Carne bovina: o próximo cigarro?

A carne bovina é constantemente relacionada com o aumento do desmatamento, com o aquecimento global, com a epidemia mundial de obesidade, com a má nutrição de crianças, mas existem muitos estudos e iniciativas que provam o contrário. Tudo isso nos faz acreditar que o maior desafio da pecuária é o conhecimento e a comunicação. Precisamos criar formas de fazer com que essas técnicas e exemplos bem sucedidos sejam multiplicados. A questão chave nesse desafio é a criação e difusão do conhecimento. O consumidor aprecia um bom churrasco, mas precisa ser cada vez mais municiado de informações que embasem e defendam seu prazer.

Na semana passada, na quinta-feira 19 de março, apresentei uma palestra em São Paulo, SP, num evento inédito chamado Epicentro, com o slogan “Ideias que valem a pena espalhar“. O objetivo era reunir palestrantes de diversas áreas em um formato inovador: palestras presenciais curtas de 20 minutos, gravadas e disponibilizadas em vídeo pela internet. Fui convidado a apresentar uma visão otimista e real da pecuária de corte. Aceitei, pois acredito que na linha de “ideias que valem a pena espalhar“, a pecuária tem muito o que contar.

O tema sugerido pela organização foi “Carne bovina: o próximo cigarro?“. O tema era arriscado, mas válido para despertar o interesse. Uma palestra com dados sólidos, comunicados de forma bem pensada poderia ser uma maneira muito boa de mostrar uma série de pontos positivos da pecuária, que são totalmente desconhecidos do consumidor. Felizmente o resultado foi positivo. Recebi comentários de pessoas que assistiram e gostaram, inclusive pessoas que alegaram ter reduzido, no passado, o consumo de carne bovina, graças a notícias negativas. Apresento aqui um resumo da palestra.

Os ataques mais comuns contra a carne bovina

A carne bovina é constantemente relacionada com o aumento do desmatamento, com o aquecimento global, com a epidemia mundial de obesidade, com a má nutrição de crianças. Mostrei uma série de capas de revistas, brasileiras e internacionais, sobre os temas. Em sua maioria, o enfoque dado a pecuária de corte era extremante negativo.

Porque consumimos carne?

O consumo de carne está arraigado na cultura mundial e brasileira. Há milhões de anos, a espécie humana consome carne vermelha e isso influenciou positivamente a evolução da nossa espécie. Diversos estudos comprovam a relação do acesso a proteína da carne com a evolução do cérebro humano. Graças ao maior consumo de proteína de alta qualidade, o homem pode desenvolver um cérebro muito maior do que os outros mamíferos.

Em reportagem recente, a revista inglesa The Economist mostrou um novo estudo que relaciona o consumo de carne vermelha e a introdução de técnicas de cozimento como fatores fundamentais para a evolução do ser humano.

Na Austrália, há tempos o MLA faz campanhas promocionais embasadas em estudos arqueológicos. Em resumo, de forma provocativa, dizem o seguinte: “Seu cérebro tem esse tamanho e capacidade graças ao consumo de carne vermelha por seus antepassados por milhões de anos. Você vai deixar de comer carne vermelha?”

Devemos consumir carne por ser muito saudável. A carne é um alimento naturalmente rico em nutrientes, com proteína de alta qualidade, ferro, zinco e vitaminas, com elevada bio-disponibilidade. É mais fácil ter uma alimentação saudável e balanceada se você consumir carne bovina, do que se restringir esse alimento de sua dieta. Em crianças, isso é ainda mais importante. Em resumo, carne é saudável, a dose é que faz o veneno.

Outro motivo pelo qual consumimos carne é seu sabor incomparável. A carne bovina é amada por milhares de consumidores em todo o mundo. É motivo de festa. É o prato principal. A reação da platéia ao mostrar uma foto apetitosa de um bife assado foi ótima.

Aumento do consumo mundial

O consumo mundial de carne deve aumentar nos próximos anos, pois o mundo segue tendência de longo prazo de aumento da renda per capita. E a principal mudança no padrão de consumo, de quem sai da pobreza para a classe média é o consumo de alimentos de origem animal. Isso vem acontecendo nos últimos anos e deve continuar pelos próximos 10-20 anos, mesmo que desacelere em 2009, devido a crise mundial.

Tradição e economia

Além de tudo isso, a pecuária é de grande importância para a economia brasileira: exporta só em carne bovina, mais de US$ 5 bilhões por ano, representa mais de 7% do PIB brasileiro e gera milhões de empregos. Há no Brasil, mais de um milhão de fazendas na atividade.

