O secretário geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe Brasil, Michel Alaby, informou que a Argélia abriu seu mercado para a carne bovina brasileira. Segundo Alaby, o país árabe mantinha restrições sanitárias ao produto brasileiro que foram solucionadas. “Apesar da abertura, nenhum frigorífico se dignou a ir vender carne na Argélia. A Câmara, no entanto, participará de uma feira e levará o catálogo de carnes brasileiras para que haja comércio maior com os países”, diz Alaby.
Segundo o secretário, o potencial da região é muito grande. A Arábia Saudita, por exemplo, importou no ano passado US$ 65 milhões em carne bovina, sendo que 80% do total foi proveniente do Brasil. “Além disso, o Egito comprou, em 2002, US$ 233 milhões, sendo que do Brasil foram US$ 62 milhões”.
Parte da carne brasileira que entra na região é por intermédio de países da Europa, que compram do Brasil e vendem para os países árabes. “Os árabes querem comprar direto, pois comprando da Europa existe um aumento no valor do produto”, diz.
Apesar da expectativa de um crescimento de 20% em 2003 para as exportações de carne bovina para os países árabes, a carne brasileira ocupa espaço pequeno nos 22 países que fazem parte do bloco.
As importações anuais de carne bovina dos países da região movimentam US$ 3 bilhões e a expectativa é que o Brasil exporte este ano apenas US$ 186 milhões, o que significa uma participação de apenas 6,2% do mercado árabe.
Os principais concorrentes do Brasil na região são Austrália e Nova Zelândia. Os australianos possuem participação de 20% do mercado árabe, enquanto os neozelandeses possuem uma fatia de 15%.
“Os australianos podem perder um pouco desse mercado porque os árabes evitarão consumir produtos dos EUA, por terem invadido o Iraque, e também de seus aliados. Nesse caso, a Austrália deu seu apoio ao governo norte-americano”.
Novo catálogo
Depois de passar toda sua história vendendo carne baseado no catálogo de cortes da Austrália, o Brasil lança o seu próprio catálogo de carnes, com 138 amostras entre cortes e miúdos de boi. “A necessidade de padronizar os cortes do Brasil aumentou conforme o País aumentou suas exportações de carne. Os embarques passaram de US$ 500 milhões para US$ 1,2 bilhão em pouco tempo”, afirma Edvar Vilela de Queiroz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
O catálogo de cortes do Brasil foi uma iniciativa do programa de promoção da carne brasileira no exterior, Brazilian Beef, que foi criado em 2001 e recebeu um investimento total de R$ 5 milhões. “O catálogo envolve todos os elos da cadeia, desde governo, setor público e produtivo. Isso tem um grande significado pois os dois últimos dificilmente entravam em um acordo para qualquer coisa”, afirma Edvar Queiroz.
A utilização do catálogo de cortes do Brasil ainda levará algum tempo para ser utilizado de forma expressiva entre frigoríficos, seus clientes e os pecuaristas. “Passamos nossa história utilizando o catálogo australiano. Vamos levar algum tempo para substituir essa tradição”, afirma Ênio Marques, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Segundo Antônio Camardelli, diretor da Abiec, o catálogo de carnes que passará a ser utilizado é uma modernização das regras de padrão existentes no Ministério da Agricultura. “O ministério tem um livro que serve para disciplinar os cortes existentes no Brasil. O novo catálogo tem um caráter comercial e vem aperfeiçoar o documento do ministério da Agricultura”, afirma.
Na primeira tiragem do catálogo foram impressos 2 mil exemplares, a serem distribuídos nas embaixadas de todos os países com que o Brasil possui alguma relação comercial.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inacio), adaptado por Equipe BeefPoint