No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.
Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.
Confira abaixo, a entrevista com José Claudio Fontoura, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul, na categoria Profissional – nutrição de gado de corte.
José Claudio Fontoura mora em Dom Pedrito – RS. É médico veterinário e técnico em extensão rural da fábrica de rações da Cotrijui, regional de Dom Pedrito, há 17 anos.
BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?
José Claudio Fontoura: Talvez tenhamos dois grandes desafios hoje na nossa pecuária: produtividade e valorização dos nossos produtos.
BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?
José Claudio Fontoura: Acho que não temos apenas um exemplo, mas sim vários e em diversos segmentos, os quais devem ser observados como: as novas ideias que surgem em cima de desafios constantes de produtividade, que é necessário para permanecer na atividade; a alta concentração de animais por área nas pequenas propriedades de invernada na região de Bagé e Dom Pedrito; a eficiência dos pequenos invernadores, que produzem dez vezes mais que a média do estado; os produtores de genética da região de Santana do Livramento, que em solos de basalto e sem auxílio da lavoura de soja ou arroz produzem touros e matrizes iguais ou superiores a qualquer outra região do estado.
BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?
José Claudio Fontoura: Não existe outra forma, a não ser a valorização da qualidade da nossa matéria prima. Acho que falta melhorar muitas etapas dentro do sistema produtivo, mas já temos especialistas na atividade produzindo este material que pode ser bem mais valorizado, através de bonificações por qualidade ou outra modalidade que beneficie este artista, pois produzir em pecuária no Brasil é uma arte.
BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?
José Claudio Fontoura: Tenho um atrativo grande por confinamentos. Em nossa região temos poucos, mas em alguns locais conseguimos produzir animais confinados com corte de forragem verde, que está sendo uma grande alternativa para as pequenas propriedades, tanto no inverno quanto no verão. Acho que será um grande pulo, quando conseguirmos aumentar a nossa capacidade de lotação produtiva por ha nas propriedades. Acho que precisamos mecanizar melhor o nosso pequeno e médio produtor para esta próxima etapa de pecuária.
BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?
José Claudio Fontoura: Está sendo feito, temos grandes produtores e tecnologias, mas também parece distante de alguns, que ainda estão no tradicional ciclo pecuário de boi velho, prenhês baixa e baixo desempenho em função de clima, terneiros leves e alta mortalidade. Talvez por estes e outros motivos não temos uma padronização de nossos novilhos para sustentar um mercado exigente, e apesar de termos bons exemplos, ainda nos falta profissionalização no campo.
BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?
José Claudio Fontoura: Troca de experiências, visitas à outros produtores. Acho que ainda é o melhor resultado. Temos que ver para crer. Portanto, neste ano que passou, buscamos visitar outros produtores focados na mesma atividade.
BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?
José Claudio Fontoura: Foco em resultados, planejamento e execução. Buscamos a organização das propriedades baseados em fatos e dados, buscando objetivos e metas.
BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E porquê?
José Claudio Fontoura: Seguir na busca pela mudança e inovação no setor. Temos muito a melhorar e acho que temos muitos desafios pela frente. Se estamos aqui, temos a obrigação de em 2013 sermos melhores ainda, pois se o mercado não responde em preço (e acho que não vai responder tão cedo), nós devemos produzir mais e só se produz com trabalho, gestão e tecnologia.
BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?
José Claudio Fontoura: Inovação. Devemos buscar mudanças no setor, onde a maior parte de nossa produção ainda sai de um sistema antigo, sem infraestrutura e ultrapassado. Apesar disso, temos pessoas mudando e mostrando novos números e resultados superiores. Acredito que para atingirmos o que queremos, com a indústria e mercado melhor remunerados, temos muito a melhorar para termos um padrão de qualidade na mercadoria de um modo geral, não só em algumas propriedades.
BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?
José Claudio Fontoura: Um não vive sem o outro (produtor e frigorífico) e acho que não deveríamos ter esta distância, pois da proximidade é que surgirão ideias para o setor agregar valor para ambos os lados.
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