Inglaterra, o Export Workshop 2009, promovido pelo British Livestock Genetics Consortium (BLG). O BLG é um consórcio pan-industrial que visa auxiliar no desenvolvimento e manutenção de negócios de longo prazo, gerados a partir das exportações do gado e genética britância. O consórcio tem ainda como objetivo criar uma imagem positiva e favorável no mercado internacional, promovendo o Reino Unido como forncedor de genética de alta qualidade. Neste ano, além de destacar uma nova parceria entre o BLG e o DEFRA (Departamento para o Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais) que permitirá melhorias no processo de certificação para a exportação, o Workshop teve como foco o Brasil, considerado "uma terra de oportunidades" pelos britânicos.
No dia 19 de Janeiro, ocorreu na cidade de Telford, Inglaterra, o Export Workshop 2009, promovido pelo British Livestock Genetics Consortium (BLG). O BLG é um consórcio pan-industrial que visa auxiliar no desenvolvimento e manutenção de negócios de longo prazo, gerados a partir das exportações do gado e genética britância. O consórcio tem ainda como objetivo criar uma imagem positiva e favorável no mercado internacional, promovendo o Reino Unido como forncedor de genética de alta qualidade.
Neste ano, além de destacar uma nova parceria entre o BLG e o DEFRA (Departamento para o Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais) que permitirá melhorias no processo de certificação para a exportação, o Workshop teve como foco o Brasil, considerado “uma terra de oportunidades” pelos britânicos.
E não é para menos: a certificação sanitária foi retomada agora no início do ano 2009, permitindo que o Brasil importe sêmen e embriões do Reino Unido. E o Brasil é realmente um mercado potencial: de acordo com dados da ASBIA (2007), a utilização de sêmen importado no Brasil vem crescendo ano a ano (tanto para gado de leite como de corte). Em 2003, a participação de sêmen importado no mercado de inseminação artifical representou 23,5% do total (1.759.716 doses); em 2007, esse percentual passou a 38,1% (2.860.898 doses), com especial destaque para as raças Angus, Red Angus e Polled Hereford no gado de corte e das racas Holandês e Jersey no gado de leite.
Se analisarmos apenas o crescimento das vendas de Aberdeen Angus, cujo berço da raça remonta a Fazenda Tyllifour em Aberdeenshire, percebe-se ainda mais este potencial, tão almejado pelos Britânicos: de 2003 à 2007 o crescimento foi de 96,1%, sendo que em 2007 mais de 370.000 doses de sêmem importado foram vendidas, muito poucas provenientes do Reino Unido.
As importações foram suspensas em agosto de 2007, após os casos de Febre Aftosa que ocorreram na Inglaterra. Mas a história comercial entre os dois países é bastante antiga, e tem origem no nosso interesse pelas raças britânicas. Até o final dos anos 1980, chegaram a ser enviadas meio milhão de doses por ano para o Brasil. No entanto, com o surgimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE ou doença da vaca louca), e dos focos de febre aftosa de 2001 e 2007, os negócios praticamente cessaram. Nesse periodo, outros países passaram a fornecer genetica para o Brasil, tais como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e França.
Interessantemente, ao longo desses últimos anos, a genética no Reino Unido vem se aperfeiçoando e se adaptando às demandas dos mercados. A maior parte dos registros é proveniente de rebanhos de Limousin, Charolês e Aberdeen Angus, assim como de British-Belgian Blue (muito utilizado também para cruzamento em rebanhos leiteiros). Na União Europeia, o sistema de classificação utilizado (EUROP) valoriza principalmente as carcaças mais pesadas, o que oferece vantagens aos criadores de raças continentais. No entanto, ano a ano vem ocorrendo um aumento no número das raças britânicas, em função da demanda do mercado (principalmente das redes de varejo no Reino Unido) por carne de qualidade. Atualmente, TESCO, Marks&Spencer e Waitorose, por exemplo, têm programas específicos de parcerias com produtores, nos quais combinam a marca própria da rede com a raça Angus. No caso do gado leiteiro, a raça Jersey também vem se destacando, uma vez que os animais são criados em sistemas à pasto, com alta produtividade e menores custos.