A pecuária está arraigada na história e na cultura brasileira. São quase 500 anos de pecuária. Essa tradição tem seus pontos negativos e positivos. Negativo porque sendo tradicional, geralmente tem mais dificuldade em mudar, em atender às novas demandas da sociedade.

Alguns exemplos de sucesso, hoje, no Brasil

Integração lavoura-pecuária-floresta

Um dos exemplos mais interessantes e promissores para a cadeia da carne são as técnicas de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta. Já existem estudos sendo conduzidos em diversas unidades da Embrapa. Também já há aplicação dessa tecnologia no campo, no mercado, ainda que em pequena escala.

Os ganhos são múltiplos. Maior produtividade da pecuária, mais conforto animal e por conseqüência maior produção. Renda extra com a produção florestal. Para a agricultura, há quebra no ciclo de doenças, gerando melhor a maior produção, além de menor custo com defensivos. Além de tudo, esse sistema produtivo é ambientalmente mais correto. Um ganha-ganha econômico e ambiental.

Acredito que essa é uma área que terá grande estímulo nos próximos anos. Seja por questões econômicas ou por questões ambientais. Ou pelos dois motivos combinados.

Carne orgânica no Pantanal

A produção de carne orgânica no Pantanal do MT e MS é outro exemplo de sucesso, ainda que em pequena escala. Duas associações de produtores, uma entidade certificadora e um frigorífico atuam juntos, produzindo de forma sustentável (econômica, social e ambientalmente), com critérios auditados e certificados.

O que mais chama a atenção, ao se divulgar para o público leigo, é o apoio da WWF a esse projeto. Uma ONG ambientalista internacional promove a produção pecuária, desde que atendendo a uma série de critérios. O WWF acredita que ao apoiar uma iniciativa como essa, está ajudando a preservar o Pantanal.

Aliança da Terra no norte do MT

A Aliança da Terra trabalha com fazendas que hoje totalizam mais de dois milhões de hectares. O objetivo dessa ONG de produtores é unir conservação e produção. Produtores e ambientalistas trabalham em parceria, unindo responsabilidade sócio-ambiental com direito de propriedade, boas práticas agropecuárias com viabilidade econômica.

Estão construindo uma rede de produtores responsáveis. Até o nome da entidade tem seu significado. Aliança remete a compromisso e a casamento. Como todo compromisso, aliança e casamento, inclui direitos e deveres. O produtor tem uma aliança com a terra, com o direito de tirar seu sustento, e o dever de preservá-la.

A Aliança da Terra tem conseguido alguns feitos muito interessantes e inéditos para a pecuária de corte. Suas aparições na mídia de massa, brasileira e global, foram sempre positivas. Há reportagens contando do trabalho e do sucesso dessa ONG, em veículos como a revista Time, Veja e The Economist, além do jornal Financial Times.

Outra área que a AT vem colhendo frutos é nas parcerias de pesquisa. Conta com intercâmbio constante e estreito com o IPAM (Instituto de pesquisa ambiental da Amazônia) e Woods Hole Research Center, dos EUA. Este último teve um de seus principais diretores convidado a integrar a secretaria de meio-ambiente do governo de Barack Obama, se tornando um assessor do novo presidente norte-americano nas questões ambientais e de clima. Projetos em conjunto com entidades respeitadas internacionalmente reforçam a imagem e reputação da pecuária bem feita.

Desmatamento e aquecimento global

O desmatamento é outro tema muito sensível para a pecuária de corte, que sempre é associada de forma negativa. O Brasil tem sido notícia por bater recordes de desmatamento nos últimos anos.

O dado que pouca gente sabe é que o Brasil tem praticamente 70% de sua área de florestas ainda não desmatada, segundo dados da Embrapa Monitoramento por Satélite. Utilizando-se o mesmo critério que mostra que o Brasil desmatou cerca de 30% de suas florestas, a Europa já desmatou 99,7%, ou seja, praticamente tudo.

Isso não precisa servir como um estímulo a mais desmatamento, mas como um forte argumento de que o Brasil deve ter uma posição de liderança e credibilidade no debate mundial sobre o assunto.

Sobre o aquecimento global, a pecuária de corte também tem dados interessantes a divulgar. Segundo o completo levantamento feito por inúmeros pesquisadores, a convite de Sebastião Guedes, do CNPC, a pecuária de corte tem seu balanço de carbono negativo, quando é mal explorada, quando há pastagens pouco produtivas e mal manejadas. Quando se utiliza tecnologia e conhecimento, é possível produzir mais a pasto e mudar o balanço de carbono, tornando a pecuária de corte uma atividade que sequestra carbono.

