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Carne bovina dos EUA Enfrenta novos desafios no Japão com a reentrada do Brasil

A carne bovina brasileira foi proibida no Japão em 2012 devido a preocupações com a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), também conhecida como Doença da Vaca Louca. Atualmente, o Brasil está em negociações com o Japão para retomar os embarques de carne bovina. Embora as importações japonesas de carne bovina brasileira tenham sido insignificantes antes de 2012, a possível reentrada do Brasil no mercado japonês pode representar um desafio significativo para as exportações dos Estados Unidos.

A importância do Japão para o comércio global de carne bovina e para as exportações dos EUA não pode ser subestimada. O Japão é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo e o segundo maior mercado para os Estados Unidos. Em 2024, as exportações de carne bovina dos EUA atingiram US$ 10,5 bilhões. Naquele ano, as exportações para o Japão representaram 18% desse total. 

Embora o Japão seja um destino crucial para a carne bovina dos EUA, os Estados Unidos também são especialmente importantes para o Japão como seu principal fornecedor. Em 2024, por exemplo, o Japão importou US$ 1,8 bilhão em carne bovina dos EUA, o que representou 43% do total de importações japonesas de carne bovina, superando as importações da Austrália (US$ 1,7 bilhão e 39%) e sendo significativamente maior do que as de países como Canadá, Nova Zelândia e México. Apesar da posição forte da carne bovina dos EUA no Japão, essa liderança pode ser desafiada pela reentrada da carne brasileira no mercado japonês.

Por volta da época da guerra comercial entre EUA e China, em 2018, o Brasil emergiu como o maior exportador global de carne bovina, superando os Estados Unidos, a Austrália e a Índia. O crescimento do Brasil como exportador de carne bovina se deve, em grande parte, ao aumento da demanda chinesa. À medida que a China se tornou o maior importador de carne bovina do mundo (quase US$ 14 bilhões em 2024), o Brasil se consolidou como seu principal fornecedor, representando 45% das importações chinesas totais em 2024, muito à frente de outros países exportadores.

Com exportações já superiores às de grandes concorrentes como os EUA e a Austrália, o Brasil tem capacidade para conquistar uma fatia significativa do mercado japonês de carne bovina? 

Em 2024, a produção de gado e carne bovina no Brasil foi baseada em um rebanho de 192,5 milhões de cabeças (incluindo bovinos de corte, leiteiros, vacas e bezerros). Nos últimos anos, o rebanho nacional do Brasil tem passado por um processo de liquidação, aumentando a oferta de gado para abate e a produção total. No ano passado, o rebanho nacional brasileiro foi reduzido em 2% e a tendência era de continuidade dessa redução até meados de 2025. Apesar dessa queda no rebanho, o Brasil manteve sua participação no comércio global. Com a expectativa de recuperação do rebanho, o Brasil pode acelerar esse processo para aproveitar a nova demanda do mercado japonês.

A demanda futura do Japão será baseada em uma combinação de qualidade e quantidade. Nas últimas décadas, os consumidores japoneses de carne bovina passaram a se aproximar mais das preferências dos consumidores dos EUA. Produtos como carne moída, bifes, hambúrgueres e fajitas tornaram-se cada vez mais populares no Japão. 

A grande questão é se o Brasil conseguirá igualar a qualidade da carne bovina dos EUA no Japão. A quantidade representa um obstáculo menor para o Brasil diante dessa nova oportunidade de mercado.

Fonte: Southern Ag Today, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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