Há pouco tempo atrás, em um curso ministrado pela Scot Consultoria, nos foi perguntado qual era a tendência tecnológica de produção que estava em moda no momento. Se não fosse bom para usar como exemplo, seria apenas trágico.
O caso reflete a comum procura por soluções técnicas de resultados econômicos de curto prazo, algo difícil de ser conseguido em propriedades rurais.
É comum a ocorrência de discussões entre pesquisadores e técnicos, cada um defendendo arduamente uma posição tecnológica contrária à defendida pelo outro, o que acaba gerando mais confusão ainda.
Neste cenário, fica a impressão da existência de duas correntes de tecnologia: a correta e a errada. O produtor, na busca por resultados, acaba tomando partido nestas correntes, ora acreditando em determinada linha de produção, ora apostando em outra. Porém, por mais que todo o setor esteja envolvido nestas polarizações de filosofias tecnológicas, quem acaba ficando com o mico do prejuízo é o produtor. Aos demais, técnicos, pesquisadores e outros envolvidos, ficam apenas as batalhas de egos e vaidades.
A alteração da tecnologia nas propriedades rurais, sem planejamento prévio, geralmente implica em prejuízos. Perde-se competitividade, perde-se tempo e recursos financeiros, principalmente nas etapas de treinamento e execução dos novos procedimentos. Muitas vezes, a inovação da “moda” implica em aquisição de maquinários ou investimentos em benfeitorias, o que aumenta os custos fixos da propriedade. Investir é importante, porém investir e voltar atrás é extremamente prejudicial. A esta busca por soluções imediatas, na maioria das vezes sem planejamento, é o que damos o nome de imediatismo.
Sendo estas decisões imediatas prejudiciais ao empreendimento, cabe ao administrador buscar metodologias eficazes para evitá-las. A mudança é necessária ao empreendimento, porém é importantíssimo que as mudanças sejam feitas com base em critérios coerentes com os objetivos da empresa.
Para avaliar a eficácia da tecnologia hoje em uso na propriedade e as novas propostas do mercado, é necessário ponderar sobre algumas questões, ou seja, parar para pensar. Um bom método é responder a algumas perguntas, tais como: O que se espera com a técnica? Como é o processo de execução desta tecnologia? Em quais situações ela se aplicar melhor? Quando ela é melhor aplicável? Quanto de resultados pode ser esperado por unidade investida? Por quê? Por quê? Por quê?
Certa vez, um palestrante comentou que a melhor postura de um administrador era a do Alberto Roberto, aquele personagem cômico do Chico Anysio, que pergunta incansavelmente diversos por quês seguidos aos seus entrevistados.
Veja o exemplo de uma adubação intensiva de pastagens, ainda polêmica no meio pecuário.
Dá ou não dá resultados econômicos? Como tem que ser realizada? Em que estado de vegetação do pasto? Qual a dose recomendada? Qual o tipo de adubo? Quanto tempo depois do gado ter saído do pasto? Quanto tem que chover? Qual a era mais apropriada de animal? Qual o tamanho do lote? O que mais poderia atrapalhar a eficácia da tecnologia? E por aí vai.
Buscando respostas a estas perguntas, dificilmente acaba-se comprando “gato por lebre”, uma velha reclamação referente ao exagerado número de técnicas que não produzem resultados no campo.
Estas perguntas, inclusive, facilitarão em muito a atuação do técnico ou do pesquisador que estiver lhe apresentando uma nova metodologia de produção. Recomenda-se mais de uma pessoa buscando perguntas e respostas a estas questões, que nada mais é que o “Brainstorming” ou tempestade de idéias, tão amplamente divulgado como ferramenta eficaz de administração.
O imediatismo do produtor e a busca por soluções milagrosas, como ficou conhecido este comportamento no meio acadêmico, não é culpa dos veículos de informações como revistas, internet e televisão, mas sim da falta de planejamento antes da adoção das técnicas. O produtor tem que perguntar, o técnico tem que buscar respostas.
Não espere uma novidade tecnológica para buscar respostas a estas perguntas, busque as respostas para as técnicas que já estejam sendo adotadas. Este é o primeiro passo para iniciar um sistema eficaz de gerenciamento de processos ou de manejos.