Com a escassez de boi gordo em vários estados brasileiros, o preço da arroba vem sendo valorizado nas últimas semanas. No último mês, a arroba do boi se valorizou 10,3%, atingindo R$ 48,00 em São Paulo, apuraram as consultorias FNP e Scot.
Em Goiás os produtores não acreditam em ganho real por causa das oscilações do dólar, que fizeram o produto atingir o menor valor dos últimos anos. Mas a expectativa é de alta para os próximos meses, devido à falta de animais no mercado, que deve se intensificar a partir de agora.
Já em Mato Grosso do Sul, espera-se elevação de preço para as próximas semanas, pois, com a melhora das pastagens devido às chuvas, os pecuaristas devem segurar o boi no pasto e o gado de confinamento e semi-confinamento não deve chegar ao mercado antes da segunda quinzena de agosto.
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A entressafra e o atraso na entrada de gado de confinamento motivaram a alta no mês, mas na semana passada a valorização do dólar ante o real também levou o criador a reter gado, segundo os analista da FNP, José Vicente Ferraz, e da Hencorp Commcor, Sérgio Penteado. “Os frigoríficos devem continuar pulando dias de abate”, completou o consultor da Scot, Alcides Torres.
Segundo Ferraz, apesar do dólar mais barato, o criador deve seguir restringindo as ofertas de gado, um ativo seguro em tempos de turbulência. Mas Penteado acredita que a oferta deve melhorar. A opinião é a mesma da área de compras do Bertin.
Para Ferraz, o comportamento do consumo pode limitar a alta. Na sexta, o atacado ficou estável em São Paulo: R$ 3,40 para o traseiro e R$ 2,40 para o dianteiro.
Goiás
O pequeno aumento de preço da carne bovina, verificado no mercado atacadista nos últimos dias, não garante ganhos reais ao pecuarista goiano. Ao contrário, com as oscilações na cotação do dólar, o produto atinge o menor valor dos últimos anos.
O preço histórico da arroba do boi gordo no Brasil varia entre 19 e 22 dólares. Nesse nível, o pecuarista deveria estar recebendo hoje em torno de R$ 60,00 pelo produto. Mesmo considerando o comportamento mais comedido da cotação do dólar, em torno de R$ 2,80, que é o nível mais comumente aceito hoje, a arroba bovina ainda vale bem menos que o preço histórico. A cotação seria de 15,30 dólares atualmente.
Perspectivas
O assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária para a área de pecuária, Luís Alberto Belchior, acredita que o cenário poderá ser melhor nos próximos meses. Isso porque os negócios futuros na Bolsa de Mercadorias & Futuros está sinalizando valorização da carne bovina a partir de outubro. Além disso, a oferta tende a se reduzir a partir de agora, já que os animais de pasto se tornam mais escassos e os confinados só estarão prontos para abate dentro de 60 dias.
Contribui para isso a baixa oferta de animais rastreados para cumprimento dos contratos de exportação. Como eles ainda são poucos, há uma tendência natural do animal rastreado ser pago por melhor preço, o que puxa as cotações dos produtos comuns.
Para Belchior, no atual cenário de incertezas políticas e seus reflexos na economia, as pessoas tendem a manter aqueles patrimônios que se apresentam como mais seguros. O boi no pasto é um exemplo, principalmente se o animal ainda não chegou a ponto de abate. Melhor ter animais na invernada, com liquidez garantida quando for preciso, que apostar em ativos de risco como dólar, bolsa e investimentos financeiros.
Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul o preço da arroba subiu para R$ 45 com possibilidade de novas altas nesta semana por conta da escassez de oferta de gado nos frigoríficos. Com a previsão de que, durante toda a primeira quinzena deste mês, não cheguem ao mercado os rebanhos de confinamento e semiconfinamento, a expectativa é de mercado altista nesta e na próxima semana.
“Hoje não tem boi na praça”, afirmava na sexta-feira (02) o consultor Júlio Brissac ao dizer que o preço da arroba chegaria a R$ 44 e até a R$ 45 na região de Três Lagoas, Dourados e próximo à fronteira do Paraná. Em Campo Grande, na sexta-feira, as vendas estavam sendo fechadas na faixa dos R$ 43 e, eventualmente, em R$ 45.
A expectativa, segundo o consultor pecuário, é que, com as chuvas e o início da recuperação das pastagens, mesmo que gradual, o pecuarista fique motivado a continuar segurando o pouco gado que tem para vendê-lo por melhores preços.
O que pode representar um freio nessa escalada do preço da arroba é uma possível queda no consumo por conta do preço do frango neste início de agosto, quando, normalmente, os supermercados fazem promoções com o produto. Sem contar que as altas no preço do boi na semana passada já estão influenciando o preço da carne na ponta da cadeia, ou seja, para o consumidor. Contudo, o consumo da carne bovina pode cair, influenciando negativamente as escalas de abate dos frigoríficos. Neste caso, o preço da arroba se estabilizaria por volta dos R$ 45 ou subiria um pouco mais.
No mercado futuro, os contratos de boi gordo fecharam em baixa sexta-feira. Os operadores acham que os compradores esperam novas altas nos indicadores da Bolsa de Mercadorias e Futuro para operar com mais segurança no mercado.
Fonte: O Popular/GO, Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha e Giuliano Ventura) e Correio do Estado/MS (por Maurício Hugo), adaptado por Equipe BeefPoint