Conhecimento e comunicação

Tudo isso nos faz acreditar que o maior desafio da pecuária é o conhecimento e a comunicação. Precisamos criar formas de fazer com que essas técnicas e exemplos bem sucedidos sejam multiplicados. É preciso fazer com que novos projetos sejam criados, que unam produtividade com sustentabilidade. A questão chave nesse desafio é a criação e difusão do conhecimento.

Outro ponto que será cada vez mais importante é a necessidade de se comunicar, de se contar o que está sendo feito de bom na pecuária. Ao apresentar a palestra, senti um alívio por parte de muitos na platéia. Pessoas que apreciam carne bovina, que sabem de sua importância nutricional, mas que se sentem pressionadas pela avalanche de notícias negativas, que condenam quem consome carne.

Ao mostrar, em apenas 20 minutos, alguns dados que mostram um outro lado, percebi uma motivadora ressonância dessas ideias junto ao público. Uma prova de que o consumidor muito aprecia um bom churrasco, mas precisa ser cada vez mais municiado de informações que embasem e defendam seu prazer.

Vídeo e slides

A palestra pode ser assistida abaixo, em vídeo não oficial do evento. Os slides também estão disponíveis. Assista, reflita e envie seus comentários de como a pecuária pode divulgar mais intensamente seus casos de sucesso.

24 Comments

  1. Paulo Colavitti Neto disse:

    Prezado Miguel,

    Parabens, é desta forma que realmente vamos conseguir amenizar toda a culpa que quase sempre recai em cima de nosso setor, ou seja, quando não
    é o preço da @, é o preço da carne (no varejo), a ganancia, que sabemos sim existe em alguns casos (mas não se pode generalizar), a inflação, que dizem
    não existir, mais quando precisam de um bode espiatorio, é sempre a Carne Bovina, é só acompanhar os principais meios de comunicação (Tv, Radio e jornais), mas o que na verdade, a fundo do processo total pouca gente tem conhecimento e nesses breve 20 minutos, você deu inicio, ao menos a platéia no evento, a ter uma noção melhor de todo um processo.

    Mais uma vez meus Parabens, e sucesso sempre.

  2. Alexandre Foroni disse:

    Prezado Miguel, parabéns pela palestra.

    São palestras como essa que aos poucos vão fortalecendo a cadeia por completo. Realmente temos vários exemplos muito bons de produção com sustentabilidade.

    E por um lado as crises são boas e importantes, pois peneiram quem realmente está se voltando para isso.

    Parabéns.

  3. Enrico Lippi Ortolani disse:

    Prezado Miguel e companheiros do BeefPoint, acabei de assitir a apresentação no seminário denominado Epicentro. Creio que você se saiu muito bem e colocou com propriedade num pequeno espaço de tempo os principais pontos críticos de ataque à produção e consumo de carne bovina no Brasil.

    Parabéns!

    Prof. Enrico Lippi Ortolani
    Vice Diretor da Fac. Med. Veterinária e Zootecnia da USP
    São Paulo SP

  4. dalton domingos da mata disse:

    Grande Miguel Cavalcanti,

    Mais uma palestra ótima, está de parabéns, o trabalho que você faz pela pecuária de corte é maravilhoso. Ano passado tivemos a honra de assistir a uma palestra dele aqui em Rondonópolis, também excelente.

  5. jucelia silva disse:

    o problema é um só a imprensa só fala o negativo – porque não mostram os verdadeiros poluidores do planeta??
    a carne é extremanente necessaria pro ser humano – a de boi.
    e boi não polui nada.
    gente que não come carne de boi não tem tesão ´- só anda de cabeça baixa – desbotado – sabe porque que brasileiro é pura tesão??? porque come churrasco – é só jogar fora a gordura na hora que for comer e tá tudo certo.

  6. joao batista dantas disse:

    Parabens Miguel da Rocha. se o Brasil tivese mais pecuaristas do seu porte, nós pecuaristas tinhamos outro valor. Precisamos nos unir para sair desse monopólio que o governo brasileiro vem aceitando dos paises mais desenvolvido. e castigando pricipalmente os da região norte.

    Temos que nos unir, só resta isso.

