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Cálculo de adubação nitrogenada em pastagens

Apesar do nitrogênio estar presente em grandes quantidades na atmosfera, este não está disponível para as plantas (a ligação entre os átomos do N2 é muito estável e difícil de ser quebrada). Desta forma, as principais fontes de N são a matéria orgânica do solo e os fertilizantes e, no caso de áreas com leguminosas, a fixação biológica.

Devido ao seu efeito sobre a produção de forragem e ao elevado custo dos fertilizantes, o cálculo da adubação nitrogenada é um ponto chave para o sucesso da intensificação em áreas de pastagem. Ao contrário do que ocorre para outros nutrientes, não há uma metodologia de análise de solo que permita estimar, de forma segura, a quantidade de nitrogênio disponível para as plantas e, consequentemente a quantidade de fertilizante a ser aplicada para atender às suas necessidades. Isso ocorre porque o nitrogênio presente no solo participa de uma série de processos dinâmicos (ex: mobilização e mineralização) que alteram sua disponibilidade em intervalos curtos de tempo.

É preciso, portanto, buscar outros parâmetros para calcular a adubação nitrogenada. Uma opção é partir de valores de eficiência de adubação. A resposta das gramíneas forrageiras à adubação nitrogenada é bastante variada.

Uma revisão feita por Balsalobre et al. (2002) mostra uma variação de 5 a 89,2 kg MS para cada kg de nitrogênio aplicado. Essa variação está ligada a fatores tanto da planta quanto do ambiente, sendo que o histórico da área poderá auxiliar na escolha do valor a ser adotado. Caso a área ainda não seja bem conhecida, pode-se considerar um valor médio de 50 kg MS/kg N aplicado como ponto de partida.

Para realizar o cálculo, é preciso estimar-se, também a eficiência de pastejo e o consumo de matéria seca dos animais. Como foi explicado no artigo “Eficiência de pastejo x perdas de forragem” publicado neste radar, a eficiência de pastejo depende do resíduo pós-pastejo e das perdas de pastejo. Em áreas de pastejo rotacionado, pode-se considerar valores de 50 a 60% de eficiência de pastejo. O consumo de forragem em pastagens é outro parâmetro bastante difícil de ser estimado. Para efeito de cálculo, pode-se considerar cerca de 10 kg MS/UA.dia.

O exemplo abaixo mostra como utilizar estes valores para calcular a necessidade de nitrogênio para uma área com lotação de 5 UA/ha.

  • Consumo de forragem durante a estação de crescimento: 5 UA/ha x 10 kg MS/UA.dia x 150 dias = 7.500 kg MS/ha
  • Necessidade de forragem considerando uma eficiência de pastejo de 60%: 7.500 kg MS/ha/ (60/100) = 12.500 kg MS/ha
  • Quantidade de nitrogênio considerando 50 kg MS/kg N aplicado: 12.500 kg MS/ 50 kg MS/kg N = 250 kg N/ha
  • Quantidade de nitrogênio por pastejo considerando o ciclo de pastejo de 30 dias: 250 kg N/ha : 5 aplicações = 50 kg N/pastejo (ciclo de pastejo = período de pastejo + período de descanso).

Como pode se observar, este cálculo depende de uma série de valores que não são bem conhecidos e que, mesmo em condições experimentais, apresentam, uma grande variação. Alguns técnicos têm obtido sucesso utilizando a relação empírica de 50 kg N/UA para lotações entre 3 e 8 UA/ha durante a estação de crescimento. Este valor, no entanto, deve ser adotado com cautela e nem sempre irá proporcionar o resultado esperado.

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