O presidente do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina, Bernardo Cané, classificou a missão européia, que está no país monitorando as medidas de controle sanitário e os sistemas de rastreabilidade aplicados nos rebanhos argentinos, como “minuciosa e detalhista”.
Cané não escondeu seu otimismo ao apostar no retorno das exportações de carnes frescas argentinas para a União Européia (UE) em janeiro próximo. Porém, ele afirmou que isso dependerá quase que exclusivamente da impressão que os 6 especialistas europeus ficarem em relação ao controle sanitário argentino. Apesar da chegada da missão européia estar sendo esperada ansiosamente pelos membros do setor pecuário da Argentina, o medo que os europeus encontrem algo que não esteja completamente “em ordem” somente desaparecerá quando for entregue pelos especialistas o relatório, no próximo dia 15 de dezembro, para que seja discutido com os representantes dos 15 estados membros do bloco.
Sem fazer declarações para a imprensa e fugindo dos itinerários previstos pela agenda oficial feita pelos especialistas do Senasa, os técnicos europeus estão observando e fazendo perguntas. A atitude constante da comissão – que se dividiu para auditar com maior rapidez as diferentes zonas do interior da Argentina – foi até o momento de “desconcertar” e, nesta política, chegaram inclusive a parar caminhões que transportavam gado nas estradas do sul da província de Santa Fé. Tudo indica que a missão européia não está na Argentina para que as autoridades lhes digam que o plano sanitário de luta contra a febre aftosa e as medidas de controle estão funcionando bem, mas sim, está querendo mesmo comprovar com seus próprios olhos o quanto as medidas argentinas estão funcionando.
Os técnicos têm como objetivo concentrar sua atenção em 4 pontos fundamentais que sustentam a confiabilidade dos produtos derivados de carne da Argentina: controle eficiente da situação epidemiológica surgida a partir do reaparecimento da febre aftosa; infra-estrutura técnico-sanitária que dá respaldo à detecção e tratamento da enfermidade, isto é, laboratórios de diagnóstico e elaboração de vacinas; mecanismos empregados para a identificação de animais e avanço em sistemas de rastreabilidade; e finalmente, tudo o que refere-se a logística, transporte e inspeção de fábricas.
Os funcionários argentinos estão confiantes de que o resultado da missão será positivo e que as gôndolas européias voltarão a comercializar carne fresca argentina dentro de poucas semanas. Sua perspectiva baseia-se nos bons resultados obtidos através do controle dos focos de aftosa – hoje, só existe um em atividade ainda – e à campanha de vacinação.
Com relação à industrialização, das 50 fábricas que antigamente estavam habilitadas para exportar, agora são somente 30, o que demostra o nível de exigência que as autoridades sanitárias argentinas estabeleceram.
Tudo indica que a aprovação chegará em breve, mas isso não representa a salvação do setor de carne do país. A Argentina precisa conquistar o mercado internacional, que em parte foi “perdido” para o Brasil e para o Uruguai, devido à crise instalada no país com o aparecimento dos focos de febre aftosa. Para isso, será necessário traçar estratégias de diferenciação com os competidores, retomar a preferência dos consumidores e oferecer a confiança que é exigida do país.
Fonte: E-campo, adaptado por Equipe BeefPoint