  7. joao batista dantas disse:

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    [25/03/2009]

    Carne bovina: o próximo cigarro? Miguel da Rocha Cavalcanti
    Engenheiro Agrônomo pela Esalq/USP, pecuarista e Diretor de Marketing da AgriPoint

    Na semana passada, na quinta-feira 19 de março, apresentei uma palestra em São Paulo, SP, num evento inédito chamado Epicentro, com o slogan “Ideias que valem a pena espalhar”. O objetivo era reunir palestrantes de diversas áreas em um formato inovador: palestras presenciais curtas de 20 minutos, gravadas e disponibilizadas em vídeo pela internet. Fui convidado a apresentar uma visão otimista e real da pecuária de corte. Aceitei, pois acredito que na linha de “ideias que valem a pena espalhar”, a pecuária tem muito o que contar.

    O tema sugerido pela organização foi “Carne bovina: o próximo cigarro?”. O tema era arriscado, mas válido para despertar o interesse. Uma palestra com dados sólidos, comunicados de forma bem pensada poderia ser uma maneira muito boa de mostrar uma série de pontos positivos da pecuária, que são totalmente desconhecidos do consumidor. Felizmente o resultado foi positivo. Recebi comentários de pessoas que assistiram e gostaram, inclusive pessoas que alegaram ter reduzido, no passado, o consumo de carne bovina, graças a notícias negativas. Apresento aqui um resumo da palestra.

    Os ataques mais comuns contra a carne bovina

    A carne bovina é constantemente relacionada com o aumento do desmatamento, com o aquecimento global, com a epidemia mundial de obesidade, com a má nutrição de crianças. Mostrei uma série de capas de revistas, brasileiras e internacionais, sobre os temas. Em sua maioria, o enfoque dado a pecuária de corte era extremante negativo.

    Porque consumimos carne?

    O consumo de carne está arraigado na cultura mundial e brasileira. Há milhões de anos, a espécie humana consome carne vermelha e isso influenciou positivamente a evolução da nossa espécie. Diversos estudos comprovam a relação do acesso a proteína da carne com a evolução do cérebro humano. Graças ao maior consumo de proteína de alta qualidade, o homem pode desenvolver um cérebro muito maior do que os outros mamíferos.

    Em reportagem recente, a revista inglesa The Economist mostrou um novo estudo que relaciona o consumo de carne vermelha e a introdução de técnicas de cozimento como fatores fundamentais para a evolução do ser humano.

    Na Austrália, há tempos o MLA faz campanhas promocionais embasadas em estudos arqueológicos. Em resumo, de forma provocativa, dizem o seguinte: “Seu cérebro tem esse tamanho e capacidade graças ao consumo de carne vermelha por seus antepassados por milhões de anos. Você vai deixar de comer carne vermelha?”

    Devemos consumir carne por ser muito saudável. A carne é um alimento naturalmente rico em nutrientes, com proteína de alta qualidade, ferro, zinco e vitaminas, com elevada bio-disponibilidade. É mais fácil ter uma alimentação saudável e balanceada se você consumir carne bovina, do que se restringir esse alimento de sua dieta. Em crianças, isso é ainda mais importante. Em resumo, carne é saudável, a dose é que faz o veneno.

    Outro motivo pelo qual consumimos carne é seu sabor incomparável. A carne bovina é amada por milhares de consumidores em todo o mundo. É motivo de festa. É o prato principal. A reação da platéia ao mostrar uma foto apetitosa de um bife assado foi ótima.

    Aumento do consumo mundial

    O consumo mundial de carne deve aumentar nos próximos anos, pois o mundo segue tendência de longo prazo de aumento da renda per capita. E a principal mudança no padrão de consumo, de quem sai da pobreza para a classe média é o consumo de alimentos de origem animal. Isso vem acontecendo nos últimos anos e deve continuar pelos próximos 10-20 anos, mesmo que desacelere em 2009, devido a crise mundial.

    Tradição e economia

    Além de tudo isso, a pecuária é de grande importância para a economia brasileira: exporta só em carne bovina, mais de US$ 5 bilhões por ano, representa mais de 7% do PIB brasileiro e gera milhões de empregos. Há no Brasil, mais de um milhão de fazendas na atividade.

    A pecuária está arraigada na história e na cultura brasileira. São quase 500 anos de pecuária. Essa tradição tem seus pontos negativos e positivos. Negativo porque sendo tradicional, geralmente tem mais dificuldade em mudar, em atender às novas demandas da sociedade.

    Alguns exemplos de sucesso, hoje, no Brasil

    Integração lavoura-pecuária-floresta

    Um dos exemplos mais interessantes e promissores para a cadeia da carne são as técnicas de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta. Já existem estudos sendo conduzidos em diversas unidades da Embrapa. Também já há aplicação dessa tecnologia no campo, no mercado, ainda que em pequena escala.

    Os ganhos são múltiplos. Maior produtividade da pecuária, mais conforto animal e por conseqüência maior produção. Renda extra com a produção florestal. Para a agricultura, há quebra no ciclo de doenças, gerando melhor a maior produção, além de menor custo com defensivos. Além de tudo, esse sistema produtivo é ambientalmente mais correto. Um ganha-ganha econômico e ambiental.

    Acredito que essa é uma área que terá grande estímulo nos próximos anos. Seja por questões econômicas ou por questões ambientais. Ou pelos dois motivos combinados.

    Carne orgânica no Pantanal

    A produção de carne orgânica no Pantanal do MT e MS é outro exemplo de sucesso, ainda que em pequena escala. Duas associações de produtores, uma entidade certificadora e um frigorífico atuam juntos, produzindo de forma sustentável (econômica, social e ambientalmente), com critérios auditados e certificados.

    O que mais chama a atenção, ao se divulgar para o público leigo, é o apoio da WWF a esse projeto. Uma ONG ambientalista internacional promove a produção pecuária, desde que atendendo a uma série de critérios. O WWF acredita que ao apoiar uma iniciativa como essa, está ajudando a preservar o Pantanal.

    Aliança da Terra no norte do MT

    A Aliança da Terra trabalha com fazendas que hoje totalizam mais de dois milhões de hectares. O objetivo dessa ONG de produtores é unir conservação e produção. Produtores e ambientalistas trabalham em parceria, unindo responsabilidade sócio-ambiental com direito de propriedade, boas práticas agropecuárias com viabilidade econômica.

    Estão construindo uma rede de produtores responsáveis. Até o nome da entidade tem seu significado. Aliança remete a compromisso e a casamento. Como todo compromisso, aliança e casamento, inclui direitos e deveres. O produtor tem uma aliança com a terra, com o direito de tirar seu sustento, e o dever de preservá-la.

    A Aliança da Terra tem conseguido alguns feitos muito interessantes e inéditos para a pecuária de corte. Suas aparições na mídia de massa, brasileira e global, foram sempre positivas. Há reportagens contando do trabalho e do sucesso dessa ONG, em veículos como a revista Time, Veja e The Economist, além do jornal Financial Times.

    Outra área que a AT vem colhendo frutos é nas parcerias de pesquisa. Conta com intercâmbio constante e estreito com o IPAM (Instituto de pesquisa ambiental da Amazônia) e Woods Hole Research Center, dos EUA. Este último teve um de seus principais diretores convidado a integrar a secretaria de meio-ambiente do governo de Barack Obama, se tornando um assessor do novo presidente norte-americano nas questões ambientais e de clima. Projetos em conjunto com entidades respeitadas internacionalmente reforçam a imagem e reputação da pecuária bem feita.

    Desmatamento e aquecimento global

    O desmatamento é outro tema muito sensível para a pecuária de corte, que sempre é associada de forma negativa. O Brasil tem sido notícia por bater recordes de desmatamento nos últimos anos.

    O dado que pouca gente sabe é que o Brasil tem praticamente 70% de sua área de florestas ainda não desmatada, segundo dados da Embrapa Monitoramento por Satélite. Utilizando-se o mesmo critério que mostra que o Brasil desmatou cerca de 30% de suas florestas, a Europa já desmatou 99,7%, ou seja, praticamente tudo.

    Isso não precisa servir como um estímulo a mais desmatamento, mas como um forte argumento de que o Brasil deve ter uma posição de liderança e credibilidade no debate mundial sobre o assunto.

    Sobre o aquecimento global, a pecuária de corte também tem dados interessantes a divulgar. Segundo o completo levantamento feito por inúmeros pesquisadores, a convite de Sebastião Guedes, do CNPC, a pecuária de corte tem seu balanço de carbono negativo, quando é mal explorada, quando há pastagens pouco produtivas e mal manejadas. Quando se utiliza tecnologia e conhecimento, é possível produzir mais a pasto e mudar o balanço de carbono, tornando a pecuária de corte uma atividade que sequestra carbono.

    Conhecimento e comunicação

    Tudo isso nos faz acreditar que o maior desafio da pecuária é o conhecimento e a comunicação. Precisamos criar formas de fazer com que essas técnicas e exemplos bem sucedidos sejam multiplicados. É preciso fazer com que novos projetos sejam criados, que unam produtividade com sustentabilidade. A questão chave nesse desafio é a criação e difusão do conhecimento.