Neste ano, mais uma vez os britanicos virão ao Brasil e participarão da Expointer no Rio Grande do Sul, onde estarão divulgando a genética bovina do seu país. As portas estão abertas para negociação. Espera-se que esta nova oportunidade de parceria possa trazer benefícios mútuos aos países. O Reino Unido tem um espaco importante a conquistar, considerando-se o volume significativo que o Brasil representa no mercado mundial de genética animal . Além disso, somos uma vitrine. O que se faz por aqui, impressiona.
Sob o nosso ponto de vista, a importação de material genético de alta qualidade só tem a nos beneficiar, na medida em que avançamos para a qualificaço do nosso rebanho. O uso de raças europeias selecionadas (e provadas) de acordo com nossas necessidades técnicas em programas de cruzamento ou mesmo em rebanhos puros em muito poderá contribuir para a melhoria dos nossos produtos.
Nota: Palestraram no evento o Méd. Vet. Fernando Furtado Velloso, Consultor Pecuário e Gerente do Programa Carne Angus Certicada da Associacao Brasileira de Angus, o Méd. Vet. Roberto Schroder, Fiscal Federal Agropecuário do MAPA e mestrando do Royal Agricultural College (Cirencester) e a Dr. Marcia Dutra de Barcellos, Pos-Doutoranda em Marketing de Alimentos (MAPP/Dinamarca), Professora e Pesquisadora (PUCRS).
Palestrantes do Reino Unido: Martin Williams (International Health – DEFRA), Andrew Taylor (Chairman do BLG) e Marcus Bates (Diretor do BLG e CEO da British Pig Association)
O Workshop precedeu a British Cattle Conference 2009, realizada nos dias 20 e 21 de Janeiro de 2009.
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Em 2008, o Brasil também teve lugar de destaque neste evento, com palestra do Prof. José Fernando Piva Lobato, professor da Universidade Federal do RS.
Fica evidente, pois, o grande interesse do Reino Unido pelo mercado pecuário brasileiro. Entendo, porém, que a abertura das nossas portas a eles, deveria ter tratamento recíproco, com a aceitação da carne brasileira na UE. O mercado internacional, a meu juízo, tem que ter mão dupla.
Parabéns , Márcia, pelo excelente artigo e pelo grande trabalho de divulgação da raça Angus e da pecuária bovina brasileira que você e a ABA vêm fazendo, interna e externamente !
Prezado Weber,
A restrição à carne bovina brasileira na União Européia é um assunto bastante complexo, e que além de questões técnicas relativas ao nosso sistema de rastreabilidade envolve ainda o lobby altamente eficiente dos produtores pecuários do Reino Unido e da República da Irlanda. Mas se engana quem pensa que não há interesse por parte de outros agentes da cadeia: empresas de catering/food service e muitos varejistas e britânicos e estão ´de olho´ e bastante interessados na volta da carne brasileira.
A UE tornou-se uma grande importadora de carne bovina nos últimos anos, e o continuará sendo. É, no entanto, um mercado altamente exigente e protegido. Assim, ou nos adequamos às suas exigências ou teremos de buscar outros mercados.
Claro que precisamos de força política para evitar que regras absurdas nos sejam impostas, mas é o momento de levarmos a sério questões como a preservação do meio ambiente e bem-estar animal, como há muito vem se divulgando.
A certificação, por exemplo, de carne bovina produzida em áreas ´Amazon Forest Free´ poderia dar segurança aos consumidores Europeus mais conscientes, além de efetivamente valorizar aqueles produtores brasileiros que praticam uma pecuária sustentável em áreas ambientalmente frágeis e visadas mundialmente.
Independente disso, entendo eu, que a importação de material genético de alta qualidade (seja qual for a origem) tende a nos beneficiar. Finalmente, cabe destacar que as regras sanitárias para comercialização de sêmen bovino não podem ser comparadas às regras aplicadas à comercialização de carne bovina.
Um grande abraço.
Muito obrigada, Stella.
Enfrentamos sempre grande desafio ao defender nosso país no exterior, mas temos um potencial incrível e acredito que a pecuária brasileira pode e deve brilhar.
Precisamos aumentar nossa credibilidade e mostrar ao mundo que é possível produzir de forma competitiva e responsável.
