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23 de junho de 2025

Carcaças de 680 kg são o novo normal nos EUA, não a exceção

Hoje, toda a indústria da carne bovina dos EUA — dos produtores aos processadores — está economicamente incentivada a produzir animais mais pesados. Ty Lawrence, professor de ciência animal da West Texas A&M University e diretor do BCRC, prevê que os pesos de carcaça continuarão aumentando, podendo chegar a 680 kg (1.500 libras) num futuro próximo.

Lawrence foi palestrante principal no Simpósio da Beef Improvement Federation (BIF) 2025, realizado em Amarillo na semana passada. Ele afirma que a indústria já testemunha o abate de bovinos com esse peso, e que alguns produtores atualmente estão terminando animais com até 1.043 kg (2.300 lb).

“Hoje conseguimos alimentar bovinos até pesos muito maiores e sermos mais lucrativos do que jamais se imaginou”, diz Lawrence.

Joe Epperly, produtor de carne do Kansas e participante do BIF, resumiu: “O comentário mais impactante no BIF foi a previsão de Lawrence sobre carcaças de 680 kg até o fim da carreira dele. As implicações disso na seleção genética, nos custos de produção e no tamanho das vacas são amplas. Será um desafio para produtores em todos os segmentos”.

Mais de 400 produtores de carne bovina, líderes de associações de raças e profissionais do setor participaram de dois dias e meio de programação educacional focada na lucratividade e sustentabilidade da indústria da carne.

Na terça-feira, 10 de junho, o evento começou com o Simpósio de Jovens Produtores. A sessão geral de quarta-feira teve como foco a “Lucratividade da Indústria da Carne: Sinais de mercado conflitantes e motores de lucro na cadeia de valor da carne bovina”. A sessão geral de quinta-feira teve como tema “Sustentabilidade: Melhorando nosso produto por meio da seleção, aplicação de tecnologia e integração de dados”.

As sessões técnicas das tardes de quarta e quinta abordaram uma variedade de tópicos sobre produção de carne e melhoramento genético.

Bradley Wolter, participante do simpósio vindo de Aviston, Illinois, disse: “Carcaças maiores serão parte crítica para preencher a lacuna na oferta no curto prazo. Identificar associações genéticas com mortalidade e morbidade tardias exige mais pesquisa e coordenação por parte das entidades de melhoramento”.

Ele afirma que ainda há um abismo entre carcaças finalizadas exponencialmente maiores, que otimizam os custos fixos dos frigoríficos, e a meta de vacas menores para o ótimo biológico na fazenda.

“É necessária uma análise de dados mais colaborativa e holística, com pesquisa integrada, para evitar a subotimização da indústria e garantir competitividade no cenário mundial”, resume Wolter.

Scott Greiner, professor da Virginia Tech e extensionista em ciência animal, concorda com Epperly e Wolter ao dizer que a mensagem que mais repercutiu entre os participantes foi a ênfase contínua no aumento do peso das carcaças por parte dos confinamentos e frigoríficos, e o impacto que isso terá sobre o setor de cria, especialmente em relação ao tamanho das vacas e aos custos de produção.

“Essa tendência não é nova, mas a forma como foi apresentada por vários palestrantes — em termos econômicos e de sinais de mercado — dá a entender que o aumento de peso continuará sendo uma prioridade”, afirma Greiner.

Ken Odde, vice-presidente do BIF para 2025/2026, de Dakota do Sul, afirma: “Duas das grandes questões sobre alimentar bovinos por tanto tempo [até atingir carcaças de 680 kg] são: o que acontece com as características da carcaça nesse processo? E o que acontece com a eficiência alimentar?”

Uma das sessões que mais chamou a atenção de Odde no simpósio foi uma apresentação sobre um projeto da South Dakota State University na sessão técnica “Avanços na Melhoria de Produto Final” — “Dias adicionais de terminação: Influências no desempenho de crescimento, eficiência e características de carcaça de novilhos e novilhas com diferentes proporções de genética Angus e Limousin”.

Os EUA estão ficando para trás?

“Em conversas nos corredores, percebi que os EUA estão atrasados na pesquisa sobre metano. E se quisermos competir no mercado global, precisamos correr atrás”, diz Epperly. “A Angus australiana vai lançar um EPD de metano em 2025, e nos EUA mal temos dados suficientes para ver diferenças. Esse banco de dados australiano inclui muitos touros americanos, então vamos ter dados — queiram alguns criadores ou não. A imagem pode não agradar a todos, mas tudo que pudermos fazer para manter as portas abertas para o nosso produto será benéfico.”

Da mesma forma, os palestrantes mencionaram a indústria da carne bovina do Brasil e como ela está posicionada para continuar crescendo rapidamente, graças aos seus abundantes recursos — especialmente as pessoas.

“Isso se vê não apenas na adoção em escala de inseminação artificial, mas também no número crescente de jovens geneticistas que compõem o público”, afirma Walter. “A indústria dos EUA precisa continuar investindo em melhoramento genético, com parcerias públicas e privadas, para manter sua posição de liderança global.”

Foco nos Jovens Produtores

“O Simpósio de Jovens Produtores começou com a mensagem ‘De pé nos ombros de gigantes’”, diz Elizabeth Dressler, estudante de pós-graduação presente no evento. “Isso me tocou profundamente, ao pensar em toda a pesquisa e progresso que a pecuária já alcançou ao longo dos anos. Achei uma ótima forma de abrir a conferência prestando homenagem ao passado enquanto olhamos para o futuro.”

Wolter acrescenta que há entusiasmo entre os jovens da indústria da carne.

“Esses jovens líderes estão se conectando com os consumidores de formas criativas, diferentes da geração anterior”, afirma. “Acredito que isso só aumentará a demanda e as oportunidades da indústria, apesar das incertezas sobre como os bovinos interagem com o meio ambiente.”

Outros temas importantes

Wolter compartilhou outros temas debatidos nas salas e corredores do BIF 2025:

– A cadeia beef-on-dairy está redefinindo o planejamento, execução e desempenho produtivo. Sistemas de produção mais alinhados melhorarão os resultados para os consumidores e estabelecerão novas referências de eficiência.
– Os sistemas tradicionais de produção de carne precisam aprender com essas práticas para capturar mais valor da sua cadeia.
– A infraestrutura de melhoramento genético dos EUA precisa encontrar maneiras de coletar mais dados fenotípicos na cadeia comercial.
– É essencial caracterizar nossos rebanhos onde a melhoria é mais necessária.
– A indústria precisa compreender melhor as expectativas dos consumidores quanto ao papel dos ruminantes no meio ambiente.
– Um diálogo mais produtivo entre os participantes do setor é necessário para definir os caminhos a seguir.

“Participar do Simpósio Anual da Beef Improvement Federation sempre parece um pouco como um reencontro de família”, diz Troy Rowan, professor assistente de genômica bovina na Universidade do Tennessee. “Não há outro evento que reúna produtores, acadêmicos, extensão rural e a indústria da forma como o BIF faz, em torno de objetivos comuns.”

Rowan afirma que a indústria da carne está em uma situação única no momento, e que o programa do BIF foi uma resposta perfeita às condições atuais e ao papel que a genética pode desempenhar no futuro.

“Falamos sobre antagonismos entre vacas de cria e carcaças, cadeias de suprimento, sustentabilidade, captura de dados, IA (inseminação artificial e inteligência artificial) e, acima de tudo, como continuar usando a genética para impulsionar a rentabilidade dos produtores”, resume.

Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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