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Canadá: preço cai devido ao número recorde de animais

Os preços de bovinos no Canadá caíram vertiginosamente e os números de animais aumentaram muito, atingindo níveis recordes desde a descoberta de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no país em 20 de maio, de acordo com o novo relatório divulgado pelo Statistics Canadá.

Havia um recorde de 15,7 milhões de bovinos nas propriedades rurais do Canadá em primeiro de julho – o maior número desde que este dado começou a ser registrado na década de vinte. Este número também marca um aumento de 1,9% com relação ao ano anterior.

Entretanto, os preços dos bovinos vivos caíram uma média de 40% desde 20 de maio, quando as fronteiras internacionais se fecharam para a indústria de carnes canadense devido à doença da “vaca louca”. Nacionalmente, os preços da carne bovina caíram 5% em julho, com relação a junho, de acordo com o relatório de índice de preços mensais ao consumidor da agência. Este é o maior decréscimo mensal desde meados da década de setenta.

“Apesar de haver fatores sazonais, a maior parte da pressão de baixa veio do decréscimo dos preços dos cortes (de carne bovina) que o Canadá normalmente produz para exportação”, informou o relatório.

O setor de bovinos do Canadá, que produziu quase Cdn$ 7,6 bilhões (US$ 5,41 bilhões) no ano passado, apresentou perdas estimadas de Cdn$ 11 milhões (US$ 7,84 milhões) desde maio. Porém, tanto em preços das carnes, como no tamanho do rebanho, a província de Alberta – onde o caso de EEB foi registrado e que tem quase 39% do rebanho bovino do Canadá – sobressaiu-se.

De acordo com o relatório de índice de preços, em Alberta, os preços da carne bovina caíram bem abaixo da média nacional, caindo 16,4%.

“O Oeste do país reagiu da forma mais rápida para reduzir os preços”, disse a analista de mercado da CanFax, empresa que executa estatísticas pecuárias localizada em Calgary, Anne Dunford. “Há mais bovinos disponíveis do que podemos lidar”.

Os oficiais da indústria pecuária do Canadá registraram um acúmulo estimado de cerca de 100 mil bovinos em estabelecimentos de engorda, enquanto a taxa de abate do país caiu para 55 mil cabeças por semana, das 70 mil cabeças abatidas no mesmo período do ano passado para satisfazer a demanda internacional.

Apesar de os estoques de bovinos terem aumentado nacionalmente, o número em Alberta caiu 5,3% em primeiro de junho, com relação ao ano anterior. Isso ocorreu porque os produtores de carne bovina de Alberta foram bastante atingidos por dois anos consecutivos de seca, levando à falta de alimentos animais e ao aumento nos preços destes alimentos, resultando em uma redução no tamanho do rebanho da província, segundo explicou o chefe da seção de animais domésticos do Statistics Canadá, Mark Elward.

Apesar de a abertura parcial de fronteiras anunciada pelos Estados Unidos em oito de agosto, seguido rapidamente pela mesma medida tomada pelo México, significar passos na direção certa, elas não reduzirão imediatamente a sobre-oferta de animais ou a redução nos preços.

Os dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que os cortes aceitos pelo país de carne bovina canadense sem osso representará cerca de 40% dos Cdn$ 1,7 bilhão (US$ 1,21 bilhão) de produtos de carne bovina exportados pelo Canadá aos EUA no ano passado.

O presidente da Federação de Exportação de Carne Bovina do Canadá, Ted Haney, disse que com a produção de mais especificações de cortes sem osso e as vendas de carnes sem gordura ao invés de carne moída, as exportações poderão ultrapassar o valor de Cdn$ 1 bilhão (US$ 710,00 milhões) somente com este acordo. Apesar de os EUA estarem trabalhando em um plano para aceitar os bovinos vivos, os valores de antes de 20 de maio somente voltarão ao normal quando outros mercados chave, como a Ásia, estiverem acessíveis e todos os cortes de carnes forem aceitos.

“Os preços das carnes permanecerão sob pressão até que o acesso aos bovinos vivos aos EUA seja restabelecido – sinalizando o fim da atual crise”, disse Haney.

Fonte: The Globe and Mail (por Dawn Walton), adaptado por Equipe BeefPoint

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