Um super abraço
Prezada Márcia,
O artigo traz uma notícia interessante para os pecuaristas que utilizam as raças britânicas no seu negócio. O Reino Unido é o fornecedor primário de genética bovina para a formação de nossos plantéis, assim como da maioria dos países produtores. O retorno desse fornecedor ao nosso mercado após um bom período ausente permite introduzir linhagens diferentes com uma seleção apurada e voltada para um mercado exigente, em benefício de nossa produção.
Por outro lado, sabemos que se houve uma manobra de demagogia por parte da União Européia ao “apertar” o rigor com a “certificação” brasileira, com fim de agradar o eleitorado Irlandês que estava para votar o tratado de Lisboa, é importante que haja, em qualquer negócio, sintonia entre o produtor e o desejo do consumidor. Querendo vender carne para consumidores exigentes, que podem escolher não apenas qualidade mas mercadoria sem máculas morais ou ambientais em sua produção, precisamos definir o que é prioridade para o Brasil.
Será que precisamos ver “representantes” do setor rural baterem-se contra as leis ambientais em nosso nome? Será que os produtores eficientes do Brasil desejam confundir-se com as empresas que realizam desmatamento para criação de pastagens em áreas da Amazônia? Precisamos sempre carregar o fardo do subdesenvolvimento político de alguns estados brasileiros e seus empresários “robber barons”?
A idéia de um selo “Amazon Free” ou semelhante seria um ótimo instrumento de mercado para nossa proteção, mas insuficiente frente à necessidade de uma ação ´mais efetiva do governo em defesa de nosso nome.
Prezado Carlos Sant´Ana,
Obrigada pela sua carta. Infelizmente, aos olhos dos estrangeiros (principalmente Europeus), é muito difícil compreender as distâncias continentais do nosso país (os mais de 4.000km que separam o RS da Amazônia, por exemplo). Assim, invariavelmente, os produtores brasileiros em geral serão acusados de desmatamento, mesmo estando distantes de áreas conflagradas. Concordo plenamente de que precisamos de ações coletivas, não apenas do Governo, mas de toda a sociedade, para defesa do nosso nome.
A realidade nua e crua, é, no entanto, preocupante. Dados do IBGE apontam que entre 2002 e 2006, das 20,5 milhões de cabeças de gado adicionadas ao rebanho nacional, 14,5 milhões encontram-se na Amazônia. Recentemente, no dia 29 de Janeiro de 2009 o Greenpeace liberou um relatório onde apresenta ´O Rastro da Pecuária na Amazônia (Mato Grosso: O Estado da Destruição)´. Chamem de sensacionalista, exagerado, dramático, o que seja.
O ponto é que tal relatório está circulando na internet em todo o mundo e a imagem do pecuarista brasileiro fica cada mais comprometida. Precisamos realmente repensar nossas ações e prioridades, unindo forças e competências para a defesa do que é certo e justo.
Um grande abraço
Prezada pesquisadora Márcia,
Parabéns pelo artigo, entretanto, uma correção só no Pará são 20 milhões de cabeças e o estado é responsável por 98% da exportação de boi vivo, o que transformou o Brasil em 4º maior exportador do mundo.
Esse comentário, todavia, é destinado ao sr. Carlos Sant´Ana com o seu “ranço” contra os pecuaristas amazonidas, região, que desconfio nem conhece, rica em pecuaristas competentes que desmataram áreas por orientação do governo federal, quando a politica rural era bem diferente da de hoje toda calcada em opinião de estrangeiros que desejam transformar a Amazônia em reserva do mundo.
Este senhor, sentado em sua fazenda em um estado que é o maior importador de boi vivo do Brasil, se atreve a assacar acusações contra os amazonidas, inclusive, a repercutir uma publicação apócrifa de uma organização alienigena que se autodenomina de “green peace”, financiada por governos e organizações cuja única finalidade é alijar o Brasil do Mercado.
sr. Carlos Sant´Ana, é bom que saiba que, em recente fiscalização do MAPA ao processo de exportação de bovinos vivos, aquele Ministério chegou a conclusão que a tecnologia utilizada pelos exportadores paraenses é superior até mesmo a da Austrália.
Por outro lado a produtividade do pecuarista paraense é, pelo menos, 100 vezes superior a da tão badalada Austrália cujos pecuaristas precisam de até 100 ha para produzir um boi e no Pará, a média, é inferior a uma cabeça por ha.