    Outro ponto que será cada vez mais importante é a necessidade de se comunicar, de se contar o que está sendo feito de bom na pecuária. Ao apresentar a palestra, senti um alívio por parte de muitos na platéia. Pessoas que apreciam carne bovina, que sabem de sua importância nutricional, mas que se sentem pressionadas pela avalanche de notícias negativas, que condenam quem consome carne.

    Ao mostrar, em apenas 20 minutos, alguns dados que mostram um outro lado, percebi uma motivadora ressonância dessas ideias junto ao público. Uma prova de que o consumidor muito aprecia um bom churrasco, mas precisa ser cada vez mais municiado de informações que embasem e defendam seu prazer.

    Vídeo e slides

    A palestra pode ser assistida abaixo, em vídeo não oficial do evento. Os slides também estão disponíveis. Assista, reflita e envie seus comentários de como a pecuária pode divulgar mais intensamente seus casos de sucesso.

    Epicentro – Carne Bovina: Proximo Cigarro ? – Miguel Cavalcanti
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    Cartas do leitor
    [25/03/2009]
    Paulo Colavitti Neto
    São Paulo – São Paulo – Frigoríficos
    Intercarnes Intermediação e Comercio Ltda – Diretor

    Prezado Miguel,

    Parabens, é desta forma que realmente vamos conseguir amenizar toda a culpa que quase sempre recai em cima de nosso setor, ou seja, quando não
    é o preço da @, é o preço da carne (no varejo), a ganancia, que sabemos sim existe em alguns casos (mas não se pode generalizar), a inflação, que dizem
    não existir, mais quando precisam de um bode espiatorio, é sempre a Carne Bovina, é só acompanhar os principais meios de comunicação (Tv, Radio e jornais), mas o que na verdade, a fundo do processo total pouca gente tem conhecimento e nesses breve 20 minutos, você deu inicio, ao menos a platéia no evento, a ter uma noção melhor de todo um processo.

    Mais uma vez meus Parabens, e sucesso sempre.

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    [25/03/2009]
    Alexandre Foroni
    Pimenta Bueno – Rondônia – Consultoria/extensão
    Método Consultoria Agropecuária LTDA – Zootecnista e Diretor

    Prezado Miguel, parabéns pela palestra.

    São palestras como essa que aos poucos vão fortalecendo a cadeia por completo. Realmente temos vários exemplos muito bons de produção com sustentabilidade.

    E por um lado as crises são boas e importantes, pois peneiram quem realmente está se voltando para isso.

    Parabéns.

    ——————————————————————————–
    [25/03/2009]
    Enrico Lippi Ortolani
    São Paulo – São Paulo – Pesquisa/ensino

    Prezado Miguel e companheiros do BeefPoint, acabei de assitir a apresentação no seminário denominado Epicentro. Creio que você se saiu muito bem e colocou com propriedade num pequeno espaço de tempo os principais pontos críticos de ataque à produção e consumo de carne bovina no Brasil.

    Parabéns!

    Prof. Enrico Lippi Ortolani
    Vice Diretor da Fac. Med. Veterinária e Zootecnia da USP
    São Paulo SP

    ——————————————————————————–
    [25/03/2009]
    dalton domingos da mata
    Rondonópolis – Mato Grosso – Produção de gado de corte
    fazenda da mata – proprietario

    Grande Miguel Cavalcanti,

    Mais uma palestra ótima, está de parabéns, o trabalho que você faz pela pecuária de corte é maravilhoso. Ano passado tivemos a honra de assistir a uma palestra dele aqui em Rondonópolis, também excelente.

  8. thiers rocha disse:

    Prezado Miguel.

    Precisamos de palestras como essa, para difundir a nossa carne vermelha que é tao importante na nossa alimentaçao e na economia brasileira.

    Será preciso uma propaganda mais contudente da carne bovina.

  9. Luiz Ary disse:

    Caro Miguel Cavalcanti,

    Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela ótima palestra e divulgação dos projetos de sucesso da pecuária brasileira, pois infelizmente as pessoas tem maior habilidade de crítica, do que, de elogios.

    Acredito que o consumidor de carnes está cada vez mais preocupado com os efeitos da produção de carne no Brasil, em relação ao meio ambiente, e a sustentabilidade em geral.

    Neste mês, passando em viagem por Curitiba, tive a oportunidade de conhecer o recém inaugurado Mercado de Orgânicos de Curitiba, onde visitei o primeiro açougue orgânico certificado do Brasil, lá encontrei a linha de carnes orgânicas que você comentou na palestra, que diga-se de passagem é de um sabor exelente, e o melhor de tudo, totalmente sustentável.

    Já estou atrás de uma certificadora para iniciar o processo de certificação da minha propriedade, pois passei a acreditar muito no conceito do orgânico, e creio que o consumidor brasileiro seguirá o exemplo dos consumidores dos países mais desenvolvidos.

  10. wallace santos disse:

    Meus cumprimentos ao Miguel,

    Precisamos unir esforços contra a desmoralização desta classe feita de gente desbravadora, corajosa e empreendedora. Parece haver uma corrente fortíssima achando que nosso país precisa ser a nova “europa” da revolução industrial, mas se esquecem de que, até a Europa e outros países, precisam comer.

    Essa terra é nossa, e sua vocação é sim, alimentar uma grande parcela do mundo em que vivemos, respeitando o meio ambiente e os recursos naturais, mas sem esteriótipos e campanhas como esta.

    Parabéns e força minha gente.

  11. Paulo Mustefaga disse:

    Prezado Miguel,

    Parabéns por expor uma síntese de questões tão complexas de uma forma tão objetiva e de fácil comunicação.

    Precisamos difundir melhor estas idéias para diminuir os preconceitos que existem em relação a um setor tão importante como o da pecuária de corte. É um trabalho difícil, mas iniciativas como essa e como o trabalho que tem sido feito pelo Dr. Sebastião Guedes, do CNPC, contribuem para melhorar a imagem da pecuária, acabar com mitos, e quem sabe contribuir para a discussão e aprovação de políticas públicas mais adequadas à realidade do setor.

    Um abraço,
    Paulo Mustefaga
    Assessor Técnico

  12. Luiz Carlos Santos Caetano disse:

    Precisamos de uma campanha de esclarecimento e marketing nos veículos de comunicação de massa sobre os benefícios e a necessidade do consumo da carne bovina. Do jeito que a coisa anda daqui a pouco vão falar que água faz mal.

  13. Luiz Carlos Dias disse:

    Caro Miguel,

    Excelente trabalho. O caminho é esse. Falamos e julgamos sem conhecimento de causa. Tomamos decisões na base do conhecimento empirico (e Brasília é mestre nessas construções). Os consumidores, por sua vez, de tanto ouvirem um só canal passam a acreditar que existe uma única verdade. E os produtores também não potencializam as tecnologias disponíves.

    E que esses projetos de sustentabilidade que mencionaste sejam divulgados. Querer é poder.

    Grande abraço,

  14. jose henrique lima fanelli disse:

    Parabens pela palestra, é de pessoas asssim que nos da pecuaria precisamos, que nos traz informaçoes concretas relacionadas ao nosso meio, e que nós podemos estar sempre atualizados, mas uma vez parabens e um grande abraço.

  15. Leonardo Guimarães de Oliveira disse:

    Parabéns Miguel:

    Mais uma vez assisti uma excelente apresentação sobre as questões referentes à pecuária de corte brasileira, onde você mostra com muita clareza, simplicidade e objetividade os pontos que temos a melhorar na nossa cadeia produtiva.

    Precisamos difundir mais estes trabalhos de desmistificação que envolve a pecária brasileira e começarmos a apresentar as melhorias para os produtores para começarem a aprimorar as técnicas de produção e alavancar o crescimento do nosso setor, pricipalmente nestes tempos de crise mundial.

    Parabens pela palestra e continue com esta iniciativa.

  16. Rândala coelho de Oliveira figueiredo disse:

    Prezado Miguel,

    Parabéns por expor tão bem este assunto, que hoje para muitos é um bicho de sete cabeças. São mitos horríveis que acabam prejudicando a pecuária de corte do nosso país.

    Precisamos mesmo de tabalhos assim e com maior divulgação dos mesmos, tanto para o produtor se aperfeiçoarem na atividade e perceber que temos novos caminhos a não ser do extrativismo como também para o consumidor que é o alvo do mercado, já que são eles que consomem este produto.

    Parabéns pela palestra.

  17. Fernando Sampaio disse:

    Colegas, fui convidado a escrever no blog do II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade.
    Minha primeira contribuição já está no ar e foi justamente sobre o que o Miguel está falando.
    O texto pode ser acessado aqui:

    http://www.comunicacaoesustentabilidade.com/blog/

    Por favor acessem e participem da discussão!
    E me ajudem a não apanhar muito.

  18. Thales dos Anjos de Faria Vechiato disse:

    Miguel,

    Excelente o tipo de abordagem e o enfoque da palestra na qual tive o prazer de assistir. Realmente hoje a mídia é a maior promotora do aquecimento global, e em nenhum momento revelando dados referentes aos demais países do mundo.

    Parabéns pela apresentação e artigo.

    Um forte abraço a equipe Beefpoint,

    Thales

  19. Marco Aurélio Vasconcelos disse:

    Prezado Cavalcanti,

    A carne como alimento é fundamental para o ser humano, não somos herbívoros e necessitamos do consumo de carne para nosso desenvolvimento.
    Acredito que a divulgação da cadeia da carne e o estímulo ao consumo deva ser realizado, não ignorando os riscos do consumo excessivo e da ingestão da gordura presente na carne.
    Uma grama de gordura ingerida produz 9Kcal, enquanto que o carboidrato e a proteína produzem 4 Kcal, portanto a gordura é mais calórica e está mais relacionada a produção da obesidade. A propaganda negativa da carne está relacionada a ingestão de gordura e ao preparo da carne. Existem outros aspectos relacionados aos vegetarianos e por questões religiosas não ingerem carne. Vemos que a medida que os povos asiáticos experimentam o sabor da carne bovina, aumenta mais o consumo, associado também ao aumento do poder aquisitivo.
    Talvez alguns desses caminhos possam ser aproveitados para divulgarmos melhor o consumo de carne:
    – devemos exaltar o consumo de carne de novilho precoce, que apresenta carne mais tenra e de menor quantidade de gordura.
    – estimular o consumo saudável da carne, como um alimento fundamental ao desenvolvimento humano.
    – porque não estimular o consumo associado com outras carnes, como peixe.
    – quanto a questão energética e do desmatamento, sabe-se que a Europa desmatou 99% de suas florestas, mas isto não justifica continuarmos desmatando para abrirmos mais a fronteira agropastoril. Isto é uma realidade e qualquer argumentação contrária é equivocada. Não podemos justificar nossos equívocos atuais, usando como parâmetro a história.

    Um abraço

    Marco Aurélio

  20. Eloísa Muxfeldt Arns disse:

    Caro Miguel,

    Criei meus dois filhos Odilo e Otávio consumindo carne bovina no mínimo cinco dias na semana. Estão fortes e saudáveis! Tenho certeza que meus netos também serão consumidores de proteina vermelha pelo simples fato de que é um alimento indicado para nossa espécie.

    Reitero as palavras do conterrâneo Marco Aurélio: não somos herbívoros. O que falta na forma de nos alimentar é parcimônia. Aliás, não só na alimentação, em nossa vida como um todo! E bom senso.

    Para quebrar paradigmas (integração lavoura-pecuária-floresta), para esquecer vaidades (Carne Orgânica no Pantanal) e trabalhar para o bem comum (Aliança da Terra), algumas pessoas foram além, vislumbraram algo diferente do que temos hoje. Que nos sirvam de exemplos. Assim como o sucesso de tua participação no evento.

    A tua idéia Miguel, vale a pena espalhar.

    Abraço e parabéns.

  21. Julio Cesar Alencastro Veiga disse:

    Miguel, parabéns pela brilhante apresentação. Quando vejo alguém defendendo de forma tão consistente e bacana o nosso setor fico cada vez mais motivado e alegre por fazer parte desta cadeia de produção.

    Continue assim.
    Obrigado.

  22. Maurício Prestes Bragagnollo disse:

    Prezado Miguel, parabéns pela maravilhosa apresentação e acima de tudo pela grande e inteligente idéia a respeito do tema e do título escolhido. Como é bom saber que existem pessoas que acreditam, defendam e apoiam a nossa pecuária que sustenta a grande maioria da nossa população, que matam a fome e ainda repreendem nossa pecuária, são pessoas como você que a pecuária de corte precisa.

    Parabéns!

  23. naves jose bispo disse:

    Parabéns, muito clara e bem colocada suas posições, fato complicado devido a amplitude do tema, são situações peculiares e complexas, unir fatos, dados, boas ideias, não é lá uma tarefa muito fácil, mas acredite, o fez com muita propriedade.

    Continue sobretudo sem se contaminar com ideias que afastam o debate do ideario técnico, fugindo do foco central que são saídas inteligentes, limpas, mas acima de tudo viáveis.

  24. Covis Resende de Souza Mendes disse:

    Grande Miguel Cavalcanti,

    Simplesmente parabens, por essa forma versatil de defender nossa cadeia produtiva nacional de maneira tecnica/sustentavel.

    Perfeito, siga em frente!

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