A rastreabilidade do rebanho nacional está comprometida. O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), que deveria ter entrado em vigor dia 30 de junho, foi adiado novamente. Pela terceira vez, o governo deve dilatar o prazo para que os frigoríficos que exportam para a União Européia tenham tempo hábil para atender às normas. Oficialmente, depois de 2 de setembro nenhuma carne poderá ser enviada àquele bloco sem a certificação de origem mas, nos bastidores, fala-se em, mais uma vez, mudar o prazo.
O sistema foi criado em janeiro deste ano, dando o prazo de 30 de junho para os exportadores e até 2007 para que todo o rebanho nacional fosse rastreado. No entanto, apenas em 18 de junho deste ano o governo credenciou as empresas que iriam fazer a certificação. Em função disto, o prazo foi adiado pela primeira vez.
No último dia 6, técnicos do governo, certificadoras e setor produtivo reuniram-se para avaliar o sistema. Na ocasião, ficou definido o novo prazo, de 2 de setembro. Apesar de fontes oficiais afirmarem que a data não será mais modificada, acredita-se que a exigência da rastreabilidade para as exportações para a União Européia, não deverá vigorar este ano. Nenhum técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) quis se pronunciar sobre o assunto e o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Carlos de Oliveira, está em viagem no exterior.
Garantias adicionais
Naquela época, o secretário havia afirmado que as exportações não seriam suspensas porque havia garantias adicionais que continuariam existindo até que 100% do rebanho destinado às vendas externas estivessem rastreados. Hoje, a carne exportada é rastreada por lote de animais e o governo certifica que inspecionou as propriedades e caminhões de transporte.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Edivar Queiroz, apenas 20% do rebanho está rastreado e o Brasil comercializa com a União Européia quase 60% das exportações totais, que no ano passado foram de US$ 1 bilhão. Queiroz garantiu que, para agilizar o processo, as indústrias estão bancando os custos da rastreabilidade (cerca de R$ 1 por animal) junto aos produtores.
“Corremos os risco de em 2 de setembro ter pouca carne rastreada”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), José Olavo Borges Mendes. Para isso, a instituição pede que seja também certificadora. Segundo Mendes, 80% do rebanho nacional é zebuíno ou cruzado, o que facilitaria a identificação por parte da entidade, uma vez que esta já faz o registro genealógico e a prova zootécnica.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint