A cadeia produtiva da carne demonstra preocupação com o mercado para 2010, os preços baixos nos principais mercados e o dólar desvalorizado, cuja alta poderia compensar as perdas na exportação de carne, são as causas principais desse temor. "O ideal para a exportação da nossa carne é o dólar ser de R$ 2,20 para cima", afirmou Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
A cadeia produtiva da carne demonstra preocupação com o mercado para 2010, os preços baixos nos principais mercados e o dólar desvalorizado, cuja alta poderia compensar as perdas na exportação de carne, são as causas principais desse temor.
“O ideal para a exportação da nossa carne é o dólar ser de R$ 2,20 para cima”, afirmou Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Mesmo com 2009 ainda sem um balanço final das exportações, é possível prever que a queda na receita ante 2008 seja próxima a 30% e o volume recue em torno de 15%. Ou seja, o Brasil vendeu carnes com menor valor para os clientes externos, por conta da queda de consumo e de liquidez no pós-crise e ainda pelo fato de os principais concorrentes – Estados Unidos, Uruguai, Argentina e Austrália – estarem bastante ofertados.
José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP, avalia que o mercado consumidor possa se recuperar neste ano, com crescimento da economia nos principais países compradores do Brasil. “Mas o câmbio segue como condicionante para muitos produtos, entre eles as carnes; se houver mais desvalorização, poderemos ter problemas sérios para o setor”.
O pecuarista Ricardo de Castro Merola, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), avalia que o dólar desvalorizado tornou a carne brasileira muito cara e o país sofreu com a concorrência. Segundo ele, a conquista de novos mercados, como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, que pagam preços melhores, seria uma saída para compensar as perdas com o câmbio. Mas as barreiras sanitárias impostas por esses países inviabilizam a exportação da carne brasileira.
Nesse cenário, de acordo com o presidente da Assocon, o confinamento bovino em 2010 recuará. “Ainda é impossível saber quanto cairá, mas é praticamente inviável confinar, já que o custo do boi magro é maior que o do boi gordo”. A entidade representa 60 pecuaristas que, em 2009, confinaram 530 mil animais, cerca de 20% dos 2,6 milhões abatidos no país, oriundos de confinamentos.
O dólar desvalorizado no Brasil dá vantagem aos vizinhos Argentina e Uruguai no mercado internacional de carne bovina. A avaliação foi feita nesta quarta (6/01), por James Cruden, diretor da área de bovinos do Marfrig. Com isso, mesmo com o preço da carne bovina em alta no mercado internacional, o que poderia reaquecer as exportações brasileiras, o desempenho das vendas externas do setor e da companhia ainda é incerto este ano.
“Os preços internacionais estão em um patamar razoável e podem ajudar o Brasil, mas o problema é o câmbio. No Uruguai e na Argentina”, disse Cruden. O executivo espera, no entanto, que o mercado da União Europeia se recupere em 2010, após a queda nas exportações desencadeada pela crise mundial, a partir do último trimestre de 2008. “Espero que UE volte a crescer, mas temos outros mercados bons, como Rússia e Irã”, afirmou.
Já o desempenho do mercado interno ainda é uma incógnita para o diretor do Marfrig, principalmente por ser difícil avaliar como será o comportamento do consumidor brasileiro. “O consumo segue bom, a distribuição de carne em São Paulo está muito boa e tudo indica que a oferta de carne também será melhor. Mas ainda é difícil avaliar, porque em janeiro há uma retração natural no consumo, que só volta a crescer após o fim das férias escolares” completou.
As informações são da Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.