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11 de dezembro de 2025

Carne bovina puxa inflação na Argentina em novembro e expõe desafio persistente no país

A inflação de novembro na Argentina voltou a subir levemente, impulsionada principalmente pelo aumento nos preços da carne bovina, um dos alimentos mais simbólicos e mais consumidos do país. Embora o governo siga implementando um rígido programa de austeridade para controlar os preços, o impacto da carne mostrou que seu peso cultural e econômico continua decisivo nos índices mensais.

Segundo uma pesquisa da Reuters com especialistas, realizada entre 3 e 9 de dezembro, a elevação do custo da carne foi o principal fator que levou a inflação mensal estimada para 2,4% em novembro, ligeiramente acima dos 2,3% registrados em outubro. O dado oficial será divulgado pelo INDEC na quinta-feira.

Economistas afirmam que os preços da carne vêm subindo desde outubro, mas se aceleraram significativamente em novembro. Para a consultoria C&T Asesores Económicos, esse movimento reforça o papel central da carne bovina na formação da inflação argentina. Mesmo com uma pequena queda no consumo nos últimos anos, o produto permanece no centro da dieta nacional, influenciando de forma direta o comportamento dos índices de preços.

Pratos tradicionais como bife, milanesa e o famoso asado continuam a ocupar espaço nas mesas argentinas e nos restaurantes, tornando a carne um item altamente sensível para o bolso da população. Quando os preços sobem de forma generalizada — abrangendo diferentes cortes e categorias — a pressão inflacionária aparece rapidamente.

A C&T destacou ainda que o aumento do índice geral teria sido maior não fosse por descontos online aplicados em diversos produtos no mês, que ajudaram a aliviar parte da pressão provocada pelos alimentos, especialmente a carne.

Apesar da influência do setor bovino sobre o dado mensal, a inflação anual segue em trajetória de queda. A projeção dos analistas aponta para 30,9% em novembro, contra 31,3% em outubro. Se confirmado, será o 19º recuo consecutivo desde o pico histórico de 289,4% em abril de 2024 — e o menor índice anual desde junho de 2018.

Especialistas atribuem a desaceleração estrutural aos esforços do governo de Javier Milei, que tem mantido forte disciplina fiscal em sua tentativa de estabilizar os preços e reequilibrar o orçamento. O processo, porém, tem sido marcado por turbulências políticas e volatilidade nos mercados.

Mesmo assim, o caso de novembro evidencia que, para além das políticas econômicas, a carne bovina continua sendo um componente-chave e imprevisível na equação inflacionária argentina — capaz de mover os índices para cima sempre que sofre pressão no mercado interno.

Fonte: Invezz, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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