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Carne com preços instáveis faz frigoríficos tentarem recuo

Nesta semana o mercado do boi demonstrou certa estabilidade quanto aos preços. Em muitas praças foi registrado um sobe e desce de preços, com pouco negócios efetivados. Desanimados com os preços da carne - que não acompanharam as altas da arroba - e o fantasma da diminuição do consumo, os frigoríficos tentaram forçar recuos e não fizeram muita questão de comprar grandes volumes.

Nesta semana o mercado do boi demonstrou certa estabilidade quanto aos preços. Em muitas praças foi registrado um sobe e desce de preços, com pouco negócios efetivados. Desanimados com os preços da carne – que não acompanharam as altas da arroba – e o fantasma da diminuição do consumo, os frigoríficos tentaram forçar recuos e não fizeram muita questão de comprar grandes volumes.

O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 94,24/@, variação positiva de 0,13%. O indicador a prazo apresentou valorização de 0,18%, sendo cotado nesta quinta-feira a R$ 95,60/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


De acordo com o InfoMoney, o dólar fechou com variação muito próxima à estabilidade na sessão desta quinta-feira (10), reagindo a forças opostas. Se por um lado os mercados engataram uma recuperação no período da tarde, dando fôlego à entrada de recursos no País, por outro as incertezas quanto à saúde da economia mundial, e principalmente da norte-americana, pesaram sobre o humor de investidores.

Com o dólar apresentando variação positiva de 0,81%, na semana, o boi gordo em dólares recuou para US$ 58,39/@, indicando uma queda de 0,67%. Em relação ao mesmo período do ano passado, a cotação atual é 81,68% superior. No dia 10 de julho de 2007, a arroba do boi gordo valia US$ 32,14. Esta apreciação do Real frente ao Dólar tem preocupado os frigoríficos exportadores, que com boi caro e Dólar desvalorizado estão perdendo competitividade no mercado internacional.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista em R$ e em US$


O mercado físico teve uma semana de lentidão, com os frigoríficos tentando segurar as cotações do boi gordo. Os compradores demonstraram pouco apetite nas compras e seguem aguardando melhor definição do mercado de carne, que trabalha com preços pouco animadores.

Da parte da oferta, o volume de animais terminados e disponíveis para abate é pequeno na maioria das regiões. Em algumas praças existe uma quantidade um pouco maior de animais ofertados, talvez o final do boi da “safra”, que está sendo desovado agora que as pastagens já secaram. O que se observa no mercado é que os frigoríficos que aceitam pagar mais conseguem comprar um volume maior, mas logo recuam os preços e o mercado trava. Assim as escalas continuam girando entre 4 e 5 dias na maioria das praças.

O confinamento que é uma esperança de melhoria na escalas para muitos parece que não trará tanto alívio. Em reportagem da Gazeta Mercantil, Juan Carlos Lebron, diretor de operações da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), diz que, de fato, o confinamento não terá expansão em relação a 2007. Não por causa do custo de produção mais alto, mas porque simplesmente não há oferta de boi magro no mercado. “Não tinha animal magro, se não o confinamento aumentaria. Temos ganho de escala quando temos mais animais confinados”, explica Lebron.

Na reposição, a oferta continua restrita em todo o Brasil e os preços seguem firmes. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 753,97/cabeça, nesta quinta-feira, registrando alta de 0,55% (+ R$ 4,12). Com o preço do bezerro subindo mais do que o do boi gordo, a relação de troca recuou para 1:2,06.

A margem bruta na reposição também recuou ficando em R$ 800,99. A margem bruta é o montante que sobra para o pecuarista após ele vender um boi gordo de 16,5@ e comprar um bezerro para repor o rebanho. Apesar do recuo, hoje a margem bruta ainda está 40,11% maior do que no mesmo período do ano passado, quando era calculada em R$ 571,71.

Segundo Rodrigo Crespo, da Casarão Remates, de Pelotas/RS, “o mercado de reposição não acompanhou a subida do gado gordo, pois encontrava-se já em alta, permanecendo aquecido para categorias de vacas de invernar e novilhos acima de 300 kg. Acredito na permanência das cotações, tanto para o gordo, como para reposição, a única ressalva será a continuidade na aquisição de ventres, estes sim, terão valorização acima do mercado nesta primavera”. Ele informa que na região o terneiro é negociado de R$ 2,70 a R$ 3,00 por quilo vivo.

Régis Silva Vitória comenta que no sul de Goiás os bezerros desmamados (180 kg) são negociados a R$ 620,00/cabeça e o preço do boi magro gira em torno de R$ 950,00 a R$ 1.000,00.

No atacado da carne bovina, segundo o boletim Intercarnes, as ofertas se acentuaram neste meio de semana. Situação que pode ser entendida como o reflexo da demanda irregular e fraca, contrariando as expectativas. Os preços seguem mais instáveis e oscilantes em comparação com a semana passada.

O traseiro está cotado em R$ 6,00, o dianteiro em R$ 5,00 e a ponta de agulha em R$ 4,50. O equivalente físico foi calculado em R$ 81,23/@, registrando recuo de 1,58% na semana. O spread (diferença) entre o indicador de boi gordo e o equivalente subiu para R$ 13,02/@, valor acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 7,07/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor será a margem bruta dos frigoríficos.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


O mercado futuro segue trabalhando abaixo do indicador Esalq/BM&F e oscilando bastante. Com exceção do primeiro vencimento, julho/08, que fechou a R$ 93,82/@, registrando alta de R$ 0,43 na semana, todos os vencimentos apresentaram baixas. Os contratos com vencimento em outubro/08 recuaram R$ 2,45 nesta semana, fechando a R$ 92,00/@ nesta quinta-feira. A maior variação foi registrada para os contratos de dezembro/08, -R$ 2,70, que fecharam a R$ 91,75/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 02/07/08 e 10/07/08

0 Comments

  1. Alberto Baggio Neto disse:

    Indo na contramão do Atacado da carne, aqui em Maringá (PR) um grande varejista aumentou esta semana em 13,42% o preço da picanha. É preciso acompanhar os preços no varejo que estão subindo semanalmente, dando suporte para que os frigoríficos não diminuam suas margens de lucro.

  2. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Fala se muito em união de frigorificos com pecuaristas, mas oque vemos é um jogo de interesse cada vez maior, no qual seguem em direção opostas, sempre que melhora a situação para os pecuaristas, estão eles, os frigorificos, diminuindo o apetite de compra, buscando animais em outras praças, dando férias coletivas, repassando o aumento de preço aos consumidores, fazendo confinamentos próprios, classificando cada vez mais as carcaças.

    Acostumaram a ganhar muito. Nós pecuaristas queremos oferecer um animal bem tratado, bem acabado a um preço mais baixo, e os consumidores querem segurança alimentar, qualidade e preço acessível, fazer um bife no almoço de cada dia e um churasco no fim de semana, ou seja o pecuarista e o consumidor tem os mesmos anseios, mas existe os frigorificos no meio com vontade de ganhar e mandar no mercado bovino, alguma coisa esta errada, o que podemos afirmar é que a desunião entre os pecuaristas esta acabando e que antes tinhamos um exesso de bezerros e hoje só vamos produzir o que podemos acabar, engordar.

  3. Elisiário Alves de Toledo disse:

    Leio diariamente o BeefPoint, me sinto dentro do mundo dos negócios e sempre aprendendo alguma coisa sobre a pecuária.