A rede de lanchonetes Burger King, que iniciou suas operações no Brasil há um ano, se prepara para ultrapassar os limites de São Paulo, aumentando a disputa com a rival McDonald’s. Contratos de franquia com três novos grupos de investidores levarão a segunda maior empresa de fast food do mundo para Brasília, Belo Horizonte e Salvador.
A primeira loja a ser inaugurada abre em novembro, em Brasília, no Pátio Brasil Shopping. No mês seguinte, começam a funcionar as unidades no BH Shopping, em Belo Horizonte, e no Shopping Barra, em Salvador. Em São Paulo, a rede inaugurará a sexta loja na capital, no Shopping West Plaza, até o fim do mês, e ainda abrirá mais duas unidades na região metropolitana, em Santo André e Osasco.
Com todas as inaugurações, serão 11 lojas no Brasil. “Vamos fechar o ano com uma expansão 20% maior do que a prevista em nosso plano de negócios montado para o País”, explica o gerente de marketing do Burger King do Brasil, Afonso Braga. “Isso mostra que os investidores reconhecem a força da marca”, diz. A rede negocia ainda outros contratos de franquia que levem seus hambúrgueres para o Rio de Janeiro e outros estados do Nordeste.
O sistema de franquias do Burger King é diferente do que impulsionou o crescimento de McDonald’s no país e depois deu severas dores de cabeça à rede. Em vez de focar em franqueados individuais, o Burger King concede franquias regionais, em que o investidor é responsável por todos os restaurantes de uma determinada região. “Isso aumenta a rentabilidade do negócio e evita problemas como canibalização entre os restaurantes”, diz Braga.
Em São Paulo, a BGK do Brasil responde por todos os restaurantes inaugurados e os que devem abrir até o fim do ano. No acordo fechado com o Burger King, os dez sócios da BGK deverão investir US$ 20 milhões até 2010 na abertura de 50 unidades no estado. A King Food, que abrirá o restaurante em Brasília, terá a responsabilidade de desenvolver a marca em Goiânia, Campo Grande e Cuiabá. A Fast Burger, de Belo Horizonte, ficará com os negócios em Minas, enquanto a King Bahia responderá por Bahia, Sergipe e Alagoas.
Para atender a essa demanda, o Burger King prepara mudanças em sua logística, um dos pontos fortes do McDonald’s. Segundo Braga, a rede deve definir em breve um fornecedor local para a carne de seus hambúrgueres. Hoje, o produto é importado congelado do Paraguai, Argentina e Uruguai, países que também fornecem para as outras lojas da rede na América do Sul. Outra peça importante da lanchonete, a máquina onde os hambúrgueres são grelhados, não tem similar no país e precisa ser importada. A região Nordeste terá um sistema de logística diferente, em que fornecedores locais suprirão a rede com hortaliças e pães. O restante será levado de São Paulo.
Com a expansão, Braga acredita que o Burger King tenha vencido a primeira etapa de sua implantação no país, que é firmar o nome da rede. As filas nas lojas de São Paulo e os congestionamentos em torno de sua loja de rua, que atraíram a ira do prefeito José Serra, são uma amostra da popularidade da rede. “As pessoas têm simpatia natural pelo número dois, por aquele que cutuca o número um”, diz Braga.
Agora, segundo ele, a rede deve entrar em outra etapa, com refinamento do cardápio e novidades nas lojas. Já para o verão deve trazer dois tipos de tortas geladas dos EUA, uma de chocolate, feita em parceria com a Hershey’s, e outra de limão. Só não vai trazer com certeza o Enormous Omelet Sandwich, uma monstruosidade calórica criada para aplacar o apetite dos americanos no café da manhã. “Café da manhã não é nosso negócio no Brasil. Já café em si é outra história”, diz Braga, sinalizando que em breve o Burger King deverá atacar de frente os McCafés, um dos novos negócios da concorrência.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Daniel Hessel Teich), adaptado por Equipe BeefPoint