Segundo um relatório elaborado pelo secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Giannetti da Fonseca, para esclarecer o processo de negociação do Brasil em uma possível abertura comercial, a carne bovina brasileira não será um produto a ter grandes vantagens na formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Isso porque, além da produção local dos Estados Unidos estar estagnada em 19 milhões de toneladas há quase 20 anos, a demanda interna norte-americana está em retração. As exportações de carne do Brasil podem ter como principal destino a União Européia, com o mercado aberto por causa do mal da ‘vaca louca’.
A redução da demanda interna dos Estados Unidos fez com que a produção daquele país – principalmente as chamadas “carnes nobres” – passasse a ser destinada ao mercado externo. Esse fato, segundo o relatório da Camex, eliminaria a possibilidade do Brasil vender no mercado norte-americano um produto de maior valor agregado, tendo espaço apenas para a ‘carne de segunda’.
Porém, como a cota de importação dos Estados Unidos está fixada em 697 mil toneladas e apenas 535 mil foram cumpridas no ano passado, ainda restaram lugar para 162 mil toneladas. Desta forma, há ainda um espaço para a carne brasileira neste mercado, o qual depende apenas de um acordo sanitário com os Estados Unidos, que é esperado para este ano, independente das negociações da Alca.
Segundo relatório do adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil, a previsão é de aumento da produção brasileira de carnes bovina e suína em 2002, em resposta à maior participação desses produtos no mercado externo, beneficiada pelo câmbio. No caso dos bovinos, a maior qualidade genética do rebanho será um dos fatores a elevar a produção em 4%, sustentada por crescimento moderado do consumo interno. A produção de suínos poderá crescer 5%, prevê o USDA.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inacio), adaptado por Equipe BeefPoint