Ainda, caso o senhor não saiba, milhares de bovinos, do Pará – leia-se Amazônia, exportados nos anos de 2008 e 2009 são oriundos de confinamento.
Caro sr. Carlos Sant´Ana, gostaria de fazer-lhe alguns pedidos:
1. Tenha a cautela de conhecer a Amazônia e os seus pecuaristas antes de assacar qualquer acusação contra eles.
2. Toda a divulgação contra os pecuaristas da Amazônia, na internet, é “orquestrada” por paises e organizações que, insisto, querem o Brasil fora do mercado
Lutamos sim contra determinadas politicas ambientalistas que são irracionais, repressoras e antidesenvolvimentistas.
É bom lembrar que se não houvesse estes argumentos tão bem elaborados, pelo “governo de Maria-vai-com-as-outras e pela imprensa que desconhece inteiramente a realidade, os alienígenas inventariam quaisquer outros argumentos, porque a finalidade não é proteção da Amazônia ou do meio ambiente e sim alijar-nos do mercado.
Ainda, com relação à políticas ambientais, se precavenha, pois, mais cedo ou mais elas chegarão ao “glorioso e fronteiriço” estado do Rio Grande do Sul.
Novamente, caso o senhor não saiba, todas as restrições da UE contra a carne e o boi do Brasil foram inventadas na Inglaterra e Irlanda, grandes concorrentes nossos.
Sobre o que é divulgado na internet não temos que ficar queixando-nos ou repercutindo, temos sim é que contestá-las veementemente como estou fazendo com o seu comentários.
Certo e Justo é sermos mais brasileiros.
Obrigado pelo espaço pesquisadora Marcia Dutra de Barcellos e abraços “che”.
Gil Reis
Prezada Marcia Dutra de Barcellos, Professora e Pesquisadora da PUCRS
Espero que a sua opinião expressada na carta ao senhor Carlos Sant´Ana não esteja sendo usada em sala de aula, porquanto, só transmite uma visão distorcida da pecuária e dos Amazônidas.
Leia a minha carta anterior e sopese os argumentos, talvez lhe falte um pouco mais de pesquisa de campo.
Vai aqui uma sugestão, caso seja difícil pesquisa de campo na Amazônia, entre em contato com os pesquisadores das unidades da EMBRAPA na Amazônia, principalmente do Pará.
A senhora vai perceber que a sua avaliação não é muito correta e a senhora não está sendo muito justa com os pecuaristas da Amazônia. Nem tudo que a imprensa divulga é verdadeiro, até porque, na nossa região, são rarissimos os jornalista que conhecem a área rural e esses não comungam com a sua opinião.
As informações divulgadas são plantadas por alguns setores do governo orientados por ONGs estrangeiras ou vinculadas ao MST, cuja a única finalidade é destruir o Agronegócio, essa informação é oriunda de uma declaração do próprio presidente do MST, que disse – “…queremos destruir o Agronegócio….”.
Professora, temos que tomar muito cuidado para não engrossarmos a “fileira” dos “inocentes úteis”.
Creio que a senhora é muito competente, entretanto, um pouquinho “ingenua”, o que a impede de vislumbrar todo o jogo politico para retirar o Brasil do mercado internacional, usando a Amazônia como arma.
Não esqueça que os mesmos que nos criticam hoje já nos chamaram, em passado recente, de “AMAZÔNIA O CELEIRO DO MUNDO.”
Tenho boa memória, apesar de meus 62 anos dos quais 40 na Amazônia, não sofro do mal que acomete a maioria das autoridades brasileiras com relação a história rural do Brasil – o mal de alzheimer.
Foi um prazer poder conversar com a senhora e transmitir um pouco da minha experiência do sofrimento Amazônico.
Fica aqui um convite, venha conhecer a nossa região e a seriedade do trabalho dos pecuaristas da Amazônia para alimentar o Brasil e o Mundo – o Brasil é o 4° maior exportador de bovinos vivos do mundo e o Pará é responsável por 98% dos animais exportados, inclusive com milhares de cabeças criadas em confinamento, por falar nisso, o seu estado, Rio Grande do Sul, é o maior importador de bois vivos do país – como as realidades são diferentes, não acha?